Lipoproteína de Baixa Densidade (LDL-C): Metabolismo e Risco Cardiovascular


Lipoproteína de Baixa Densidade (LDL-C): Metabolismo e Risco Cardiovascular


Introdução

A lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) é uma partícula lipídica derivada do metabolismo da VLDL-colesterol, composta primariamente por colesterol, proteínas e fosfolipídios. Ela é responsável pelo transporte de colesterol do fígado para os tecidos periféricos, e seus níveis séricos estão diretamente associados ao risco de aterosclerose e coronariopatia.


Definição e Formação

A LDL-C, popularmente conhecida como “colesterol ruim”, é uma lipoproteína formada a partir do metabolismo da VLDL-colesterol (lipoproteína de muito baixa densidade). Sua composição inclui principalmente colesterol, proteínas e fosfolipídios (1). A principal função da LDL-C é transportar o colesterol sintetizado no fígado para os tecidos periféricos do organismo (1).

Níveis elevados de LDL-C estão fortemente associados ao desenvolvimento de aterosclerose e coronariopatia (1). Embora seja possível dosar a LDL-C diretamente, a forma mais comum e economicamente viável de obtê-la é através da equação de Friedewald (2):

LDL=CT−(VLDL+HDL)

Onde:

  • CT = Colesterol Total
  • VLDL = Triglicerídeos / 5 (quando os triglicerídeos estão abaixo de 400 mg/dL)
  • HDL = Lipoproteína de Alta Densidade

Aplicações Clínicas e Valores de Referência

Uso em Exames Laboratoriais

A dosagem de LDL-C é fundamental para determinar o risco de doença cardíaca e aterosclerose (1). Recomenda-se que a coleta da amostra seja realizada em jejum para garantir a acurácia dos resultados (1).

Valores de Referência

Os valores de referência para LDL-C variam conforme a faixa etária e o risco cardiovascular:

Pediatria (2-19 anos)

  • < 100 mg/dL: Desejável (2)
  • 100 a 129 mg/dL: Limítrofe (2)
  • ≥ 130 mg/dL: Elevado (2)

Adultos

  • < 100 mg/dL: Ideal (1,2)
  • 100-129 mg/dL: Acima do ideal (1,2)
  • 130-159 mg/dL: Limítrofe Alto (1,2)
  • 160-189 mg/dL: Alto (1,2)
  • ≥ 190 mg/dL: Muito alto (1,2)

Fatores que Influenciam os Níveis de LDL-C

Valores Aumentados

Concentrações elevadas de LDL-C podem ser observadas em condições como:

  • Hipercolesterolemia Familiar (1)
  • Doença Hepática (1)
  • Obstrução Hepática (1)
  • Diabetes Mellitus (1)
  • Hiperlipidemia tipos II e III (1)
  • Insuficiência Renal Crônica (1)
  • Pacientes com esteatose hepática que apresentam melhora clínica podem exibir uma elevação transitória nos níveis de LDL, uma vez que esta lipoproteína é responsável por exportar o colesterol do fígado para os tecidos periféricos, indicando uma mobilização do excesso de lipídios acumulados.

Valores Diminuídos

Níveis reduzidos de LDL-C podem ser associados a:

  • Hipertireoidismo (1)
  • Anemia Crônica (1)
  • Hiperlipidemia tipo I (1)
  • Estresse agudo (1)
  • Uso de estrogênio (1)
  • Doença recente (1)

Considerações Importantes

Para uma avaliação precisa do LDL-C, a coleta em jejum é essencial (1). É importante salientar que estresse agudo pode levar a uma diminuição temporária dos níveis de LDL-C (1), o que deve ser considerado na interpretação dos resultados.


Referências Bibliográficas

  1. Willimson MA, Snyder LM. Wallach – Interpretação de Exames Laboratoriais. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. 1225 p.
  2. Calixto-Lima L, Reis NT. Interpretação de Exames Laboratoriais Aplicados à Nutrição Clínica. 1. ed. Rio de Janeiro: Rubio; 2012. 490 p.