Ações Farmacológicas da Ptychopetalum olacoides na Prática Clínica
Introdução
A Ptychopetalum olacoides, popularmente conhecida como marapuama, é uma planta nativa da Amazônia amplamente utilizada na medicina tradicional devido às suas propriedades terapêuticas. Este arbusto, cujas raízes são a parte mais explorada, tem sido objeto de diversos estudos para elucidar seus mecanismos de ação e validar suas indicações clínicas, especialmente no que tange à função cognitiva e à saúde sexual masculina.
Aspectos Botânicos e Fitoquímicos
A Ptychopetalum olacoides (nome popular: marapuama) tem como parte utilizada o xilema da raiz e a raiz (1).
Seus compostos bioativos incluem:
- Saponinas, que são identificadas em meio aquoso (1).
- Flavonoides, encontrados em extratos etanólicos (1).
- Ácidos orgânicos: araquímico, lignocérico, uncosâminico, tricosâminico e pentacosâminico (1).
- Óleo essencial (1).
- Ácidos graxos: palmítico e esteárico (1).
- Triterpenoides: estigmasterol, sitosterol e lupeol (1).
- Diterpenoides: ptichonólido e ptichonal (1).
- Xantinas: cafeína e teobromina (1).
Indicações Terapêuticas
As principais indicações terapêuticas da P. olacoides abrangem o estímulo da memória e o tratamento da disfunção erétil (impotência sexual) (1).
Impotência Sexual
Um estudo conduzido por Jacques Waynberg avaliou 262 pacientes que apresentavam disfunção erétil e redução da libido (1). Esses indivíduos receberam tratamento com 1 a 1,5 g de extrato hidroalcoólico (4:1) de P. olacoides administrado de 4 a 6 vezes ao dia, durante duas semanas. Ao final do período, observou-se melhora no desempenho sexual em 62% dos participantes e melhora na ereção em 51% (1).
Esses achados sugerem uma possível atividade na via dopaminérgica, visto que esta via está envolvida na regulação da libido e do desejo sexual (1).
Efeitos sobre a Memória
Estudos demonstram que o extrato de P. olacoides possui um efeito promnésico, contribuindo para a atenuação da perda de memória associada ao envelhecimento (1).
Potencial na Doença de Alzheimer
Pesquisas indicam que os diterpenoides presentes na P. olacoides são capazes de estimular o fator de crescimento neural (NGF – Nerve Growth Factor), o que sugere um potencial terapêutico para doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer (1). Um estudo específico demonstrou que a administração de 800 mg/kg do extrato foi capaz de atenuar lesões cognitivas e a degeneração neuroglial em roedores, induzidas por microinjeção cerebral de peptídeo A$\beta$ (1).
Potencial na Doença de Parkinson
Alguns estudos exploraram o uso do extrato de P. olacoides em modelos experimentais de doença de Parkinson, especificamente em ratos com tremor induzido por MPTP (Methyl Phenyl Tetrahydropyridine). Foi observada uma redução significativa na duração do tremor, resultado consistente com achados anteriores (1).
Posologia
As formas de administração e dosagens recomendadas para a P. olacoides são (1):
- Decocto: 1,5 g por xícara de chá ao dia.
- Pó: 500 a 2000 mg ao dia.
- Extrato seco 1:2 (com 3,5% de taninos): 250 a 1000 mg ao dia.
- Tintura: 10 mL ao dia.
- Tintura-mãe: 5 a 20 mL ao dia.
- Extrato fluido: 2 mL ao dia.
Referências Bibliográficas
- SAAD, G. de A.; LÉDA, P. H. de O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.