Echinodorus macrophyllus e Echinodorus grandiflorus: Potencial Terapêutico e Aplicações Clínicas


Echinodorus macrophyllus e Echinodorus grandiflorus: Potencial Terapêutico e Aplicações Clínicas


Introdução

As plantas Echinodorus macrophyllus e Echinodorus grandiflorus, conhecidas popularmente como chapéu-de-couro, são espécies com relevância na fitoterapia devido às suas diversas propriedades farmacológicas.


Nomenclatura e Morfologia

As espécies Echinodorus macrophyllus e Echinodorus grandiflorus são comumente denominadas chapéu-de-couro, erva-do-brejo ou chá-mineiro. Para fins terapêuticos, as folhas são a parte da planta utilizada (4).


Compostos Bioativos

As folhas de chapéu-de-couro contêm uma rica variedade de compostos bioativos, incluindo (4):

  • Ácidos fenólicos: ácido ferúlico, cafeico e isoferúlico.
  • Ácidos graxos: ácido linolênico, ácido dodecanoico.
  • Alcaloides: echinofilinas A, B, C, D, E e F.
  • Diterpenoides: echinodol, ácido echinólico, fitol, chapecoderinas A, B e C, echinolídeos A e B, solidagolactona-I.
  • Esteróis.
  • Flavonoides: isoorientina, isovitexina, vitexina.
  • Terpenoides: di-hidroedulano, transcariofileno, α-humuleno.
  • Óleo essencial: óxido de cariofileno, dilapiol, 2-tridecanona.

Principais Indicações e Evidências Terapêuticas

As principais indicações clínicas para o uso do chapéu-de-couro abrangem:

  • Gota
  • Dislipidemia
  • Hipertensão
  • Problemas urinários
  • Edemas

Hipertensão

Alguns estudos demonstraram que o chapéu-de-couro possui efeitos hipotensivos comparáveis aos de fármacos de referência utilizados no tratamento da hipertensão arterial (4). O mecanismo proposto envolve a produção de óxido nítrico e a interação com receptores do PAF (Fator de Ativação Plaquetária), sugerindo que sua ação não esteja relacionada à síntese de prostaglandinas vasodilatadoras ou à ativação de canais de cálcio (4). Esses efeitos foram observados em modelos experimentais de aorta e circulação renal, bem como na administração oral em animais de experimentação (4). Além disso, foi verificado um efeito diurético significativo (4).

Efeito Diurético

A infusão de chapéu-de-couro demonstrou atividade diurética em modelos animais (1, 4), atuando por meio do aumento da excreção de potássio, o que favorece a diurese (1).

Edemas

Estudos in vivo revelaram que o extrato etanólico das folhas de chapéu-de-couro, em modelos inflamatórios agudos e subagudos em ratos, foi capaz de reduzir significativamente o edema de pata induzido, o volume do exsudato e a migração de leucócitos na pleurisia induzida, e o edema de orelha induzido (4).

Efeito Nefroprotetor

Há evidências de que o extrato de Echinodorus macrophyllus possui efeito nefroprotetor em modelos de ratos com insuficiência renal aguda induzida por gentamicina, um antibiótico aminoglicosídico (2, 4). É importante ressaltar que medicações são responsáveis por 20% dos casos de insuficiência renal aguda em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).


Posologia

As formas de uso e posologia sugeridas são (4):

  • Infusão: 1 g em 150 mL de água, 3 vezes ao dia.
  • Tintura: 25 gotas em 100 mL de água, 3 vezes ao dia.
  • Tintura: 10-50 mL/dia.

O produto está disponível comercialmente na forma de tintura vegetal ou droga vegetal para infusão ou encapsulamento.


Segurança, Contraindicações e Toxicidade

Estudos não encontraram sinais de toxicidade, apoptose induzida de células do fígado ou rim, genotoxicidade, mutagenicidade ou eventos apoptóticos relacionados ao chapéu-de-couro (3).

No entanto, o uso do chapéu-de-couro é contraindicado em:

  • Pacientes com insuficiência renal (4).
  • Pacientes hipotensos (4).
  • Casos de corrimentos crônicos.
  • Diarreia.
  • Espermatorreia.
  • Impotência.

Referências Bibliográficas

  1. CARDOSO, G. L. C. et al. Avaliação das atividades antinociceptiva, antiinflamatória e diurética de chapéu-de-couro (Echinodorus grandiflorus, [Cham. e Schl] Mitch, Alismataceae). Revista Brasileira de Farmácia, [s. l.], v. 84, n. 1, p. 5–7, 2003.
  2. PORTELLA, V. G. et al. Nephroprotective Effect of Echinodorus macrophyllus Micheli on Gentamicin-Induced Nephrotoxicity in Rats. Nephron Extra, [s. l.], v. 2, n. 1, p. 177–183, 28 jun. 2012. Disponível em: https://www.karger.com/Article/FullText/339181. Acesso em: 26 jun. 2025.
  3. VAZ, M. S. M. et al. Evaluation of the toxicokinetics and apoptotic potential of ethanol extract from Echinodorus macrophyllus leaves in vivo. Regulatory Toxicology and Pharmacology, [s. l.], v. 82, p. 32–38, dez. 2016. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0273230016303063. Acesso em: 26 jun. 2025.
  4. SAAD, G. A.; LÉDA, P. H. O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.

Deixe um comentário0