Conduta Clínica: Angelica sinensis (Dong Quai) e Suas Aplicações Terapêuticas


Conduta Clínica: Angelica sinensis (Dong Quai) e Suas Aplicações Terapêuticas


Introdução

A Angelica sinensis, popularmente conhecida como Dong Quai, Dang-Gui ou ginseng feminino, é uma planta tradicionalmente utilizada na medicina oriental. A raiz da Angelica sinensis é a parte mais empregada devido à sua rica composição de compostos bioativos e suas diversas propriedades terapêuticas.


Principais Indicações Terapêuticas

A Angelica sinensis é indicada para uma variedade de condições, com destaque para a saúde feminina e cardiovascular:

  • Menstruação irregular (1)
  • Cólicas menstruais (Dismenorreia) (1): Alguns estudos sugerem que o butilidenoftalídeo, presente no óleo essencial, em conjunto com o ácido ferúlico, pode ser um potente espasmolítico uterino, contribuindo para o alívio da dismenorreia. No entanto, o mecanismo de ação exato ainda é incerto (1).
  • Antiespasmódico (1)
  • Aterosclerose (1): Observou-se uma atuação no metabolismo lipídico e na aterogênese, com redução da trigliceridemia e da formação de placas de ateroma (1).
  • Úlcera gástrica (1): Os polissacarídeos do extrato demonstraram estimular a migração e proliferação de células epiteliais gástricas normais, sugerindo que a Angelica sinensis pode promover a cicatrização de lesões na mucosa gástrica e de úlceras (1).

Efeitos Cardiovasculares

Em ensaios experimentais, a Angelica sinensis demonstrou capacidade de prolongar o período refratário cardíaco, reduzir a pressão arterial e a fibrilação atrial induzida por diversas substâncias (atropina, pituitrina, estrofantina, acetilcolina) ou estimulação elétrica (1). Além disso, verificou-se que promove a dilatação dos vasos coronários, aumentando o fluxo coronário e diminuindo a frequência respiratória (1). Outros estudos em animais indicaram que o extrato aquoso de A. sinensis possui uma ação protetora significativa contra lesões miocárdicas induzidas por isquemia (1).


Principais Compostos Bioativos

A eficácia terapêutica da Angelica sinensis é atribuída à presença de diversos compostos, incluindo:

  • Ácidos orgânicos: Como ácido ferúlico, ácido protocatéquico, ácido cafeico e ácido ftálico (1).
  • Ftalídeos: Ligustulídeo (isômeros E e Z), butilidenoftalídeos (isômeros E e Z) (1).
  • Polissacarídeos: Fucose, galactose (1).
  • Óleo essencial: β-cadineno, carvacrol (1).

Posologia

A posologia da Angelica sinensis varia conforme a forma de apresentação:

  • Raiz seca: 4,5 a 9g/dia em decocção (1).
  • Tintura: 4 a 8 mL/dia (1).
  • Extrato seco padronizado em 1% de ligustilídeo: 100-600 mg/dia (1).

Contraindicações e Interações Medicamentosas

É fundamental considerar as seguintes contraindicações e interações antes do uso:

  • Diarreia e Náuseas: Contraindicado em pacientes com esses sintomas (1).
  • Câncer de mama, Gravidez e Amamentação: Evitar o uso em pacientes com câncer de mama, gestantes ou lactantes (1).
  • Ginecomastia em homens: Contraindicado (1).
  • Uso concomitante com anticoagulantes ou aspirina: Não deve ser utilizado simultaneamente, devido ao risco de interação (1).
  • Crianças e pacientes com hemorragia ou hipermenorreia: Não deve ser administrado (1).
  • Efeitos neurológicos: O óleo essencial em doses elevadas pode exercer um efeito paralisante no Sistema Nervoso Central (SNC) (1).
  • Sensibilidade individual: Pode causar diarreia em pacientes sensíveis (1).

Produtos no Mercado

Um dos produtos disponíveis no mercado é a Angelica sinensis – Vitafor, apresentada em cápsulas de 400 mg.


Referências Bibliográficas

  1. SAAD, G. de A.; LÉDA, P. H. de O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.

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