Estratificação do Risco Cardiovascular em Pacientes Sem Tratamento Hipolipemiante


Estratificação do Risco Cardiovascular em Pacientes Sem Tratamento Hipolipemiante


Introdução

A doença aterosclerótica frequentemente se manifesta inicialmente como um evento coronariano agudo em uma parcela significativa dos indivíduos. Para uma prevenção eficaz, é crucial identificar pacientes assintomáticos com maior predisposição ao desenvolvimento dessas complicações, utilizando, por exemplo, a estratificação do risco cardiovascular, conforme as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).


Avaliação do Risco Global

Para estimar o risco cardiovascular, utiliza-se o Escore de Risco Global (ERG), que prediz o risco de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) ou insuficiência cardíaca (fatais ou não fatais), ou insuficiência vascular periférica em 10 anos (1). A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) disponibiliza uma calculadora para esse fim (1).

Nota: Indivíduos em tratamento hipolipemiante não podem ter sua estratificação de risco e determinação de metas estabelecidas diretamente pelo ERG. A SBC propõe um fator de correção para o colesterol total (CT) para o cálculo do ERG, multiplicando o CT por 1,43. Essa correção se baseia em estudos que demonstraram uma redução de aproximadamente 30% nos níveis de CT com o uso de estatinas (1).


Categorias de Risco Cardiovascular

Risco Muito Alto

Indivíduos classificados com risco muito alto são aqueles que apresentam doenças ateroscleróticas significativas, tais como doença coronariana, cerebrovascular ou vascular periférica, com ou sem eventos clínicos prévios, ou com obstrução ≥50% em qualquer território arterial (1).

Risco Elevado

Pacientes com risco elevado incluem (1):

  • Portadores de aterosclerose na forma subclínica documentada por metodologia diagnóstica.
  • Aneurisma de aorta abdominal.
  • Doença renal crônica em fase não dialítica.
  • LDL-C ≥ 190 mg/dL.
  • Presença de diabetes mellitus tipo 1 ou 2 com LDL-C entre 70 e 189 mg/dL e presença de estratificadores de risco (ER) ou doença aterosclerótica subclínica (DASC).
  • Pacientes com LDL-C entre 70-189 mg/dL, do sexo masculino, com risco calculado pelo ERG > 20%, e nas mulheres > 10%.

Nota: Definem-se ER e DASC no diabetes como (1):

  • Estratificadores de Risco (ER): Idade ≥48 anos (homens) e ≥54 anos (mulheres); tempo de diagnóstico do diabetes >10 anos; história familiar de parente de 1º grau com doença cardiovascular prematura (<55 anos para homens e <65 anos para mulheres); tabagismo (pelo menos 1 cigarro no último mês); hipertensão arterial sistêmica; síndrome metabólica (conforme a International Diabetes Federation); presença de albuminúria >30 mg/g de creatinina e/ou retinopatia; Taxa de Filtração Glomerular (TFG) <60 mL/min.
  • Doença Aterosclerótica Subclínica (DASC): Ultrassonografia de carótida com presença de placa >1,5 mm; Índice Tornozelo-Braquial (ITB) <0,9; escore de cálcio na artéria coronária (CAC) >10; presença de placas ateroscleróticas na angiotomografia de coronárias.

Risco Intermediário

Indivíduos com risco intermediário são aqueles com ERG entre 5-20% no sexo masculino e entre 5-10% no sexo feminino, ou ainda os diabéticos que não preenchem os critérios para DASC ou ER (1).

Baixo Risco

Pacientes classificados com baixo risco são aqueles do sexo masculino e feminino com risco em 10 anos <5% calculado pelo ERG (1).


Referências Bibliográficas

  1. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 109, n. 2, supl. 1, p. 1-76, ago. 2017.