Respostas Fisiológicas ao Exercício em Ambientes Quentes: Impactos e Estratégias


Respostas Fisiológicas ao Exercício em Ambientes Quentes: Impactos e Estratégias


Introdução

A prática de exercícios físicos em ambientes com elevadas temperaturas impõe desafios significativos aos sistemas fisiológicos, podendo comprometer o desempenho e a saúde do atleta. Compreender as adaptações e disfunções decorrentes do estresse térmico é fundamental para otimizar as estratégias de mitigação.


Respostas Fisiológicas Durante o Exercício em Ambientes Quentes

O estresse térmico durante o exercício pode causar perturbações nos sistemas gastrintestinal, cardiovascular e termorregulatório, sendo uma preocupação central para atletas (1). Para minimizar o acúmulo de calor e prevenir o aumento excessivo da temperatura corporal, o organismo inicia processos de vasodilatação e sudorese (1).

Se a temperatura ambiente permitir que a taxa de evaporação do suor compense a produção de calor, a temperatura corporal, embora elevada, pode permanecer estável (1). No entanto, quando a produção de calor excede a capacidade de evaporação do suor, a temperatura corporal continua a subir. Esse estado é denominado “estresse térmico não compensável” (uncompensable heat stress) (1).

O estresse térmico induz uma maior dependência do metabolismo anaeróbio e do glicogênio muscular, o que pode levar à depleção prematura dos estoques de glicogênio durante o exercício (1). Contudo, alguns estudos demonstram que o aumento da temperatura pode ser benéfico para o desempenho em atividades de explosão e curta duração, como sprints e saltos (1).

Estratégias de Resfriamento

O uso de L-Mentol pode ser uma estratégia útil (1). Essa substância, presente nas folhas de menta, ativa os receptores de frio na orofaringe, gerando uma sensação de frescor (1). Embora o uso tópico possa ser benéfico, a via oral é considerada mais eficaz (1). É recomendado o uso de produtos comerciais prontos para garantir a segurança, visto que o excesso da substância pode ser tóxico (1).


Função e Integridade do Trato Gastrointestinal

A elevação da temperatura corporal e o próprio exercício físico podem gerar complicações no intestino (1). Essas complicações contribuem para a fisiopatologia das doenças induzidas pelo calor, além de comprometer a capacidade do atleta de atingir seus objetivos nutricionais e sua termorregulação (1). Temperaturas corporais acima de 39 °C podem exacerbar as perturbações na integridade e função gastrointestinal, bem como na resposta sistêmica, em comparação com condições mais amenas (1).

A redistribuição sanguínea, com desvio do fluxo para os músculos e para a circulação periférica, resulta em redução da perfusão esplâncnica e consequente isquemia gastrointestinal (1). Esse cenário pode levar a diversas disfunções, incluindo:

  • Erosão da mucosa (1)
  • Disfunção das tight junctions (1)
  • Translocação de endotoxinas bacterianas (1)
  • Respostas inflamatórias (1)
  • Disfunções das células epiteliais (1)
  • Supressão do esvaziamento gástrico (1)
  • Supressão da digestão e absorção de nutrientes (1)

Referências Bibliográficas

  1. MCCUBBIN, A. J. et al. Sports Dietitians Australia position statement: Nutrition for exercise in hot environments. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism, v. 30, n. 1, p. 83–98, 2020.

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