Rhodiola Rosea: Uma Abordagem Integrativa no Desempenho Físico e Mental
Introdução
A Rhodiola rosea, uma planta adaptógena, tem sido amplamente estudada por suas propriedades que modulam a resposta do organismo ao estresse, tanto físico quanto mental. Reconhecida por diversos nomes populares, como Rosavin e Raiz Dourada, a espécie se destaca na fitoterapia devido aos seus compostos bioativos concentrados no rizoma e nas raízes.
Nomenclatura e Composição
- Nome Científico: Rhodiola rosea
- Nomes Populares: Rosavin; Raiz rosa (Rosenroot); Rizoma de rhodiola (Rhodiola Rhizome); Raiz dourada (Golden Root); Raiz ártica (Arctic Root); Rhidola.
- Parte Utilizada: Rizoma e raízes.
- Compostos Bioativos Principais: Rosavina (Rosavin), Salidrosídeos (Salidroside), Rosiridin, Tirosol, Triandrina.
Principais Indicações Clínicas
A Rhodiola rosea é indicada para diversas condições, abrangendo aspectos cognitivos, desempenho físico e o manejo de distúrbios relacionados ao estresse.
Cognição
Estudos sugerem que a Rhodiola rosea pode impactar positivamente a função cognitiva, embora mais pesquisas sejam necessárias para estabelecer doses e indicações específicas.
Fadiga e Estresse
A Rhodiola rosea é amplamente reconhecida por suas propriedades adaptógenas, sendo utilizada no manejo da fadiga e do estresse.
- O produto tradicional fitoterápico Fisioton 400 mg (Aché), padronizado em 2-4% de rosavina, é indicado para demandas físicas e mentais excessivas, que resultam em fadiga, cansaço e redução do desempenho.
- Em um estudo, a administração de 170 mg (equivalente a 4,5 mg de salidrosídeos) por 14 dias demonstrou melhora no desempenho laboral (8).
- Outro estudo observou melhora no quadro de fadiga associada ao estresse com a dose de 576 mg (16 mg de salidrosídeos) por 28 dias (8).
Efeitos no Exercício Físico
A Rhodiola rosea parece possuir propriedades ergogênicas e adaptógenas, com potenciais benefícios no desempenho esportivo.
- Em pesquisas focadas no treinamento de força, a suplementação com Rhodiola rosea resultou em aumento da força e potência muscular quando administrada pouco antes do treino (1).
- Diversos estudos indicaram que a Rhodiola rosea pode diminuir a Taxa de Esforço Percebido (RPE) durante o exercício (2, 3, 4).
- No contexto do treinamento aeróbio, alguns estudos sugeriram que a Rhodiola rosea é capaz de reduzir a fadiga e otimizar a velocidade (4, 5).
- Embora esses resultados sejam promissores, são necessários mais estudos para a recomendação de doses específicas da Rhodiola rosea para a melhoria do desempenho no exercício.
Compulsão Alimentar
Um estudo pré-clínico realizado em ratos demonstrou que o extrato de Rhodiola rosea (padronizado em 3% de rosavina e 3,12% de salidrosídeo), administrado nas doses de 10 ou 20 mg/kg antes da ingestão alimentar, resultou em uma redução da compulsão alimentar. A dosagem mais elevada se mostrou mais eficaz (9).
Suplementação
A padronização da suplementação de Rhodiola rosea é crucial para garantir a eficácia e a segurança.
- A padronização comum varia entre 1-5% de salidrosídeos.
- Outra padronização frequente é de 2-4% de rosavina, podendo ser combinada com 1% de salidrosídeos.
- A dosagem pode variar até 340 mg duas vezes ao dia por 12 semanas, não devendo exceder 680 mg diários.
- A Rhodiola rosea é frequentemente referida como SHR-5 em pesquisas.
- Para uso preventivo diário contra a fadiga, doses tão baixas quanto 50 mg têm sido relatadas como eficazes.
- Para o uso agudo no manejo da fadiga e do estresse, a faixa de dosagem observada é de 288-680 mg.
- Devido à resposta em forma de sino da Rhodiola rosea (onde doses excessivas podem ser ineficazes), é recomendado não exceder a dosagem de 680 mg.
Mecanismos de Ação
Os mecanismos pelos quais a Rhodiola rosea exerce seus efeitos são complexos e ainda não totalmente elucidados.
- A planta é conhecida por sua capacidade de atenuar o estresse psicológico e a ansiedade.
- Estudos in vitro indicam que a Rhodiola rosea interage com a sinalização de resposta ao estresse celular, sugerindo benefícios tanto em nível celular quanto sistêmico (6).
- Os efeitos antiestresse da Rhodiola rosea podem ser parcialmente atribuídos à sua capacidade de atenuar a liberação de cortisol em condições de estresse (6).
Efeitos Adversos e Contraindicações
A Rhodiola rosea é geralmente considerada segura em períodos de curta a moderada duração (meses a um ano) e em doses moderadas, com poucos ou nenhum efeito colateral.
- Contraindicações:
- Crianças menores de 12 anos.
- Gestantes.
- Lactantes.
- Pacientes com doença hepática e renal.
- Efeitos Adversos Raros: Embora incomuns, alguns estudos relataram tontura, boca seca e dor de cabeça em um pequeno número de participantes (7, 8).
Referências Bibliográficas
- Liu, C. et al. Synergistic Effect of and Caffeine Supplementation on the Improvement of Muscle Strength and Muscular Endurance: A Pilot Study for Rats, Resistance Exercise-Untrained and -Trained Volunteers. Nutrients, v. 15, n. 3, p. 531, 22 jan. 2023.
- Duncan, M. J.; Clarke, N. D. The Effect of Acute Rhodiola rosea Ingestion on Exercise Heart Rate, Substrate Utilisation, Mood State, and Perceptions of Exertion, Arousal, and Pleasure/Displeasure in Active Men. J Sports Med (Hindawi Publ Corp), 2014.
- Yao, L. et al. Effects of Rhodiola Rosea Supplementation on Exercise and Sport: A Systematic Review. Front Nutr., v. 9, p. 869401, 7 abr. 2022.
- Noreen, E. E. et al. The effects of an acute dose of Rhodiola rosea on endurance exercise performance. J Strength Cond Res., v. 27, n. 3, p. 839-847, mar. 2013.
- De Bock, K. et al. Acute Rhodiola rosea intake can improve endurance exercise performance. Int J Sport Nutr Exerc Metab., v. 14, n. 3, p. 302-312, jun. 2004.
- Panossian, A.; Hambardzumyan, M.; Hovhanissyan, A.; Wikman, G. The adaptogens rhodiola and schizandra modify the response to immobilization stress in rabbits by suppressing the increase of phosphorylated stress-activated protein kinase, nitric oxide and cortisol. Drug Target Insights., v. 2, p. 39-54, 2007.
- Bystritsky, A.; Kerwin, L.; Feusner, J. D. A pilot study of Rhodiola rosea (Rhodax) for generalized anxiety disorder (GAD). J Altern Complement Med., v. 14, n. 3, p. 323-326, mar. 2008.
- Ishaque, S.; Shamseer, L.; Bukutu, C.; Vohra, S. Rhodiola rosea for physical and mental fatigue: a systematic review. BMC Complement Altern Med., v. 12, p. 70, 29 maio 2012.
- Cifani, C. et al. Effect of salidroside, active principle of Rhodiola rosea extract, on binge eating. Physiol Behav [Internet], v. 101, n. 5, p. 555-562, dez. 2010. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0031938410003227.