Estratégias Nutricionais e Suplementação no Basquetebol


Estratégias Nutricionais e Suplementação no Basquetebol


Introdução

O basquetebol é um esporte de esforço intermitente que demanda alta performance atlética, combinando força, velocidade e resistência. A otimização nutricional e a suplementação estratégica são fundamentais para maximizar o desempenho em quadra, acelerar a recuperação e prevenir a fadiga.


Características Fisiológicas e Metabólicas do Basquetebol

Uma partida de basquetebol é composta por quatro tempos de 10 minutos, com intervalos de 2 minutos entre eles e um intervalo de 15 minutos entre o segundo e o terceiro tempo. No entanto, o cronômetro é pausado durante infrações ou intercorrências, estendendo a duração total da partida para aproximadamente 2 a 2,5 horas (1). A bola permanece em jogo por cerca de 56% do tempo total da partida (1).

Análises do tempo de jogo revelam que:

  • 10% do tempo é dedicado a ações de alta intensidade (1).
  • 12% a sprints de 3-4 segundos (1).
  • 5% a sprints com duração superior a 4 segundos (1).
  • Em média, são realizados 46 saltos por partida (1).

Outro estudo, com resultados similares, observou que 78% do tempo de jogo é composto por atividades de baixa intensidade, 5% por atividades de alta intensidade com duração de até 3 segundos, e menos de 20% do tempo é utilizado em ações moderadas com duração de 3-12 segundos (1). A velocidade e a potência dos membros inferiores apresentam correlação com o tempo em quadra, sugerindo uma maior especificidade das capacidades de velocidade e força para o basquetebol (1).

A depleção do glicogênio é um fator limitante importante do desempenho no basquetebol (1). Embora não haja estudos com biópsia muscular em jogadores de basquete, a importância do glicogênio como substrato energético é comprovada em esportes com características semelhantes, como o futebol (1). Além do glicogênio, a glicose é um substrato crucial. Dados atuais corroboram a hipótese de que o aumento da utilização da glicose sanguínea ao longo do tempo está associado à diminuição da concentração de glicogênio muscular (1).

A fase imediatamente após o exercício é caracterizada pela maior taxa de síntese de glicogênio, com duração de 30-60 minutos (1). Após esse período, a recuperação do glicogênio continua, mas em taxas significativamente menores (1).


Características Antropométricas dos Jogadores

As características dos jogadores variam de acordo com a posição em quadra:

  • Armadores: Altura média de ~191 cm, peso de 88,6 kg, e ~9,9% de gordura corporal (avaliado por Pollock 7 Dobras Cutâneas) (1).
  • Laterais: Altura média de ~200 cm, peso de 95,7 kg, e ~10,1% de gordura corporal (Pollock 7 Dobras Cutâneas) (1).
  • Pivôs: Altura média de ~207 cm, peso de 105,1 kg, e ~14,4% de gordura corporal (Pollock 7 Dobras Cutâneas) (1).

Foi observada uma correlação negativa entre o peso e a altura do salto, e entre o peso e o VO2max (1).


Recomendações Nutricionais

Calorias

Utilizando recordatórios de 24 horas de jogadores espanhóis, foi observada uma ingestão diária de calorias de 4000-4300 kcal (1). Outro estudo, com atletas alemães, encontrou uma necessidade média de 66-76 kcal/kg/dia (1).

Carboidratos (CHO)

As recomendações de carboidratos variam de acordo com a intensidade do treino e a fase da competição:

  • Treinos normais: 5-7 g/kg de peso corporal (1).
  • Treinos mais intensos e época de competição: 7-10 g/kg de peso corporal (1).
  • Fases finais de competição: 12 g/kg de peso corporal (1).

Pré-Evento

  • 3-4 horas antes do evento: 200-300 g de carboidratos (1). O consumo de 200-300 g de CHO 3 a 4 horas antes do evento pode aumentar o rendimento físico do atleta em até 15% (1).
  • 30-60 minutos antes do evento: 1 g/kg de carboidratos (de preferência baixo em gorduras e fibras) (1).

Pós-Exercício

  • Imediatamente após o exercício: 1,2 g/kg de CHO/hora (1), especialmente se o intervalo entre os jogos for inferior a 8 horas (1).

Um estudo avaliou o uso de caldo de cana e observou um efeito protetor sobre as alterações induzidas pelo exercício, conferindo maior resistência muscular durante a recuperação, com menor excreção de ureia e menor concentração de creatina quinase (CK) no sangue.

Gorduras

A ingestão de gorduras não deve ser inferior a 15% do Gasto Energético Total (GET) (1).

Proteínas

Recomenda-se aproximadamente 1,8 g/kg de proteína (1).

  • Pós-evento: Ingestão de 20 g de proteínas (1).

Vitaminas e Minerais

É aconselhado um maior consumo de vitamina C e E, devido às suas propriedades antioxidantes (1). Um estudo com jogadores de basquete observou níveis plasmáticos de vitamina C diminuídos após o terço final do período competitivo. No entanto, um grupo que suplementou vitamina C, vitamina E e betacaroteno não demonstrou essa redução plasmática (1).

Considerando os efeitos do exercício e a maior demanda energética, recomenda-se também uma maior ingestão de vitaminas relacionadas ao metabolismo energético:

  • Tiamina: 0,4 mg/1000 kcal (1).
  • Riboflavina: 1,1 mg/1000 kcal (1).
  • Niacina: 6,6 mg/1000 kcal (1).

Hidratação

A hidratação adequada é fundamental para o desempenho.

  • Pré-evento: Ingerir 500-600 mL de líquidos 2 horas antes (1).
  • Durante o evento: Consumir 400-600 mL/hora de uma solução contendo 8-10% de carboidratos e 10-20 mmol/L de Na+ (1).

Suplementação Nutricional

Creatina

Considerando que o basquetebol é um esporte de característica intermitente, e que aproximadamente 15% das ações do jogo são de alta intensidade, é possível estimar que a fosfocreatina contribua com ao menos 7-12% da energia gasta (1). A suplementação de creatina, portanto, pode ser benéfica.


Ganho de Massa Muscular

Muitos atletas e jogadores podem optar por aumentar sua força e potência muscular. Isso geralmente é alcançado pelo aumento da massa muscular dos membros mais utilizados no esporte (2). Para jogadores de basquete, isso pode significar um foco no aumento da massa muscular da parte superior do braço ou do antebraço (2).


Referências Bibliográficas

  1. HIRSCHBRUCH, M. D. Nutrição esportiva – Uma visão prática. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 496 p.
  2. JEUKENDRUP, A. E.; GLEESON, M. Nutrição no esporte – Diretrizes nutricionais e bioquímica e fisiologia do exercício. 3. ed. São Paulo: Manole, 2021. 559 p.