Crescimento Físico e Desenvolvimento Sensório-Motor na Primeira Infância
Introdução
A primeira infância, um período crucial do desenvolvimento humano, é caracterizada por um crescimento físico acelerado e pela aquisição de marcos motores e sensoriais fundamentais. Este texto aborda as mudanças físicas, os princípios de crescimento, a importância da nutrição, o desenvolvimento cerebral e as capacidades sensoriais e motoras que se manifestam nos primeiros anos de vida.
Crescimento Físico
Durante o primeiro ano de vida, a altura do bebê aumenta de 25-30 cm, atingindo aproximadamente 76 cm ao final desse período. No segundo ano, o crescimento médio é de cerca de 12,5 cm, e no terceiro ano, adiciona-se mais 7,5-10 cm. Após os três anos, segue-se um longo período (dos 3 aos 11 anos) de crescimento mais lento, porém regular.
Padrões de Crescimento
A criança cresce mais rapidamente nos três primeiros anos, com maior intensidade nos primeiros meses (1). Um menino aumenta sua altura em 25 cm no primeiro ano, alcançando uma média de 76 cm. No segundo ano, cresce aproximadamente 12,5 cm (média de 91 cm), e no terceiro ano, cerca de 9 cm (média de 99 cm) (1). Meninas, embora ligeiramente menores em quase todas as idades, seguem um padrão de crescimento similar (1).
Dentição
A erupção dos dentes geralmente ocorre por volta dos 3-4 meses, período em que os bebês frequentemente levam objetos à boca. O primeiro dente pode aparecer entre o quinto e o nono mês. Ao completar o primeiro ano, a criança já possui cerca de 6-8 dentes, e aos dois anos e meio, já tem todos os 20 dentes decíduos (1).
Aquisição da Fala
Por volta dos 18 meses, a criança começa a falar, utilizando palavras em sequência adequada e seguindo regras gramaticais. Atualmente, existem diversas teorias sobre a aquisição da linguagem, mas ainda não há consenso sobre a natureza dos mecanismos que produzem essa competência.
Princípios do Desenvolvimento Físico
O desenvolvimento físico segue os princípios cefalocaudal e próximo-distal, assim como ocorre durante a gestação (1).
- Princípio Cefalocaudal: O crescimento ocorre de cima para baixo. A cabeça se desenvolve primeiro e se torna proporcionalmente menor à medida que o corpo cresce em altura e as partes inferiores se desenvolvem (1). O desenvolvimento sensorial e motor segue este princípio: bebês aprendem a usar as partes superiores do corpo antes das inferiores. Por exemplo, eles aprendem a usar os braços para agarrar antes de usar as pernas para caminhar, e a firmar a cabeça antes de conseguir sentar-se sozinhos (1).
- Princípio Próximo-Distal: O crescimento e o desenvolvimento motor ocorrem do centro do corpo para as extremidades (de dentro para fora). No útero, a cabeça e o tronco se desenvolvem antes dos braços e pernas, seguidos pelas mãos e pés, e, por fim, pelos dedos das mãos e dos pés (1). Este padrão se mantém na primeira e segunda infância, com os membros superiores e inferiores crescendo mais rapidamente que as mãos e os pés (1).
Nutrição
Benefícios do Aleitamento Materno
O aleitamento materno oferece múltiplos benefícios tanto para o bebê quanto para a mãe.
Para bebês alimentados com leite materno (1):
- Menos propensos a contrair doenças infecciosas, como diarreia, infecções respiratórias e otite média.
- Menor risco da Síndrome da Morte Súbita Infantil (SMSI) e de morte pós-neonatal.
- Menor risco para Doença Inflamatória Intestinal (DII).
- Melhor acuidade visual, desenvolvimento neurológico e saúde cardiovascular a longo prazo.
- Menos propensos a desenvolver obesidade, asma, eczema, diabetes, linfoma, leucemia e doença de Hodgkin.
- Apresentam pontuações mais elevadas em testes cognitivos.
- Menos cáries e menor probabilidade de precisar de aparelho ortodôntico.
