Handroanthus impetiginosus: Potencial Terapêutico em Câncer, Úlceras e Depressão
Introdução
O Handroanthus impetiginosus, popularmente conhecido como ipê-roxo ou pau d’arco, é uma árvore cujas propriedades medicinais da casca têm sido extensivamente investigadas. Reconhecida na medicina tradicional por diversas aplicações, a planta demonstra um notável potencial terapêutico em condições como câncer, infecções por H. pylori, úlceras e depressão, devido à sua complexa composição de compostos bioativos.
Aspectos Botânicos e Fitoquímicos
Nomenclatura e Parte Utilizada
O nome científico da planta é Handroanthus impetiginosus, embora também seja referida por sinônimos como Tecoma impetiginosa, Gelseminum avallanedae e Tabebuia avellanedae. Popularmente, é conhecida como ipê-roxo, pau d’arco ou simplesmente ipê. A casca é a parte da planta utilizada para a extração de seus compostos bioativos (1).
Compostos Bioativos
A casca do ipê-roxo é rica em uma variedade de compostos bioativos, incluindo:
- Naftoquinonas: Lapachol, lapachenol, α- e β-lapachona, menaquinonas, tabebuína e tectoquina (1).
- Alcaloides (1).
- Flavonoides (1).
- Saponinas estereoidais (1).
- Glicosídeos: Iridoides e isocumarínicos (1).
Ações Farmacológicas e Indicações Clínicas
As principais indicações para o uso do Handroanthus impetiginosus incluem:
- Depressão (1).
- Infecções por H. pylori e úlceras (1).
- Câncer (1).
- Psoríase.
Câncer
O lapachol e a β-lapachona demonstraram atividade antitumoral em diversas linhagens de células tumorais (1). Estudos revelaram que essa atividade é menor quando se utilizam frações isoladas dos compostos em comparação com o extrato total, sugerindo um efeito sinérgico de vários princípios ativos da planta (1).
H. pylori e Úlceras
O extrato da casca do ipê-roxo apresentou atividade antimicrobiana contra a bactéria Helicobacter pylori (1). Contudo, são necessários mais estudos para verificar a segurança e elucidar o mecanismo de ação antibacteriano (1).
Em um trabalho realizado em ratos com úlceras gástricas, o extrato etanólico das cascas, administrado nas doses de 100 ou 300 mg/kg por 7 dias, reduziu o tamanho das ulcerações em 44% e 36%, respectivamente (1). Adicionalmente, foi observado um aumento da produção de muco e da proliferação celular no estômago, contribuindo para a cicatrização da mucosa (1).
Depressão
Um estudo com modelos de depressão em camundongos avaliou a capacidade antidepressiva da planta através do consumo oral do extrato etanólico das cascas (1). Nesse estudo, foi sinalizado que esta planta pode ser considerada uma nova estratégia para o tratamento da doença (1).
Psoríase
Alguns trabalhos in vitro demonstraram a atividade de 8 compostos do ipê-roxo contra o crescimento de queratinócitos, sugerindo que esses compostos seriam candidatos promissores no tratamento da psoríase (1).
Posologia
As posologias sugeridas para o Handroanthus impetiginosus incluem:
- Decocto: 3 colheres de sopa da entrecasca em 1 copo de água. Tomar 2 xícaras ao dia (1).
- Pó: 1,5-3,5 g/dia (1).
- Pó: 25 mg/kg/dia (1).
- Tintura (etanol 45%, 20%): 5-10 mL/dia (1).
Contraindicações e Toxicidade
O uso de Handroanthus impetiginosus pode estar associado a alterações no ciclo da vitamina K, o que pode impactar a coagulação sanguínea ou as propriedades da vitamina (1). Portanto, pacientes em uso de anticoagulantes ou com distúrbios de coagulação devem usar com cautela e sob supervisão médica.
Referências Bibliográficas
- SAAD, G. de A. et al. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.