As Emoções na Terapia Cognitivo-Comportamental


As Emoções na Terapia Cognitivo-Comportamental


Introdução

As emoções desempenham um papel central na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), influenciando profundamente o bem-estar e a capacidade funcional dos indivíduos. Compreender e regular as emoções é um pilar fundamental para a recuperação e o desenvolvimento da resiliência.


A Relevância das Emoções Negativas

As emoções negativas intensas podem ser incapacitantes, dificultando o raciocínio claro, a resolução de problemas, a ação eficaz e a obtenção de satisfação, o que, por sua vez, impede a concretização de objetivos. Indivíduos com transtornos psiquiátricos frequentemente experimentam emoções com intensidade ou inadequação desproporcionais à situação. (1)

Contudo, é crucial reconhecer as funções adaptativas das emoções negativas. A tristeza, por exemplo, pode sinalizar a necessidade de suprir carências percebidas na vida, enquanto a culpa pode impulsionar o indivíduo a agir de acordo com seus valores e prioridades. (1)


Identificando emoções:

As emoções podem ser descritas como 1 palavra, por exemplo, triste, abatido, impressionado, alegre. (1)

Emoções negativas:

Triste; abatido; solitário; infeliz; deprimido; ansioso; preocupado; receoso; assustado; tenso; com medo; desconfiado; estressado; inseguro; em panico; envergonhado; embaraçado; humilhado; desapontado; desencorajado; sem esperança; ciumento; invejoso; culpado; com raiva; furioso; irritado;incomodado; frustrado; incompreendido; ressentido; enganado; magoado; desconfiado; (1)

Emoções positivas:

Reconhecido; ousado; afetuoso; aceito; agradável; impressionado; divertido; compreensivo; maravilhoso; benevolente; abençoado;corajoso; calmo; capaz; centrado; animado; confiante; contente; criativo; curioso; encantado; dinâmico; empolgado; eufórico; empoderado; energizado; entusiasmado; excitado; afortunado; livre; amigável; realizado; generoso; grato; feliz; útil; esperançoso; respeitoso; no controle; perspicaz; inspirado; inteligente; interessado; alegre; bondoso; leve; amoroso; motivado; averto; otimista; apaixonado; pacifico; brincalhão; agradavelmente surpreso; radiante; sereno; sincero; apoiado; agradecido; emocionado; tranquilo; compreendido; valioso; vibrante; virtuoso; importante; sensato; merecedor; jovial; engraçado; (1)


Identificação e Fortalecimento de Emoções Positivas

As emoções positivas promovem o bem-estar psicológico e físico, além de fortalecerem a resiliência. Enquanto as emoções negativas tendem a restringir a atenção e aumentar a excitação autonômica, as emoções positivas ampliam o foco da atenção, as cognições e as tendências comportamentais, ao mesmo tempo em que diminuem a excitação fisiológica. (1)

Muitos pacientes apresentam um vocabulário limitado para descrever emoções positivas. Estimulá-los a identificar todas as emoções positivas vivenciadas em uma situação específica pode não apenas enriquecer sua capacidade de nomeá-las, mas também aprimorar seu estado de humor. (1)


Diferenciando Pensamentos Automáticos de Emoções

Ao descrever um problema ou obstáculo, o profissional de saúde deve guiar o paciente com perguntas que organizem o relato nas categorias do modelo cognitivo: situação, pensamento automático e reação (englobando emoção, comportamento e resposta fisiológica). (1)


Sincronização entre Pensamentos Automáticos e Emoções

É fundamental que haja congruência entre o conteúdo dos pensamentos, a emoção e o comportamento do paciente. Quando uma emoção relatada não parece corresponder ao conteúdo dos pensamentos automáticos, uma investigação mais aprofundada é necessária. (1)


Aumento da Emoção Negativa em Contexto Terapêutico

Certas técnicas são intencionalmente empregadas para intensificar o afeto negativo. Isso se torna relevante em situações nas quais os pacientes precisam: (1)

  • Obter maior acesso aos seus pensamentos.
  • Modificar suas cognições em um nível emocional.
  • Aprender que as emoções não são inerentemente perigosas.
  • Examinar as desvantagens ou consequências de um comportamento mal-adaptativo.

Crenças Disfuncionais sobre Emoções Negativas

Crenças disfuncionais sobre a experiência de emoções podem comprometer o progresso terapêutico. O paciente pode evitar situações em que antecipa o sofrimento, ou até mesmo relutar em discutir ou pensar sobre problemas estressores. Tais cognições disfuncionais podem impedir um avanço significativo no tratamento. (1)


Estratégias para Regulação Emocional

As técnicas para regulação emocional incluem:

  • Solução de problemas. (1)
  • Engajamento em atividades sociais prazerosas ou produtivas com plena consciência. (1)
  • Realização de relaxamento, imaginação guiada ou exercícios respiratórios. (1)
  • Participação em atividades tranquilizadoras (caminhar na natureza, tomar um banho, abraçar outra pessoa ou animal de estimação, ouvir música suave). (1)
  • Exercício físico. (1)
  • Aceitação da emoção negativa sem julgamento. (1)
  • Utilização do mindfulness para desengajar-se de pensamentos perturbadores. (1)
  • Foco nos pontos fortes e qualidades positivas, e auto-reconhecimento. (1)

A TCC na regulação emocional:

As reações emocionais são sempre coerentes com o que o indivíduo está pensando. Diante de expressões de emoção negativa significativa, a conceitualização será guiada pelo modelo cognitivo, com frequente abordagem das cognições associadas. (1)

O objetivo terapêutico não é a erradicação das emoções negativas. Elas servem como um sistema de alerta, semelhante à dor física, indicando potenciais problemas que demandam atenção. Contudo, busca-se reduzir o excesso de emoção negativa. No contexto clínico, as emoções dos pacientes não são avaliadas, desafiadas ou contestadas. Em vez disso, o foco recai no reconhecimento, na empatia e na validação. A partir daí, de forma colaborativa, decide-se se as cognições que originaram o sofrimento serão avaliadas ou se outras intervenções serão aplicadas, como a solução de problemas, o redirecionamento da atenção, a aceitação da emoção ou outras técnicas de regulação emocional. (1)


Referências Bibliográficas

  1. BECK, J. S. Terapia Cognitivo-Comportamental: Teoria e Prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2022.