Para mães que amamentam (1):
- Recuperam-se do parto mais rapidamente, com menor risco de sangramento pós-parto.
- Mais propensas a retornar ao peso pré-gestacional e menos propensas a se tornarem obesas.
- Risco reduzido de anemia e menor risco de reincidência de gravidez durante a amamentação.
- Relatam sentir-se mais confiantes e menos ansiosas.
- Menos propensas a desenvolver osteoporose e câncer de mama pré-menopáusico.
O aleitamento materno é desaconselhável apenas se a mãe estiver infectada com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) ou outras infecções, se tiver tuberculose ativa não tratada, se tiver sido exposta à radiação, ou se estiver tomando medicação que não seja segura para o bebê (1).
Bebês saudáveis não devem consumir nada além de leite materno ou fórmula enriquecida com ferro durante os primeiros 6 meses. Apenas na segunda metade do primeiro ano a água pode ser introduzida (1).
Cérebro e Comportamento Reflexo
Desenvolvimento do Cérebro
Ao nascer, o cérebro tem apenas 1/4 a 1/3 do volume de um adulto (1). Aos 6 anos, ele se aproxima do tamanho adulto, mas partes específicas continuam crescendo e se desenvolvendo funcionalmente até a idade adulta (1). Seu crescimento é intermitente, em “surtos de crescimento”, com diferentes áreas desenvolvendo-se em velocidades distintas (1).
As principais partes do cérebro incluem:
- Medula espinhal e tronco encefálico: Quase completos ao nascimento (1).
- Cerebelo: Responsável pelo equilíbrio e coordenação motora, cresce mais rapidamente no primeiro ano de vida (1).
- Encéfalo: A maior parte do cérebro, divide-se em hemisférios direito e esquerdo, cada um com funções especializadas (lateralização). O hemisfério esquerdo é responsável pela linguagem e raciocínio lógico, enquanto o direito lida com funções visuais e espaciais (ex: leitura de mapa, desenho) (1). A junção entre os dois, o corpo caloso, permite o compartilhamento de informações e a coordenação de comandos, crescendo significativamente na infância e atingindo o tamanho definitivo aos 10 anos (1).
- Lóbulos Cerebrais: Cada hemisfério possui quatro lobos:
- Occipital: O menor, responsável principalmente pelo processamento visual (1).
- Parietal: Envolvido na integração de informações sensoriais do corpo, auxilia na movimentação espacial e manipulação de objetos (1).
- Temporal: Auxilia na interpretação de sons e cheiros, e está envolvido na memória (1).
- Frontal: A região mais nova do cérebro, envolvida em processos de ordem superior como estabelecimento de metas, inibição, raciocínio, planejamento e resolução de problemas (1).
As regiões do córtex cerebral que controlam visão, audição e outras informações sensoriais crescem rapidamente nos primeiros meses e amadurecem aos seis meses, mas as áreas do córtex frontal, responsáveis pelo pensamento abstrato, associações mentais, memória e respostas motoras deliberadas, permanecem imaturas por vários anos (1).
Células Cerebrais
A partir do segundo mês de gestação, estima-se que 250 mil neurônios imaturos são produzidos a cada minuto por divisão celular (mitose) (1). Ao nascimento, a maioria dos mais de 100 bilhões de neurônios de um cérebro maduro já está formada, mas não plenamente desenvolvida (1). Na 20ª semana de gestação, a maioria dos neurônios já está em seus devidos lugares, e nas 12 semanas seguintes, desenvolvem estruturas bem definidas, como axônios e dendritos (1).
A multiplicação de dendritos e conexões sinápticas, especialmente durante os últimos dois meses e meio de gestação e os primeiros 6 meses a 2 anos de vida, é responsável por grande parte do crescimento cerebral, permitindo a emergência de novas capacidades perceptuais, cognitivas e motoras (1). Esses neurônios passam por processos de integração (coordenação de atividades por neurônios que controlam diferentes grupos musculares) e diferenciação (cada neurônio assume uma estrutura e função específica) (1). Inicialmente, o cérebro produz mais neurônios e sinapses do que o necessário, conferindo flexibilidade; no entanto, apenas cerca de metade dos neurônios produzidos inicialmente sobrevive e funciona na idade adulta (1).
