Potencial Terapêutico de Vitex agnus-castus em Distúrbios Ginecológicos


Potencial Terapêutico de Vitex agnus-castus em Distúrbios Ginecológicos


Introdução

A Vitex agnus-castus, também conhecida como alecrim-de-angola ou pimenta dos monges, é uma planta medicinal com uso tradicional no manejo de diversas condições ginecológicas.


Nomenclatura e Partes Utilizadas

A Vitex agnus-castus é popularmente referida como alecrim-de-angola, pimenta dos monges e árvore da castidade. As partes utilizadas para fins terapêuticos são os frutos ou as folhas (1).

Compostos Bioativos

As propriedades farmacológicas da Vitex agnus-castus são atribuídas a uma variedade de compostos bioativos, incluindo (1):

  • Iridoides: Agnusídeo, aucubina, eurostosídeo.
  • Diterpenoides bicíclicos com estrutura tipo labdano: Rotundifurano, viteagnusina, viteagnusídeos A-C.
  • Flavonoides: Crisoplenetina, crisoplenol D, cinarosídeo, apigenina, luteolina, penduletina.
  • Óleo Essencial
  • Princípios Amargos: Castina.
  • Taninos

Os extratos são frequentemente padronizados em flavonoides (casticina) e/ou iridoides (agnusídeo), sendo a casticina a referência para a farmacopeia europeia (1).


Posologia Recomendada

A dosagem da Vitex agnus-castus varia conforme a forma de apresentação:

  • Fruto seco: 0,5-1g, administrado 3 vezes ao dia (1).
  • Tintura (1:5): 1-5 mL por dia (1).
  • Extrato seco padronizado a 0,5% de agnusídeo: 30-60 mg/dia (1).

Contraindicações e Precauções

É essencial considerar as seguintes contraindicações e precauções no uso da Vitex agnus-castus:

  • Pode induzir aumento do fluxo menstrual (1).
  • Pode causar cefaleia (1).
  • Não deve ser empregado concomitantemente com outras terapias hormonais (1).
  • É contraindicado durante a gestação e lactação devido à ausência de estudos conclusivos (1).
  • Deve-se evitar o uso em conjunto com substâncias que atuem como agonistas ou antagonistas dopaminérgicos (1).

Principais Indicações Clínicas

As principais indicações para a Vitex agnus-castus incluem:

  • Tensão Pré-Menstrual (TPM) / Mastalgia (1).
  • Dismenorreia, amenorreia, menorragia – associadas à deficiência do corpo lúteo (1).
  • Hiperprolactinemia (1).
  • Síndrome climatérica (1).

Evidências Científicas

Tensão Pré-Menstrual (TPM) e Mastalgia

A maioria dos estudos demonstra que o extrato de Vitex agnus-castus, particularmente os diterpenoides, exerce ação dopaminérgica (D2). Essa ação é evidenciada por sua antagonização pelo haloperidol e pela inibição da prolactina (1).

Um estudo que avaliou 20 mg/dia do extrato ZE440, padronizado em casticina, administrado por três ciclos menstruais, verificou uma redução significativa na pontuação dos sintomas da TPM em mulheres que utilizaram o extrato, em comparação com o grupo placebo. Neste estudo, foi observada uma taxa de melhora global de 52% (1).

Uma meta-análise de seis estudos, envolvendo mais de 100 participantes, concluiu que os resultados obtidos com os extratos de Vitex agnus-castus foram superiores aos do placebo (1). Dois desses estudos empregaram 40 mg de extrato seco padronizado, equivalente a produtos comerciais como AgnuCaston e Cyclodynon (1).

Outros dois estudos investigaram a atividade do Vitex agnus-castus, utilizando doses diárias de 20-40 mg em distúrbios pré-menstruais. Observou-se que o tratamento foi equivalente à fluoxetina, porém mais eficaz em queixas físicas (1). Adicionalmente, foi verificada uma capacidade de redução na frequência dos ataques de enxaqueca em mulheres com TPM (1).


Referências Bibliográficas

  1. SAAD, G. A.; LÉDA, P. H. O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea: Tradição e Ciência na prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.

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