O Potencial Terapêutico da Persea americana Mill em Condições Crônicas


O Potencial Terapêutico da Persea americana Mill em Condições Crônicas


Introdução

A Persea americana Mill, popularmente conhecida como abacate, tem sido objeto de diversos estudos que investigam suas propriedades farmacológicas.


Nomenclatura e Partes Utilizadas

A Persea americana Mill é designada por diversos nomes populares, incluindo abacate, abacateiro, louro-abacate, pera abacate, avocado, avocato e palta. Outras denominações científicas incluem Laurus persea L. e Persea gratissima. As partes da planta utilizadas para fins terapêuticos abrangem a folha, a semente e o fruto.


Posologia Recomendada

A dosagem da Persea americana Mill varia conforme a parte da planta e a forma de apresentação:

  • Folha (pó): A dose diária recomendada varia de 2 a 10 gramas (1).
  • Infusão de folha seca: Preparar com 20 gramas da folha seca para 1 litro de água. A ingestão pode ser de até 3 xícaras ao dia (1).
  • Tintura das folhas: A dosagem varia entre 10 e 50 mL por dia (1).
  • Extrato seco: A dose diária sugerida é de 300 a 1000 mg (1).

Contraindicações e Efeitos Adversos

É crucial considerar as seguintes contraindicações e efeitos adversos potenciais:

  • Gestantes: Há relatos de ação estimulante uterina em animais que utilizaram decocção de folhas e sementes. Portanto, o uso em gestantes é contraindicado (1).
  • Interação medicamentosa: Pode ocorrer diminuição do efeito da varfarina (1).
  • Lactantes: O uso das folhas frescas em animais demonstrou redução da produção de leite, atribuída à atrofia dos ductos galactóforos (1).

Principais Indicações Terapêuticas

As principais indicações clínicas para o uso da Persea americana Mill incluem:

  • Câncer (1)
  • Hipertensão arterial (1)
  • Diabetes tipo 2 (1)
  • Hipercolesterolemia (1)

Evidências Científicas

Diabetes Mellitus Tipo 2

Estudos têm demonstrado o potencial antidiabético da Persea americana Mill. O extrato hidroalcoólico das folhas exibiu atividade antidiabética em modelos de ratos com diabetes induzido por estreptozotocina, promovendo a regulação da captação de glicose pelo fígado (1). Essa ação é atribuída à inibição da atividade enzimática da tirosina-fosfatase 1B (PTP1B), um mecanismo relevante no tratamento do diabetes (1).

Adicionalmente, um estudo em ratos na Nigéria revelou que a administração de extrato aquoso (100-200 mg/kg) das folhas do abacate foi capaz de reduzir a glicemia dos animais. O efeito máximo foi observado 6 horas após a ingestão, e o uso contínuo por 7 dias manteve essa ação hipoglicemiante (1).

Hipertensão Arterial

Pesquisas indicam que extratos aquosos e metanólicos das folhas da Persea americana Mill demonstraram atividade hipotensora de curta duração e dose-dependente quando administrados por via intravenosa em ratos (1). Outro estudo realizado em ratos na Nigéria sugeriu uma ação anti-hipertensiva do extrato aquoso da semente, possivelmente mediada por um mecanismo betabloqueador (1).

Dislipidemia

Estudos em ratos evidenciaram atividade hipolipemiante e antioxidante tanto da polpa do fruto quanto da farinha da semente do abacate, com resultados semelhantes (1). Esses achados foram associados à presença de compostos fenólicos e ao alto teor de fibras na semente do abacate (1).

Câncer

Verificou-se que o extrato das folhas e talos possui atividade antitumoral e citotóxica sobre células tumorais de câncer de próstata em estudos in vitro (1). Essa ação foi correlacionada à presença de carotenoides e vitamina E (1).


Referências Bibliográficas

  1. SAAD, G. A.; LÉDA, P. H. O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea: Tradição e Ciência na prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.