Mielinização
A eficiência da comunicação neural deve-se, em parte, às células gliais, que revestem as vias neurais com uma substância gordurosa chamada mielina (1). Esse processo de mielinização permite que os sinais se propaguem mais rapidamente e com maior fluidez (1). Ele começa aproximadamente na metade da gestação, atinge seu auge no primeiro ano de vida e continua ao longo da vida (1).
No feto, o desenvolvimento da mielina avança do centro para fora. Vias sensoriais são geralmente mielinizadas antes das motoras, e o polo occipital antes dos polos temporal e frontal. As fibras de projeção são mielinizadas antes das fibras de associação (1). Alguns autores argumentam que essa sequência ocorre porque as áreas corticais primárias devem ser mielinizadas primeiro para que possam acessar informações estáveis (1). A mielinização continua a ocorrer rapidamente durante toda a primeira infância, acelerando entre 12-16 meses e desacelerando dos 2-5 anos. Aos 5 anos, o volume de substância branca mielinizada no cérebro representa aproximadamente 80% do volume adulto (1).
Reflexos Primitivos
Uma resposta automática e inata à estimulação é chamada de comportamento reflexo (1). Os reflexos são controlados por centros inferiores do cérebro que governam processos involuntários como respiração e ritmo cardíaco (1). Estima-se que bebês humanos possuam 27 reflexos importantes, muitos presentes ao nascimento ou logo depois (1). Os reflexos primitivos, como sucção, rotação do pescoço e o reflexo de Moro, estão relacionados a necessidades instintivas de sobrevivência e proteção, ou talvez sustentam a ligação inicial com o cuidador (1).
À medida que os centros superiores do cérebro se tornam ativos (entre o segundo e o quarto mês de vida), bebês começam a exibir reflexos posturais (reações a mudanças de posição ou equilíbrio) (1). Reflexos locomotores, como os de marcha automática e natatório, lembram movimentos voluntários que só aparecerão meses após o desaparecimento dos reflexos (1). A maioria dos reflexos iniciais desaparece nos primeiros 6-12 meses. O desaparecimento de reflexos desnecessários, em determinado momento, é sinal de que as vias motoras no córtex foram parcialmente mielinizadas, permitindo a transição para o comportamento voluntário. Assim, a presença ou ausência de certos reflexos pode ser um indicador do desenvolvimento neurológico de um bebê (1).
Plasticidade Cerebral
Embora o desenvolvimento cerebral inicial seja geneticamente orientado, ele é continuamente modificado pela experiência ambiental. A arquitetura física do cérebro reflete as experiências vividas (1). A plasticidade possibilita a aprendizagem (1). Excesso ou falta de estímulos sensoriais nos primeiros anos de vida podem deixar sequelas no cérebro, à medida que ele se adapta ao ambiente, retardando o desenvolvimento neural ou afetando a estrutura cerebral (1). Pesquisas sugerem que a falta de estímulo ambiental pode inibir o processo normal de poda neural e a otimização das conexões, resultando em menor tamanho de cabeça e redução da atividade cerebral (1). Em contrapartida, uma experiência enriquecida pode estimular o desenvolvimento cerebral e até compensar privações passadas (1). A plasticidade persiste por toda a vida, com neurônios mudando de tamanho e formato em resposta à experiência ambiental (1).
Capacidades Sensoriais Iniciais
As áreas de recompensa do cérebro em desenvolvimento, que controlam a informação sensorial, crescem rapidamente nos primeiros meses de vida, permitindo ao recém-nascido ter alguma noção do que toca, vê, cheira, degusta e ouve (1).
Tato e Dor
O tato é provavelmente o sentido mais importante na primeira infância (1). É o primeiro a se desenvolver e, nos primeiros meses, o sistema sensorial mais maduro (1). Com 32 semanas de gestação, todas as partes do corpo são sensíveis ao toque, sensibilidade que aumenta nos primeiros 5 dias de vida (1).
