Aspartato Aminotransferase (AST) e Alanina Aminotransferase (ALT): Marcadores de Lesão Hepática


Aspartato Aminotransferase (AST) e Alanina Aminotransferase (ALT): Marcadores de Lesão Hepática


Introdução

A aspartato aminotransferase (AST) e a alanina aminotransferase (ALT) são enzimas transaminases amplamente distribuídas nos tecidos corporais, desempenhando um papel crucial como biomarcadores de lesão hepatocelular.


Definição e Distribuição Enzimática

A aspartato aminotransferase (AST) e a alanina aminotransferase (ALT) pertencem à família das enzimas transaminases, essenciais no metabolismo de aminoácidos. Embora presentes em diversas células do corpo, sua distribuição e concentrações variam (1).

A AST é encontrada predominantemente no coração, fígado, músculo esquelético e rins. Por sua vez, a ALT é encontrada majoritariamente no fígado e nos rins, o que a torna um marcador mais específico para lesões hepáticas (1). É importante ressaltar que a AST (anteriormente conhecida como TGO) é considerada um marcador indireto de lesão hepática, pois sua origem pode ser extra-hepática, como a muscular, influenciada, por exemplo, pela atividade física intensa. Em contraste, a ALT (anteriormente conhecida como TGP) é um marcador mais específico para o fígado, conferindo-lhe maior acurácia na detecção de disfunções hepáticas.


Aplicações Clínicas e Valores de Referência

Uso em Exames

A dosagem de ALT é considerada o teste mais sensível para detectar lesão hepatocelular aguda (1). A elevação dessas transaminases pode preceder em aproximadamente uma semana a elevação da bilirrubina, fornecendo um indicativo precoce de dano hepático (1).

Essas enzimas são importantes para o diagnóstico e acompanhamento de diversas condições hepáticas, incluindo:

  • Hepatites virais e tóxicas (2)
  • Doenças necróticas do fígado (2)

Valores de Referência

Os valores de referência para AST e ALT em adultos são:

  • AST: 10-40 U/L (1)
  • ALT: 10-40 U/L (1)

É relevante notar que a elevação da concentração dessas enzimas nem sempre se correlaciona diretamente com a extensão da necrose hepática (1).

Valores Ideais e Relação AST/ALT

Embora os valores de referência estabeleçam uma faixa aceitável, estudos sugerem que níveis de AST e ALT entre 10-20 U/L são considerados ideais, conferindo maior proteção contra doenças cardiovasculares. Níveis entre 20-30 U/L e 30-40 U/L são progressivamente menos favoráveis.

A relação AST/ALT deve ser próxima de 1 em indivíduos saudáveis. Uma razão AST/ALT superior a 3 pode ser um indicativo de esteatose hepática, servindo como um sinal de alerta (1).


Fatores que Alteram os Níveis de AST e ALT

Valores Aumentados

Elevações nas concentrações de AST e ALT podem indicar:

  • Lesão hepatocelular (1)
  • Hepatite alcoólica (com AST geralmente maior que ALT) (1)
  • Hepatite viral crônica (com AST geralmente maior que ALT) (1)
  • Hipotireoidismo (1)
  • Lesão hepática induzida por drogas (1)
  • Exercício físico intenso (principalmente para AST, devido à sua presença no tecido muscular) (1)

Valores Diminuídos

Níveis reduzidos de AST e ALT podem ser observados em condições como:

  • Azotemia (1)
  • Diálise renal (1)

Limitações

É importante considerar algumas limitações na interpretação dos níveis de AST e ALT:

  • Pacientes com níveis de ALT e AST acima de 1000 U/L raramente são assintomáticos (1).
  • Na esteatose hepática, os níveis dessas enzimas geralmente se mantêm abaixo de 50 U/L (1).
  • O grau de elevação da AST e ALT possui pouco valor prognóstico em relação à gravidade ou desfecho da doença hepática (1).

Referências Bibliográficas

  1. Willimson MA, Snyder LM. Wallach – Interpretação de Exames Laboratoriais. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. 1225 p.
  2. Calixto-Lima L, Reis NT. Interpretação de Exames Laboratoriais Aplicados à Nutrição Clínica. 1. ed. Rio de Janeiro: Rubio; 2012. 490 p.