Fosfatase Alcalina: Fisiologia, Indicações e Interpretação Clínica


Fosfatase Alcalina: Fisiologia, Indicações e Interpretação Clínica


Introdução

A fosfatase alcalina (FA) é um grupo de enzimas com diversas isoformas, fundamental para a catálise da hidrólise de ésteres de fosfato em pH alcalino (1). Este exame laboratorial é uma ferramenta valiosa no diagnóstico e monitoramento de uma ampla gama de condições que afetam o fígado, ossos, intestino e glândulas paratireoides.


Fisiologia

A fosfatase alcalina é uma família de enzimas que catalisam a hidrólise de ésteres de fosfato em um ambiente alcalino (1). Aproximadamente 95% da atividade da fosfatase alcalina sérica é derivada de duas principais isoenzimas: a isoenzima óssea e a isoenzima hepática (1). A meia-vida da fosfatase alcalina é de 7 a 10 dias (1).


Indicações Clínicas

A dosagem da fosfatase alcalina é indicada para o diagnóstico e tratamento de diversas condições, incluindo:

  • Doenças hepáticas (1)
  • Doenças ósseas (1)
  • Doenças intestinais (1)
  • Doenças das paratireoides (1)

Valores de Referência

Os valores de referência da fosfatase alcalina variam com a idade:

  • 0-1 ano: 150-350 UI/L (1)
  • 1-16 anos: 30-300 UI/L (1)
  • >16 anos: 30-114 UI/L (1)
  • FA (geral): 40-130 UI/L (2)

Interpretação Clínica dos Níveis de Fosfatase Alcalina

Valores Normais

Níveis normais de fosfatase alcalina podem ser observados em diversas situações, mesmo na presença de outras condições de saúde:

  • Doenças metabólicas hereditárias (1)
  • Etilismo em indivíduos saudáveis (1)
  • Hepatite viral ictérica aguda (1)

Valores Aumentados

A elevação da fosfatase alcalina pode indicar a presença de:

  • Doenças hepáticas: Obstrução biliar (colestase intra ou extra-hepática), abscesso hepático, mononucleose infecciosa, hepatite, entre outras (1, 2). É importante notar que a elevação da FA tende a ser mais pronunciada na obstrução biliar extra-hepática do que na intra-hepática (1).
  • Doença renal: Como no raquitismo renal associado ao hiperparatireoidismo secundário (1).
  • Condições diversas: Sepse extra-hepática, colite ulcerativa, pancreatite, uso de fenitoína e consumo de álcool (1). A ingestão recente de alimentos pode elevar a enzima em até 30 UI/L (1).
  • Doenças ósseas: Doença de Paget, ou outras condições de origem óssea com aumento da deposição de cálcio (1, 2).
  • Neoplasias (2).

Valores Diminuídos

A redução dos níveis de fosfatase alcalina pode ser associada a:

  • Hipotireoidismo (1)
  • Anemia grave (1)
  • Hipofosfatemia (1)
  • Deficiência de vitamina B12 (1)
  • Deficiência de zinco ou magnésio (1)
  • Ingestão excessiva de vitamina D (1)
  • Síndrome Leite-Álcali (Burnett) (1)
  • Hipofosfatasia congênita (1)
  • Acondroplasia (1)
  • Cretinismo (1)
  • Anemia perniciosa (observada em aproximadamente um terço dos pacientes) (1)
  • Doença celíaca (1)
  • Desnutrição (1)
  • Escorbuto (1)
  • Pós-menopausa com osteoporose e uso de reposição hormonal (1)
  • Uso de certos fármacos (1)
  • Cirurgia cardíaca com oxigenação extracorpórea (1)

Referências Bibliográficas

  1. WILLIMSON, M. A.; SNYDER, L. M. Wallach – Interpretação de Exames Laboratoriais. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 1225 p.
  2. CALIXTO-LIMA, L.; REIS, N. T. Interpretação de Exames Laboratoriais Aplicados à Nutrição Clínica. 1. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2012. 490 p.