Recém-nascidos podem sentir e sentem dor. No passado, acreditava-se que não sentiam dor ou não se lembrariam dela, por isso não se usava anestesia em neonatos. No entanto, a anestesia é perigosa para bebês pequenos, então, sempre que possível, utilizam-se métodos alternativos para procedimentos menores como circuncisão, teste do pezinho e vacinas. Por exemplo, bebês demonstram menores reações à dor quando abraçados ou apertados (especialmente com contato pele a pele), amamentados ou quando recebem uma solução doce para sugar (1).
Olfato e Paladar
Os sentidos do olfato e do paladar começam a se desenvolver no útero (1). Os sabores dos alimentos consumidos pela mãe estão presentes no fluido amniótico, o que pode desenvolver preferências por determinados gostos e cheiros ainda no útero (1). Além disso, os sabores dos alimentos que a mãe consome são transmitidos pelo leite materno. A exposição a sabores de alimentos saudáveis via amamentação pode favorecer a aceitação de alimentos saudáveis após o desmame e mais tarde na vida (1). Preferências de paladar desenvolvidas nos primeiros meses podem durar por toda a segunda infância; crianças expostas a sabores diferentes na primeira infância tendem a ter preferências alimentares menos restritas posteriormente (1). Determinadas preferências de paladar parecem basicamente inatas, refletindo uma preferência adaptativa por alimentos com alto teor calórico e proteico e aversão a alimentos que podem ser venenosos ou tóxicos (1).
Audição
A discriminação auditiva desenvolve-se rapidamente após o nascimento. Com apenas 2 dias de idade, bebês já conseguem reconhecer uma palavra escutada no dia anterior (1). Entre 11 e 17 semanas, conseguem reconhecer e lembrar frases inteiras após um curto período (1). Aos 4 meses, os cérebros dos bebês mostram lateralização para a linguagem, semelhante aos adultos: o lado esquerdo do cérebro responde preferencialmente à fala, especialmente na língua materna (1). Com essa idade, eles também preferem músicas típicas de sua experiência cultural (1). Como a audição é fundamental para o desenvolvimento da linguagem, deficiências auditivas devem ser identificadas o mais cedo possível (1).
Visão
A visão é o sentido menos desenvolvido ao nascimento (1). A percepção visual e a capacidade de utilizar informações visuais tornam-se mais importantes à medida que os bebês ficam mais alertas e ativos (1). Os olhos do recém-nascido são proporcionalmente menores que os de um adulto, as estruturas da retina estão incompletas e o nervo óptico ainda não se desenvolveu totalmente. Os olhos do neonato focalizam melhor a uma distância de 30 cm (1), e seu campo de visão periférico é muito estreito (1).
A capacidade de seguir um alvo móvel e a percepção das cores desenvolvem-se rapidamente nos primeiros meses (1). O desenvolvimento dessas habilidades está intimamente relacionado ao amadurecimento do córtex (1). Ao nascer, a acuidade visual é de aproximadamente 20/400, mas melhora rapidamente, alcançando 20/20 por volta dos 8 meses (1). A visão binocular – uso de ambos os olhos para focar, possibilitando a percepção de profundidade e distância – geralmente não se desenvolve antes do quarto ou quinto mês (1).
Bebês têm uma afinidade especial por rostos (1), preferindo olhar para o rosto da própria mãe a olhar para estranhos (1). Alguns meses após o nascimento, começam a prestar mais atenção aos olhos humanos em comparação com outras características. Entre 4 e 8 meses, ao aprender a linguagem, bebês dão atenção especial à boca. Depois, ao dominar elementos básicos da linguagem, sua atenção retorna aos olhos (1). Aos três meses, bebês olham por mais tempo para rostos da própria raça (1). Aos 9 meses, olham por mais tempo para rostos de outras raças e parecem processar rostos da própria raça com mais eficiência (1). Bebês devem ser examinados aos 6 meses para verificar a preferência por fixação visual, alinhamento ocular e sinais de doenças oftalmológicas. Testes de visão mais formais devem começar aos 3 anos de idade (1).
