Hemorragia Digestiva Baixa: Diagnóstico e Manejo


Hemorragia Digestiva Baixa: Diagnóstico e Manejo


Introdução

A hemorragia digestiva baixa (HDB) é definida como qualquer sangramento que se origina distalmente ao ligamento de Treitz, sendo frequentemente associada a sangramentos de origem colônica. Em situações em que a distinção entre hemorragia digestiva alta e baixa não é clara na avaliação inicial, a investigação do trato gastrointestinal superior deve ser prioritária, visto que é a fonte mais comum de hemorragia digestiva maciça (1).


Etiologias Comuns da Hemorragia Digestiva Baixa

A HDB pode ser causada por diversas condições, com variações na prevalência de acordo com a faixa etária do paciente:

  • Diverticulose: Esta é a causa mais frequente, correspondendo a aproximadamente 33% dos casos. Caracteristicamente, o sangramento é indolor e ocorre sem a presença de diverticulite (1).
  • Angiodisplasia: É frequentemente diagnosticada em pacientes idosos e constitui cerca de 28% dos casos. O sangramento tende a ser autolimitado e, na maioria das vezes, origina-se no cólon direito (1).
  • Neoplasias (malignas e benignas): Representam aproximadamente 19% dos diagnósticos de HDB (1).
  • Colite (ulcerativa, de Crohn, isquêmica, pseudomembranosa, doença infecciosa): As colites, em suas diversas formas, são responsáveis por cerca de 18% dos casos (1).
  • Patologia anorretal benigna: Em pacientes mais jovens (com menos de 35 anos), esta é a etiologia mais comum, incluindo condições como o sangramento hemorroidário. Corresponde a aproximadamente 3% dos casos (1).

Avaliação Diagnóstica

A abordagem diagnóstica da HDB envolve uma série de exames para identificar a origem e a gravidade do sangramento:

Avaliação Inicial

A avaliação laboratorial inicial deve incluir coagulograma (tempo de protrombina – TP, tempo de tromboplastina parcial – TTP, contagem de plaquetas), hemograma completo, dosagem de ureia sanguínea e creatinina, além de ferritina (1).

Exames Endoscópicos

Presumindo a exclusão de hemorragia digestiva alta – que pode ser feita pela obtenção de líquido bilioso não sanguinolento através de lavagem nasogástrica – a colonoscopia é o exame de escolha. A colonoscopia é capaz de identificar a fonte do sangramento em aproximadamente 80% dos pacientes e auxiliar no controle do sangramento em até 40% dos casos, além de ser útil na avaliação pré-operatória (1).

Sangue Oculto nas Fezes

O teste de sangue oculto nas fezes apresenta limitações diagnósticas, detectando menos de 50% dos cânceres e apenas 10% dos adenomas (1).


Referências Bibliográficas

  1. WILLIMSON, M. A.; SNYDER, L. M. Wallach – Interpretação de Exames Laboratoriais. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 1225 p.