Hibiscus sabdariffa (Hibisco): Propriedades Diuréticas e Anti-Hipertensivas


Hibiscus sabdariffa (Hibisco): Propriedades Diuréticas e Anti-Hipertensivas


Introdução

A Hibiscus sabdariffa, comumente conhecida como hibisco, é uma planta cujas flores são amplamente utilizadas na medicina tradicional oriental, notadamente por seus efeitos diuréticos e anti-hipertensivos.


Nomenclatura e Morfologia

A Hibiscus sabdariffa é popularmente chamada de hibisco. As flores da planta são a parte utilizada para fins terapêuticos.


Composição Química

O hibisco é derivado da planta Hibiscus sabdariffa e possui uma rica composição fitoquímica, que inclui (1):

  • 33 metabólitos, como flavonoides, antocianinas, ácidos fenólicos e ácidos orgânicos alifáticos.

Estudos avaliaram o impacto de diferentes métodos de extração — decocção, infusão e maceração — na preservação dos compostos (1). A maceração a frio mostrou-se mais eficaz na preservação de antocianinas, substâncias com importantes propriedades hipoglicemiantes (4). Além disso, foram observados efeitos anti-hipertensivos, atribuídos à inibição da enzima conversora de angiotensina (1). Os ácidos fenólicos foram mais bem preservados na infusão, sendo estes mais eficazes no auxílio ao emagrecimento (1).


Produtos Disponíveis no Mercado

O hibisco está disponível comercialmente nas seguintes formas:

  • Extrato seco / Extrato seco solúvel
  • Infusão
  • Tintura Vegetal

Posologia

As recomendações posológicas variam conforme a forma de apresentação:

  • Infusão: 3 g em 150 mL de água, 3 vezes ao dia.
  • Extrato seco: 100-400 mg, 1 a 3 vezes ao dia.
  • Extrato seco solúvel: dissolver 6 g (1 colher de sobremesa) em [quantidade de líquido a ser definida].
  • Tintura: 75 gotas em 100 mL, 3 vezes ao dia.

Efeitos no Organismo e Evidências Terapêuticas

Os principais efeitos observados do hibisco no organismo são:

  • Efeito Diurético
  • Efeito Anti-hipertensivo

Efeito Diurético

Diversos estudos demonstram a atividade diurética dessa planta. Algumas pesquisas indicam que esse efeito diurético pode influenciar a pressão arterial de ratos com hipertensão (4). Um estudo que coletou a urina de ratos verificou um aumento no volume urinário 6 horas após a decocção do hibisco (4).

Efeito Anti-Hipertensivo

Para este efeito, geralmente recomenda-se o uso de 1,25-10 g/dia (em infusão) por pelo menos 3 semanas. Um estudo avaliou a utilização de 1,25 g/240 mL de água, 3 vezes ao dia, e encontrou uma redução da pressão sistólica, com uma tendência de redução da pressão diastólica (7). Em outro estudo com indivíduos hipertensos, o chá de hibisco demonstrou ser capaz de reduzir a hipertensão arterial quando consumido cronicamente (2). Seus efeitos foram cumulativos até o 12º dia, retornando aos níveis normais quando o consumo foi interrompido (2).

O mecanismo exato desse efeito ainda não é totalmente conhecido, mas acredita-se que envolva tanto seu efeito diurético quanto outros mecanismos (2). Uma hipótese é que a inibição da angiotensina I leva a uma diminuição da liberação de aldosterona, o que, por sua vez, causa uma diminuição da resistência vascular (2). Simultaneamente, a inativação da angiotensina poderia resultar em um aumento na concentração de prostaglandinas (vasodilatadoras) (2). Esses efeitos combinados gerariam uma diminuição da pressão arterial sem modificar a taxa de batimentos cardíacos (2).

Foi observado também que, por meio da ativação dos canais de cálcio, o hibisco foi capaz de reduzir a pressão arterial sistólica (PAS) em adultos pré-hipertensos ou com hipertensão leve (3). Um estudo demonstrou que o consumo de 10 g de cálices de hibisco infundidos em 500 mL de água, quatro vezes por semana, no café da manhã, gerou um aumento na excreção de sódio sem alterar a excreção de potássio, resultando em uma diminuição das pressões sistólica e diastólica, sem diferenças significativas em comparação com o captopril (5).


Segurança

Um estudo indicou que o uso prolongado do hibisco pode causar lesão hepática, com aumento dos níveis de aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT) e albumina sérica (6).


Referências Bibliográficas

  1. RASHEED, D. M. et al. Comparative analysis of Hibiscus sabdariffa (roselle) hot and cold extracts in respect to their potential for α-glucosidase inhibition. Food Chemistry, [s. l.], v. 250, p. 236–244, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.foodchem.2018.01.020. Acesso em: 26 jun. 2025.
  2. HAJI FARAJI, M.; HAJI TARKHANI, A. H. The effect of sour tea (Hibiscus sabdariffa) on essential hypertension. Journal of Ethnopharmacology, [s. l.], v. 65, n. 3, p. 231–236, 1999.
  3. MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J. L. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 1227 p.
  4. ODIGIE, I. P.; ETTARH, R. R.; ADIGUN, S. A. Chronic administration of aqueous extract of Hibiscus sabdariffa attenuates hypertension and reverses cardiac hypertrophy in 2K-1C hypertensive rats. Journal of Ethnopharmacology, [s. l.], v. 86, n. 2–3, p. 181–185, 1 jun. 2003.
  5. HERRERA-ARELLANO, A. et al. Effectiveness and tolerability of a standardized extract from Hibiscus sabdariffa in patients with mild to moderate hypertension: a controlled and randomized clinical trial. Phytomedicine, [s. l.], v. 11, n. 5, p. 375–382, 20 jul. 2004.
  6. AKINDAHUNSI, A.; OLALEYE, M. Toxicological investigation of aqueous-methanolic extract of the calyces of Hibiscus sabdariffa L. Journal of Ethnopharmacology, [s. l.], v. 89, n. 1, p. 161–164, nov. 2003. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0378874103002769. Acesso em: 26 jun. 2025.
  7. MCKAY, D. L. et al. Hibiscus Sabdariffa L. Tea (Tisane) Lowers Blood Pressure in Prehypertensive and Mildly Hypertensive Adults. Journal of Nutrition, [s. l.], v. 140, n. 2, p. 298–303, 1 fev. 2010. Disponível em: https://academic.oup.com/jn/article/140/2/298/4600320. Acesso em: 26 jun. 2025.

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