Achillea millefolium: Potencial Ansiolítico, Vasodilatador e Hipotensor


Achillea millefolium: Potencial Ansiolítico, Vasodilatador e Hipotensor


Introdução

A Achillea millefolium, popularmente conhecida como mil-folhas, aquileia ou erva-de-carpinteiro, é uma planta herbácea com vasta história de uso na medicina tradicional. Suas inflorescências, folhas e partes aéreas contêm uma complexa mistura de compostos bioativos que conferem a ela propriedades ansiolíticas, vasodilatadoras e hipotensoras, tornando-a um objeto de interesse em diversas aplicações clínicas.


Aspectos Botânicos e Fitoquímicos

Nomenclatura e Partes Utilizadas

O nome científico da planta é Achillea millefolium, sendo também referida como A. alpicola. Popularmente, é conhecida por diversos nomes, como mil-folhas, aquileia, atroveran, erva-de-carpinteiro e novalgina (1). As inflorescências, folhas e partes aéreas são as partes utilizadas para a extração de seus compostos bioativos (1).

Compostos Bioativos

A Achillea millefolium é rica em uma variedade de compostos bioativos, incluindo:

  • Alcaloides (1).
  • Cumarinas (1).
  • Flavonoides: Apigenina, luteolina, isorramnetina e rutina (1).
  • Saponinas (1).
  • Esteróis: β-sitosterol (1).
  • Taninos: Condensados e hidrolisáveis (1).
  • Terpenoides.
  • Óleo essencial.
  • Lactonas sesquiterpênicas: Guaianolídeos e germacranolídeos (1).

Ações Farmacológicas e Indicações Clínicas

As principais indicações para o uso da Achillea millefolium são:

  • Ansiolítico.
  • Vasodilatador.
  • Hipotensor.

Efeito Vasodilatador

Estudos demonstraram que o extrato da planta foi capaz de reduzir a força e a velocidade da contração atrial espontânea de modo semelhante ao verapamil, um fármaco antagonista de canais de cálcio (1). Observou-se que o extrato inibe tanto as contrações induzidas por íons de potássio quanto as por fenilefrina em anéis de aorta sem endotélio, em concentrações similares. Isso sugere uma atuação equipotente tanto nos canais dependentes de voltagem quanto nos induzidos por cálcio (1). Além disso, foi verificado um efeito vasodilatador mediado por ambas as vias, dependente e independente do endotélio (1).

Efeito Hipotensor

Em modelos animais, a Achillea millefolium demonstrou um efeito hipotensor. Sugere-se que, pelo menos em parte, esse efeito seja devido à inibição da enzima conversora de angiotensina (ECA), provavelmente pelo flavonoide artemetina, embora a ação de outros compostos do extrato não deva ser descartada (1).

Efeito Ansiolítico

Estudos encontraram que o extrato hidroalcoólico das flores apresentou um efeito ansiolítico, sem, no entanto, causar redução na atividade locomotora ou dependência (1). Tanto o óleo essencial quanto a infusão demonstraram capacidades depressoras no Sistema Nervoso Central (SNC) em estudos com animais (1).


Posologia

As posologias recomendadas para Achillea millefolium incluem:

  • Infusão: 4,5g de droga seca ou 3g de flores (3 colheres de chá), 3 vezes ao dia (1).
  • Infusão: 1-2g para 150mL, tomar 2-3 vezes ao dia (1).
  • Extrato fluido: 2-4mL (1:1 em álcool a 25%), tomar 3 vezes ao dia (1).
  • Extrato seco (5:1): 600 mg, 3 vezes ao dia (1).
  • Tintura: 2-4mL (1:5 em álcool a 45%), 3 vezes ao dia (1).

Contraindicações e Toxicidade

O uso de Achillea millefolium é contraindicado para gestantes e lactantes devido à falta de estudos que comprovem sua segurança nessas populações (1).


Referências Bibliográficas

  1. SAAD, G. de A. et al. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.

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