Hemorragia do Intestino Delgado: Diagnóstico e Abordagens Terapêuticas


Hemorragia do Intestino Delgado: Diagnóstico e Abordagens Terapêuticas


Introdução

A hemorragia do intestino delgado é uma condição clínica menos comum, correspondendo a apenas 3-5% dos casos de hemorragia digestiva. Pode apresentar-se como hemorragia digestiva alta ou baixa, dependendo da localização específica do sangramento em relação ao ligamento de Treitz.


Possíveis Diagnósticos

A etiologia da hemorragia do intestino delgado é variada, com algumas causas sendo mais prevalentes:

  • Angiodisplasia: Esta é a causa mais comum, responsável por 70-80% dos casos de sangramento no intestino delgado. A angiodisplasia é caracterizada por uma malformação vascular degenerativa do trato gastrointestinal, com vasos sanguíneos frágeis e propensos a vazamentos. O sangramento pode ser oculto ou ativo. Geralmente, episódios isolados de sangramento angiodisplásico não exigem tratamento específico, uma vez que as lesões não costumam apresentar sangramento recorrente em 50% dos casos (1).
  • Tumores: Correspondem a 5-10% dos casos de sangramento do intestino delgado. Desses, aproximadamente 1/3 são de natureza benigna, enquanto 2/3 são malignos (1).
  • Causas Menos Comuns: Outras etiologias incluem doenças ulcerativas, divertículo de Meckel, Síndrome de Zollinger-Ellison, infecções, uso de certos medicamentos, vasculites, enterite por radiação, divertículos jejunais e outras lesões vasculares (1).

Opções Laboratoriais e de Imagem

O diagnóstico da hemorragia do intestino delgado pode ser desafiador e envolve a utilização de diversas ferramentas:

  • Radiografia Simples de Abdome: Pode fornecer evidências de obstrução, sugerindo estenose ou tumor, mas não é considerada diagnóstica para a hemorragia em si (1).
  • Radiografia Contrastada: Este é frequentemente o exame inicial em pacientes com suspeita de sangramento do intestino delgado, especialmente quando as avaliações do trato gastrointestinal superior e inferior não são conclusivas. No entanto, possui um baixo rendimento diagnóstico (1).
  • Exames Endoscópicos (EGD): Uma esofagogastroduodenoscopia (EGD) de rotina é capaz de alcançar a junção da segunda e terceira porção do duodeno, permitindo a avaliação dessa área (1).
  • Angiografia: Este procedimento é capaz de detectar uma taxa de sangramento de 0,5 mL/min. Identifica o local do sangramento em 50-72% dos casos de sangramento maciço, mas em apenas 25-50% dos casos de sangramento lento (1).
  • Cintilografia: A cintilografia com tecnécio-99 (99mTc) é altamente sensível, detectando sangramentos de até 0,1 mL/min. Embora consiga definir uma área geral de sangramento, é incapaz de identificar a fonte precisa (1).

Avaliação Cirúrgica

Em casos de difícil diagnóstico ou sangramento recorrente, a intervenção cirúrgica pode ser necessária:

  • Enteroscopia Intraoperatória: Este procedimento envolve o avanço manual do intestino sobre um endoscópio, sendo a maneira mais comum de examinar todo o intestino delgado. É altamente bem-sucedida, identificando uma fonte hemorrágica em 83-100% dos casos (1).
  • Cirurgia Exploratória: Geralmente considerada para pacientes com hemorragia digestiva recorrente de origem incerta, quando outras abordagens diagnósticas foram infrutíferas (1).

Referências Bibliográficas

  1. WILLIMSON, M. A.; SNYDER, L. M. Wallach – Interpretação de Exames Laboratoriais. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 1225 p.