Abordagem Clínica e Nutricional em Fendas Orofaciais


Abordagem Clínica e Nutricional em Fendas Orofaciais


Introdução

As fendas orofaciais, que incluem fendas labiais e palatinas, são defeitos congênitos que exigem uma abordagem clínica e nutricional especializada. A complexidade dessas condições reside não apenas em sua origem embriológica, mas também nos desafios que impõem à alimentação e ao desenvolvimento da criança no período perinatal.


Fisiopatologia

As fendas orofaciais são classificadas como defeitos congênitos (1). O processo de fusão do lábio ocorre geralmente por volta dos 35 dias de vida intrauterina (1). No entanto, uma falha nesse processo pode comprometer a fusão subsequente das prateleiras palatinas, que normalmente só se completam entre a oitava e a nona semana de gestação (1). Essa falha no desenvolvimento embrionário resulta na formação de aberturas no lábio, palato ou em ambos.


Terapia Nutricional

A terapia nutricional para neonatos e lactentes com fendas orofaciais deve ser meticulosamente adaptada às suas necessidades nutricionais específicas durante o período perinatal (1). A principal preocupação reside na forma de administração do alimento, uma vez que as alterações anatômicas podem levar a uma sucção ineficiente ou à regurgitação de leite para a cavidade nasal (1). Essa regurgitação aumenta o risco de aspiração pulmonar, que pode desencadear processos inflamatórios, como otites (1).

Sempre que possível, o aleitamento materno deve ser incentivado e mantido (1). Contudo, é importante considerar alternativas seguras quando a amamentação direta não é viável ou suficiente. O uso do copo surge como uma opção interessante, pois auxilia na manutenção da amamentação ao peito ao simular um fluxo de leite que exige ativação da musculatura oral (1). Entretanto, o copo é contraindicado em casos de fendas com alto risco de aspiração (1).

É crucial priorizar a alimentação por via oral, pois essa via estimula os reflexos de sucção e contribui para o desenvolvimento proprioceptivo da cavidade oral (1). A indicação de via enteral, como o uso de sondas nasogástricas, deve ser restrita a situações de extrema dificuldade para alimentação oral, nas quais há ganho de peso insuficiente que comprometa o crescimento e desenvolvimento da criança (1).


Referências Bibliográficas

  1. SILVA, S. M. C. S.; MURA, J. D. P. Tratado de alimentação, nutrição & dietoterapia. 3. ed. São Paulo: Editora Pitaya, 2016. 1308 p.

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