Heparina: Anticoagulante e Suas Implicações Clínicas
Introdução
A heparina é uma família de glicosaminoglicanos sulfatados, fundamental na regulação da coagulação sanguínea. É um anticoagulante amplamente utilizado, com diferentes formulações que apresentam perfis farmacocinéticos e indicações específicas.
Definição e Tipos
A heparina é uma família de glicosaminoglicanos sulfatados que está presente, juntamente com a histamina, nos grânulos dos mastócitos (1). Existem duas principais formas clinicamente relevantes:
- Heparina Não Fracionada (HNF): É a heparina em sua forma original.
- Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM): Consiste em fragmentos de heparina ou pentassacarídeos sintéticos (1). A HBPM é geralmente preferida devido à sua ação mais prolongada e previsível (1). A HNF é reservada para casos em que a HBPM é contraindicada, como em pacientes com doença renal (1).
Mecanismo de Ação
A heparina inibe a coagulação sanguínea tanto in vivo quanto in vitro (1). Seu principal mecanismo de ação envolve a ativação da antitrombina III (1). A antitrombina III é uma molécula que inibe a trombina e outras serinoproteases por ligação ao seu local ativo, neutralizando, assim, a cascata de coagulação (1).
Administração e Farmacocinética
Administração
A heparina não é absorvida pelo intestino, o que exige que sua administração seja feita por via intravenosa (IV) ou subcutânea (SC) (1). A via intramuscular (IM) não é indicada devido ao risco de causar hematomas significativos (1).
Início de Ação e Meia-Vida
- Heparina Não Fracionada (HNF):
- Quando administrada por via IV, seu efeito anticoagulante é imediato (1).
- Por via SC, o início dos efeitos pode levar até 60 minutos (1).
- Sua meia-vida plasmática é de aproximadamente 40 a 90 minutos (1).
- Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM):
- Geralmente administrada pela via SC (1).
- Apresenta uma meia-vida mais longa do que a HNF, o que resulta em efeitos mais previsíveis e permite um intervalo entre doses maior, sendo utilizada uma ou duas vezes ao dia (1).
- É eliminada principalmente pela via renal (1). Por essa razão, pacientes com insuficiência renal devem ter preferência pela heparina não fracionada, que possui um metabolismo menos dependente da função renal (1).
Efeitos Adversos
Hemorragia
A hemorragia é o principal efeito colateral da terapia com heparina (1). Geralmente, é manejada pela interrupção do tratamento ou pela administração de sulfato de protamina, um agente que neutraliza a heparina (1).
Trombose Induzida por Heparina (TIH)
A trombose é um efeito adverso incomum, porém grave, da heparina (1). Muitas vezes, é atribuída erroneamente como “causa natural da doença” (1), o que ressalta a importância da suspeita clínica.
Osteoporose
Em pacientes em tratamento prolongado com heparina (tipicamente por mais de 6 meses), tem sido observado um aumento da incidência de fraturas espontâneas devido ao risco de osteoporose induzida pela heparina (1).
Referências Bibliográficas
- Ritter JM, Flower R, Henderson G, Loke YK, MacEwan D, Rang HP. Rang & Dale Farmacologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2020. 789 p.