Jambolão (Eugenia jambolana ou Syzygium cumini): Composição, Efeitos no Diabetes e Posologia
Introdução
O Jambolão, conhecido cientificamente como Eugenia jambolana ou Syzygium cumini, é uma planta popular na medicina tradicional, valorizada por suas folhas, frutos e sementes. Sua composição rica em compostos bioativos tem despertado interesse, principalmente devido aos seus potenciais efeitos no manejo do diabetes, embora os achados científicos ainda apresentem algumas controvérsias.
Nome Científico e Popular
- Nome Científico: Eugenia jambolana ou Syzygium cumini
- Nome Popular: Jambolão
Parte Utilizada
As partes da planta utilizadas para fins terapêuticos incluem as folhas, frutos e sementes (1).
Principais Compostos Bioativos
O Jambolão é rico em uma variedade de compostos bioativos, tais como:
- Flavonoides: Incluem rutina, quercetina, miricetina e kaempferol (1).
- Ácidos Fenólicos: Como o ácido gálico e o ácido clorogênico (1).
- Taninos: Ácido gálico, ácido elágico e galotaninos (1).
- Triterpenos (1).
- Fitoesteróis (1).
- Terpenoides: Incluem friedelina, ácido betulínico e glicosídeos (1).
- Alcanos (1).
- Álcoois alifáticos (1).
Principais Indicações
A principal indicação do Jambolão na conduta clínica é para o Diabetes Mellitus.
Efeitos no Diabetes
Sugere-se que o mecanismo por trás do efeito antidiabético do jambolão seja multifatorial (1):
- Estímulo à Secreção de Insulina: Similar às sulfonilureias, parece estimular a secreção de insulina pelo pâncreas (1).
- Aumento da Captação de Glicose: De maneira semelhante às biguanidas, pode aumentar a captação de glicose pelas células (1).
- Aumento da Glicose-6-Fosfatase Hepática: Elevando a quantidade dessa enzima no fígado, o que resulta em um maior consumo de glicose (1).
- Ação Hipoglicemiante via Catepsina B: Atua como um agente hipoglicemiante por meio de uma maior secreção de insulina, estimulando a atividade da catepsina B (1).
Outros autores também sugerem que tais efeitos seriam promovidos pela capacidade antioxidante da planta, pela redução da peroxidação lipídica e pela regeneração e proteção das células β-pancreáticas (produtoras de insulina), melhorando assim a homeostase da glicose e da dislipidemia (1).
Contudo, é crucial notar que esses achados não são unânimes (1). No Brasil, estudos realizados pelo Programa de Plantas Medicinais do Centro de Medicamentos (PPPM/CEME) não encontraram nenhum efeito hipoglicemiante nos modelos experimentais utilizados (1).
Posologia
As posologias sugeridas para o Jambolão são:
- Pó das sementes: 3-6g, três vezes ao dia (1).
- Extrato seco dos frutos (1:1): 0,3-2,0g por xícara de infusão ou decocto (1).
- Extrato hidroetanólico (1:1 em 25% de álcool): 2-4mL em doses diárias, três vezes ao dia (1).
Toxicidade
Estudos em ratos com doses de 100-2000 mg/kg de extrato de jambolão não demonstraram alterações significativas, sugerindo um perfil de baixa toxicidade aguda nesses modelos (1).
Referências Bibliográficas
- SAAD, G. de A.; LÉDA, P. H. de O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.