Desenvolvimento Motor
O desenvolvimento motor é caracterizado por uma série de marcos. Bebês aprendem primeiro habilidades simples e as combinam em sistemas de ações cada vez mais complexos, permitindo um espectro mais amplo ou preciso de movimentos e um controle mais eficaz do ambiente (1). Ao aprender a andar, o bebê controla movimentos separados dos braços, pernas e pés antes de combiná-los para dar o primeiro passo (1).
O Teste de Avaliação de Desenvolvimento de Denver é utilizado para mapear o progresso de crianças de 1 mês a 6 anos e identificar aquelas que não estão se desenvolvendo normalmente (1). Ele avalia habilidades motoras grossas (envolvendo músculos maiores), como rolar e apanhar uma bola, e habilidades motoras finas (envolvendo músculos menores), como pegar um chocalho e desenhar um círculo. Também avalia o desenvolvimento da linguagem (saber a definição de palavras), da personalidade e o desenvolvimento social (como sorrir espontaneamente e vestir-se sem ajuda) (1).
Quando se fala sobre o que um bebê “mediano” sabe fazer, refere-se a 50% das normas de Denver, mas a “normalidade” abrange uma ampla faixa (1). As normas de Denver foram desenvolvidas com base em uma população ocidental norte-americana e não são necessariamente válidas para crianças de outras culturas (1). Ao acompanhar o progresso típico do controle da cabeça, mãos e locomoção, percebe-se como esses desenvolvimentos seguem os princípios cefalocaudal (da cabeça para a cauda) e próximo-distal (do centro para as extremidades) (1).
Marcos do Desenvolvimento Motor (1)
Habilidade | Idade (50% das crianças) | Idade (90% das crianças) |
Rolar | 3,2 meses | 5,4 meses |
Pegar chocalho | 3,3 meses | 3,9 meses |
Sentar sem apoio | 5,9 meses | 6,8 meses |
Ficar em pé com apoio | 7,2 meses | 8,5 meses |
Movimento de pinça (polegar e indicador) | 8,2 meses | 10,2 meses |
Ficar em pé sem apoio | 11,5 meses | 13,7 meses |
Andar bem | 12,3 meses | 14,9 meses |
Montar uma torre com dois cubos | 14,8 meses | 20,6 meses |
Subir escadas | 16,6 meses | 21,6 meses |
Pular no mesmo lugar | 23,8 meses | 2,4 anos |
Copiar um círculo | 3,4 anos | 4 anos |
Controle da Cabeça
Ao nascer, a maioria dos bebês consegue virar a cabeça de um lado para o outro enquanto estão deitados de costas (1). De bruços, muitos conseguem erguer a cabeça o suficiente para virá-la (1). Nos primeiros dois ou três meses, eles erguem a cabeça cada vez mais alto, por vezes perdendo o equilíbrio e virando de costas. Por volta dos quatro meses, quase todos os bebês conseguem manter a cabeça ereta quando são segurados ou apoiados em posição sentada (1).
Controle da Mão
Por volta dos 3 meses, a maioria dos bebês consegue agarrar um objeto de tamanho moderado, como um chocalho, mas tem dificuldade em segurar objetos pequenos (1). Entre 7 e 11 meses, as mãos se tornam coordenadas o suficiente para apanhar objetos pequenos, como uma ervilha, usando a preensão de pinça. Por volta dos 15 meses, um bebê mediano consegue montar uma torre com dois cubos. Alguns meses após o terceiro aniversário, uma criança mediana consegue copiar um círculo de forma razoável (1).
