Ações Terapêuticas do Plantago ovata (Psyllium) na Saúde Gastrointestinal e Metabólica


Ações Terapêuticas do Plantago ovata (Psyllium) na Saúde Gastrointestinal e Metabólica


Introdução

O Plantago ovata, popularmente conhecido como psyllium, é uma fibra dietética amplamente utilizada na prática clínica devido às suas propriedades mucilaginosas. Sua aplicação abrange desde o tratamento da constipação até a modulação da dislipidemia e da microbiota intestinal, oferecendo um perfil de segurança favorável quando utilizado corretamente.


Composição e Mecanismo de Ação

O psyllium (Plantago ovata ou Plantago psyllium) tem como parte utilizada a casca da semente ou a semente (1). Seus principais compostos bioativos incluem a mucilagem, que compreende aproximadamente 85% de polissacarídeos solúveis, além de fitoesteróis, triterpenoides e glicosídeos como a aucubina (1).

O mecanismo de ação do psyllium é primariamente atribuído à sua mucilagem. Em contato com a água, essa mucilagem pode aumentar seu volume de 8 a 14 vezes (1), formando uma massa gelatinosa. Esta massa promove a peristalse intestinal, hidrata as fezes e estimula a evacuação, auxiliando no alívio da constipação (1).


Principais Indicações Clínicas

Distúrbios Gastrointestinais

O psyllium é eficaz no tratamento da constipação e da Síndrome do Intestino Irritável (SII) (1). Pesquisas em humanos demonstraram que o psyllium diminui o tempo de trânsito fecal, estimula a peristalse e aumenta a massa fecal (1). Essas propriedades são igualmente benéficas em casos de diverticulite, colites, cistites, úlceras gastrointestinais e até mesmo na diarreia, onde pode auxiliar na formação do bolo fecal (1).

Dislipidemia

Estudos indicam que o psyllium exerce efeitos positivos na hipercolesterolemia leve a moderada (1). Seus benefícios são ainda mais evidentes em pacientes com constipação ou outros problemas gastrointestinais que requerem aumento na ingestão de fibras (1). A combinação de psyllium com uma dieta pobre em gordura saturada e colesterol mostrou-se mais eficaz na redução de lipoproteínas em comparação com a mesma quantidade de fibra insolúvel sob as mesmas condições dietéticas (1). Adicionalmente, outras pesquisas demonstraram um efeito redutor nos níveis de glicose, triglicerídeos, colesterol total e LDL (1).

Modulação da Microbiota Intestinal

Foi observada uma influência significativa do psyllium na microbiota de adultos, sendo esse efeito mais pronunciado em indivíduos com constipação (2). O uso de psyllium resultou em um aumento expressivo de cepas bacterianas produtoras de butirato, um ácido graxo de cadeia curta benéfico para a saúde intestinal (2).

Colite Ulcerativa

Em relação às doenças inflamatórias intestinais, um estudo apontou que as sementes de psyllium apresentaram eficácia comparável à mesalazina no tratamento da colite ulcerativa (1).


Posologia e Recomendações de Uso

A posologia do psyllium pode variar, sendo geralmente recomendada a administração de 3 a 30g do pó, divididos em 3 doses diárias, ou 5-20g/dia dissolvidos em 250mL de água (1). Para crianças de 6 a 12 anos, sugere-se metade da dose para adultos (1).

É crucial que o psyllium seja utilizado por 3 a 10 dias consecutivos com uma ingestão abundante de líquidos para garantir a hidratação adequada da fibra e evitar obstruções (1). Após esse período inicial, a utilização deve ser ajustada conforme a necessidade individual (1).


Considerações de Segurança

Pacientes com constrições no trato gastrointestinal devem evitar o uso de psyllium (1). É contraindicado em casos de estenose esofágica ou intestinal (1). Além disso, o psyllium pode interferir na absorção de cálcio, zinco, magnésio, cobre, vitamina B12, derivados cumarínicos e glicosídeos cardíacos (1), o que exige monitoramento em pacientes que utilizam essas substâncias.


Referências Bibliográficas

  1. SAAD, G. de Azevedo; LÉDA, P. H. de Oliveira; SÁ, I. Manzali; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.
  2. JALANKA, J. et al. The Effect of Psyllium Husk on Intestinal Microbiota in Constipated Patients and Healthy Controls. International Journal of Molecular Sciences, v. 20, n. 2, p. 433, 2019. Disponível em: http://www.mdpi.com/1422-0067/20/2/433

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