Melissa officinalis (Melissa): Abordagem das Propriedades e Usos


Melissa officinalis (Melissa): Abordagem das Propriedades e Usos


Introdução

A melissa (Melissa officinalis), também conhecida por Mikania glomerata, Cacalia trilobata e Mikania laevigata em algumas referências, é uma planta valorizada por suas propriedades medicinais, particularmente no manejo da ansiedade e insônia leve, bem como de queixas gastrointestinais. Além disso, pesquisas recentes indicam seu potencial na melhora da cognição.


Nomenclatura, Parte Utilizada e Composição

Nomenclatura e Parte Utilizada

A Melissa officinalis é amplamente conhecida como melissa. As folhas são a parte da planta utilizada para fins terapêuticos.

Composição

O ácido rosmarínico é um dos principais componentes da Melissa officinalis implicado em sua resposta farmacológica.


Efeitos no Organismo e Indicações Clínicas

A melissa é indicada para diversas condições, incluindo inapetência (ausência de apetite), gastrite, espasmos gastrintestinais, disquinesias hepatobiliares, meteorismo (excesso de gases), coleocistites, diarreias, ansiedade, insônia, hipertensão arterial, taquicardia, enxaqueca, asma, dismenorreia, feridas, hipertireoidismo e herpes simples. Também apresenta efeitos sedativo e ligeiramente hipnótico e antioxidante.

Ansiedade e Insônia Leve

A melissa exerce seu efeito ansiolítico e sedativo principalmente pela capacidade de inibir a GABA transaminase (enzima que degrada o GABA), devido à ação de compostos como o ácido rosmarínico, ácido ursólico e ácido oleanólico (7). Essa inibição leva a um aumento do GABA, neurotransmissor com efeito relaxante e redutor da superatividade simpática (3).

Estudos clínicos confirmam a eficácia da melissa no manejo da ansiedade e distúrbios do sono:

  • Um estudo avaliou o uso de 600 mg de melissa (300 mg duas vezes ao dia, pela manhã e antes de dormir) em pacientes com ansiedade leve a moderada e distúrbios do sono. Foi observada uma melhora em 95% dos participantes, com 70% apresentando remissão completa, 25% muita melhora e 5% melhora mínima (4).
  • Outro estudo utilizou 3g do pó de melissa por 8 semanas, resultando em uma redução dos sintomas de depressão, ansiedade, estresse e alterações no sono (5).
  • O consumo de chá de melissa (2,5g por xícara, duas vezes ao dia) foi capaz de reduzir a ansiedade, depressão, insônia e estresse em pacientes hospitalizados (6).

Queixas Gastrointestinais

A melissa é indicada para diversas queixas gastrointestinais, como gastrite, espasmos, meteorismo e diarreias, devido às suas propriedades relaxantes da musculatura lisa do trato gastrointestinal.

Hipertensão

A melissa contribui para a modulação de processos inflamatórios e a diminuição do ritmo cardíaco (3). Apresenta efeitos vasorrelaxantes que podem ser mediados pela via do óxido nítrico (NO), pela inibição de canais de cálcio, ou pela angiogênese (3). Um estudo in vitro demonstrou que o extrato alcoólico da melissa é capaz de reduzir a enzima que degrada o GABA, o que leva a um aumento do GABA e, consequentemente, a um relaxamento e diminuição da superatividade simpática (3).

Melhora Cognitiva

Estudos em humanos sugerem que a melissa pode auxiliar na melhora cognitiva (1). A melissa atua inibindo a acetilcolinesterase, uma enzima que degrada a acetilcolina na fenda sináptica. Essa inibição pode trazer benefícios relacionados à memória (2).


Posologia

As recomendações posológicas para a melissa são variadas, dependendo da forma de apresentação:

  • : até 3g/dia.
  • Extrato seco padronizado em 5% de ácido rosmarínico: até 1000 mg/dia (em doses de 200-500 mg).
  • Tintura: 5-15mL/dia.
  • Chá: Infusão de 1,5-4,5g das folhas secas em 150mL de água por 5-10 minutos.

Para a hipertensão, a posologia sugerida é infusão com 1 colher de sopa de folhas por xícara, 3 vezes ao dia, ou extrato seco padronizado (2% ácido rosmarínico) na dose de 500 mg, duas vezes ao dia.


Contraindicações e Toxicidade

A melissa deve ser evitada nas seguintes condições (1):

  • Hipotireoidismo: Pode diminuir a capacidade da tireoide de produzir hormônios.
  • Hiperplasia prostática benigna.
  • Glaucoma.

Em altas doses, pode gerar vômitos e diarreias (1).


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  • Chás

Referências Bibliográficas

  1. AKHONDZADEH, S. et al. Melissa officinalis extract in the treatment of patients with mild to moderate Alzheimer’s disease: A double blind, randomised, placebo controlled trial. J Neurol Neurosurg Psychiatry, [s.l.], v. 74, n. 7, p. 863–866, 2003.
  2. HABTEMARIAM, S. Natural products in Alzheimer’s disease therapy: Would old therapeutic approaches fix the broken promise of modern medicines? Molecules, [s.l.], v. 24, n. 8, p. 1–17, 2019.
  3. AWAD, R. et al. Bioassay-guided fractionation of lemon balm (Melissa officinalis L.) using an in vitro measure of GABA transaminase activity. Phytother Res, [s.l.], v. 23, n. 8, p. 1075–1081, ago. 2009. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ptr.2712.
  4. CASES, J. et al. Pilot trial of Melissa officinalis L. leaf extract in the treatment of volunteers suffering from mild-to-moderate anxiety disorders and sleep disturbances. Med J Nutrition Metab, [s.l.], v. 4, n. 3, p. 211–218, 17 dez. 2011. Disponível em: http://link.springer.com/10.1007/s12349-010-0045-4.
  5. HAYBAR, H. et al. The effects of Melissa officinalis supplementation on depression, anxiety, stress, and sleep disorder in patients with chronic stable angina. Clin Nutr ESPEN, [s.l.], v. 26, p. 47–52, ago. 2018. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S2405457717305144.
  6. CHEHROUDI, S. et al. Effects of Melissa officinalis L. on Reducing Stress, Alleviating Anxiety Disorders, Depression, and Insomnia, and Increasing Total Antioxidants in Burn Patients. Trauma Mon, [s.l.], v. Inpress, n. Inpress, 24 jul. 2016. Disponível em: http://www.traumamon.com/?page=article&article_id=33630.
  7. AWAD, R. et al. Bioassay-guided fractionation of lemon balm (Melissa officinalis L.) using an in vitro measure of GABA transaminase activity. Phytother Res, [s.l.], v. 23, n. 8, p. 1075–1081, ago. 2009. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ptr.2712.

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