Ácido Pantotênico (Vitamina B5): Fisiologia, Metabolismo e Implicações Clínicas


Ácido Pantotênico (Vitamina B5): Fisiologia, Metabolismo e Implicações Clínicas


Introdução

O ácido pantotênico, também conhecido como vitamina B5, é um nutriente essencial amplamente distribuído em todos os alimentos (3). Ele é fundamental para diversas reações químicas do metabolismo energético, atuando como parte da coenzima A (CoA) (2).


Absorção e Metabolismo

O ácido pantotênico é absorvido no intestino delgado por transporte ativo, através de um mecanismo dependente de um transportador específico ligado à membrana apical, o transportador multivitamínico sódio-dependente (TMSD) (3, 4). Em seguida, é transportado pela via portal até o fígado, onde é novamente absorvido por transporte ativo dependente de sódio (3, 4).

Nos hepatócitos, o ácido pantotênico é convertido à sua forma ativa, a coenzima A (CoA), e ao ácido pantotênico (ACP), atuando como carreador de grupos acil e como ativador de grupos carbonil (para piruvato desidrogenase e alfa-cetoglutarato desidrogenase). A CoA e o ACP são essenciais no ciclo de Krebs, na beta-oxidação de ácidos graxos e no metabolismo da leucina (3).

Enquanto a absorção do ácido pantotênico pelos tecidos (coração, músculo e fígado) ocorre por mecanismo ativo e dependente de sódio, o sistema nervoso central capta a vitamina via difusão facilitada (3). A maior parte do ácido pantotênico no sangue (85-90%) está na forma de CoA nos eritrócitos, com apenas uma pequena quantidade de ácido pantotênico livre no plasma (3).


Recomendações Nutricionais e Fontes

Recomendações de Ingestão Adequada (AI)

  • Adultos (AI > 14 anos): 5 mg/dia (1)
  • Gestantes (AI): 6 mg/dia (4)
  • Lactantes (AI): 7 mg/dia (3)
  • Limite Superior de Tolerância (UL): Não foram estabelecidos valores (3).

Fontes Alimentares

O ácido pantotênico é amplamente distribuído em todos os alimentos (3).


Avaliação Bioquímica e Deficiência

Não há testes funcionais específicos que possam ser aplicados para a avaliação nutricional do ácido pantotênico, e há uma grande variação individual nos testes avaliados (3).

A deficiência de ácido pantotênico é rara, sendo relatada apenas em casos de desnutrição grave (3). Experimentos de depleção encontraram os seguintes sintomas de deficiência:

  • Alterações neuromotoras (3).
  • Depressão mental (3).
  • Manifestações gastrointestinais (3).
  • Aumento da sensibilidade à insulina (3).
  • Diminuição do colesterol e da esteroidogênese (3).
  • Aumento da suscetibilidade a infecções (3).

Segurança e Toxicidade

O ácido pantotênico apresenta pouca toxicidade. Ingestões de 10g/dia de pantotenato de cálcio por mais de seis semanas não causaram efeitos adversos aparentes (3).


Implicações Clínicas e Desempenho

Desempenho Esportivo

A suplementação de ácido pantotênico não gerou melhora no desempenho aeróbio. No entanto, um estudo mostrou uma diminuição na concentração de ácido lático com a suplementação (1).

Artrite Reumatoide

Alguns estudos encontraram baixas concentrações sanguíneas de ácido pantotênico em pacientes com artrite reumatoide, com trabalhos demonstrando benefícios com a suplementação (3). Contudo, são necessárias mais pesquisas para a confirmação desses resultados (3).


Referências Bibliográficas

  1. KERKSICK, C. M. et al. ISSN exercise & sports nutrition review update: Research & recommendations. J Int Soc Sports Nutr., v. 15, n. 1, p. 1–57, 2018.
  2. LANCHA JR., A. H.; ROGERI, P. S.; PEREIRA-LANCHA, L. O. Suplementação Nutricional no Esporte. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. 266 p.
  3. COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de Nutrientes. 6. ed. São Paulo: Manole, 2020. 934 p.
  4. JEUKENDRUP, A. E.; GLEESON, M. Nutrição no Esporte – Diretrizes Nutricionais, Bioquímica e Fisiologia do Exercício. 3. ed. São Paulo: Manole, 2021. 559 p.