Erythrina mulungu: Uma Abordagem Fitoterapêutica para Ansiedade, Sono e Dor
Introdução
A Erythrina mulungu, popularmente conhecida como mulungu, é uma planta amplamente empregada na medicina tradicional devido às suas propriedades sedativas, ansiolíticas e analgésicas. Este documento visa apresentar uma análise detalhada sobre suas indicações clínicas, composição fitoquímica e os mecanismos de ação associados.
Nomenclatura e Morfologia
A Erythrina mulungu, também identificada como Erythrina verna, é comumente referida pelos nomes populares mulungu, amansa-senhor, árvore-de-coral e pau imortal. As partes da planta utilizadas para fins terapêuticos são a casca do caule e as inflorescências (1, 3).
Componentes Químicos e Farmacologia
Os principais compostos bioativos encontrados no mulungu incluem alcaloides (eritrina, erisopina, eritrocoraloidina, eritralina), flavonoides e terpenos (1, 3).
Mecanismos de Ação
O extrato hidroalcoólico da E. mulungu demonstrou uma possível ação no sistema glicina e uma potencialização do sono, indicando uma ação depressora do sistema nervoso central (SNC) (1). Adicionalmente, é considerada uma planta psicoléptica, possivelmente devido à sua ação na ativação de receptores GABA (1).
Para a ansiedade, um estudo sugeriu que o extrato bruto de E. mulungu e três alcaloides isolados (hidroxierisotrina, eritravina e hidroxieritravina) podem exercer um efeito ansiolítico através da inibição dos receptores nicotínicos da acetilcolina do sistema nervoso central (1). O extrato hidroalcoólico também apresentou efeito antinociceptivo, reduzindo a percepção da dor de forma independente do sistema opioide (1).
Indicações Clínicas e Evidências Terapêuticas
As principais indicações clínicas para o uso do mulungu são:
- Ansiedade
- Distúrbios do sono
- Condições dolorosas
Ansiedade
Em diversos modelos de ansiedade, o extrato hidroalcoólico de E. mulungu foi avaliado, e observou-se uma resposta similar à de alguns antidepressivos empregados na síndrome do pânico. Isso sugere uma possível atividade ansiolítica e panicolítica. No entanto, o mesmo extrato não demonstrou efeitos antidepressivos (1). Um estudo avaliou a administração de 500 mg de E. mulungu uma hora antes de uma extração dentária, concluindo que o mulungu exerceu efeitos ansiolíticos sem qualquer alteração nos parâmetros fisiológicos (1). A casca do caule do mulungu pode ser utilizada na forma de infusão, na proporção de 4-6g por xícara, 2 a 3 vezes ao dia (2).
Sono
O extrato hidroalcoólico apresentou uma possível ação no sistema glicina e uma potenciação do sono, indicando uma ação depressora do SNC (1). Além disso, possivelmente por sua ação na ativação de receptores GABA, é considerada uma planta psicoléptica (1). Destaca-se a importância do momento adequado de sua utilização, principalmente em esportistas, onde o uso noturno pode favorecer a ação do hormônio do crescimento (GH) (3).
Analgesia
O extrato hidroalcoólico demonstrou efeito antinociceptivo, reduzindo a percepção da dor de forma independente do sistema opioide (1).
Posologia
A posologia do mulungu varia conforme a forma farmacêutica:
- Pó da casca: 600 mg a 2,4 g/dia (1).
- Extrato seco: 50-200 mg/dia (1).
- Infusão ou decocção a 2%: 50-200 mL/dia (1).
- Infusão: 4-6 g por xícara, 2 a 3 vezes ao dia (2).
- Extrato Fluido: 1-4 mL/dia (1).
- Tintura: 5-20 mL/dia (1).
Efeitos Adversos, Contraindicações e Toxicidade
Embora o mulungu seja amplamente utilizado, é importante considerar os seguintes aspectos de segurança:
- Supõe-se que possa potencializar o efeito de ansiolíticos e agentes anti-hipertensivos (1).
- As sementes são tóxicas (1).
- Em ratos, a administração de doses altas resultou em sinais de lesão hepática (1).
Referências Bibliográficas
- SAAD, G. A.; LÉDA, P. H. O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.
- PANIZZA, S. T.; VEIGA, R. S.; ALMEIDA, M. C. Uso tradicional de plantas medicinais e fitoterápicos. 1. ed. São Paulo: CONBRAFITO, 2012. 267 p.
- HIRSCHBRUCH, M. D. Nutrição Esportiva – Uma Visão Prática. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 496 p.