Locomoção
Após três meses, um bebê mediano começa a rolar por vontade própria, primeiro de frente para trás, depois de trás para frente (1). Por volta dos 6 meses, já consegue sentar sem apoio, e por volta dos 8 meses, consegue assumir a posição sentada sozinho (1). Entre 6 e 10 meses, a maioria dos bebês começa a se deslocar por conta própria, arrastando-se ou engatinhando (1). Bebês que engatinham tornam-se mais sensíveis à localização, tamanho e mobilidade dos objetos, bem como à sua aparência (1). Bebês aprendem a observar os cuidadores para identificar se uma situação é perigosa ou não, uma habilidade chamada de “referência social” (1).
Segurando na mão de alguém ou apoiando-se em um móvel, o bebê mediano consegue ficar de pé pouco depois dos 7 meses. Ele pode soltar o apoio e ficar de pé sozinho por volta dos 11 meses (1). Durante alguns meses, antes de conseguir ficar de pé sem apoio, os bebês ficam circulando apoiando-se nos móveis. Logo após conseguir ficar em pé sozinho, a criança dá seus primeiros passos sem ajuda (1). Após algumas semanas, logo depois do primeiro aniversário, uma criança média consegue andar razoavelmente bem (1). Durante o segundo ano, a criança começa a subir degraus, um de cada vez, alternando os pés (1). Também no segundo ano, a criança corre e pula (1). Aos 3 anos e meio, a maioria consegue equilibrar-se brevemente em um pé só e começa a saltar (1).
Desenvolvimento Motor e Percepção
Bebês começam a querer agarrar objetos por volta dos 4 ou 5 meses, mas inicialmente não são muito hábeis nisso. Sua trajetória de alcance contém múltiplas correções e mudanças de direção antes de conseguirem apreender um objeto. Por muitos anos, pesquisadores acreditavam que esse processo dependia da orientação visual (1). No entanto, pesquisas recentes revelaram que os movimentos corretivos desajeitados tendem a ilustrar um desenvolvimento cerebelar imaturo. O cerebelo imaturo só consegue fornecer indicações grosseiras dos movimentos necessários para alcançar, que precisam ser corrigidas para serem bem-sucedidas (1). Em vez de usar os olhos para corrigir os movimentos, os bebês primeiro tentam alcançar e depois usam os olhos (1).
A percepção de profundidade, a capacidade de perceber objetos e superfícies em três dimensões, depende de vários tipos de indicativos que afetam a imagem de um objeto na retina (1). Esses indicativos envolvem não apenas a coordenação binocular, mas também o controle motor. Os indicativos cinéticos são produzidos pelo movimento, seja do objeto, do observador ou de ambos (1). Para saber se um objeto se move, o bebê pode manter a cabeça parada por um momento, habilidade que já está bem desenvolvida por volta dos 3 meses (1). A percepção tátil envolve a capacidade de adquirir informação manipulando objetos, e não apenas olhando para eles, incluindo colocar objetos na boca (1). Contudo, os bebês são limitados pelo seu desenvolvimento motor. É somente após desenvolverem coordenação olho-mão suficiente para alcançar e agarrar objetos (geralmente entre 5 e 7 meses) que os bebês conseguem aplicar o sentido do tato de forma mais eficaz para explorar os objetos ao seu redor (1).
Teoria Ecológica da Percepção – Eleanor e James Gibson
Nessa abordagem, o desenvolvimento locomotor depende do aumento da sensibilidade à interação entre suas características físicas em transformação e as novas e variadas características do ambiente (1). Em vez de depender de soluções que funcionaram no passado, com a experiência, os bebês aprendem a avaliar continuamente suas capacidades e ajustar seus movimentos para se adaptar às demandas atuais do ambiente (1). Esse “processo de aprender a aprender” é uma consequência tanto da percepção quanto da ação; envolve exploração visual e manual, testagem de alternativas e resolução flexível de problemas (1). Essa abordagem não considera que o desenvolvimento ocorra em estágios fixos e, portanto, não implica a ideia de que a locomoção se desenvolve em etapas universais relacionadas por função. Em vez disso, é como se o bebê fosse um minicientista, que testa novas ideias em cada situação (1).
Referências Bibliográficas
- PAPALIA, D. E.; MARTORELL, G. Desenvolvimento Humano. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2022. v. 1.