Corpos Cetônicos: Metabolismo, Efeitos e Suplementação em Atletas

Corpos Cetônicos: Metabolismo, Efeitos e Suplementação em Atletas


Introdução

Em contextos de baixa disponibilidade de carboidratos, o metabolismo hepático se adapta para produzir corpos cetônicos, que se tornam uma fonte de energia alternativa para diversos tecidos. A compreensão desse mecanismo é crucial, especialmente quando se considera a suplementação de corpos cetônicos no esporte.


Mecanismo de Produção e Utilização

Na ausência ou redução significativa de carboidratos, o fígado altera seu perfil metabólico. De um órgão que utiliza carboidratos e sintetiza lipídios, ele se transforma em um “queimador” de lipídios e sintetizador de corpos cetônicos (1). Estes últimos são produtos da desintegração incompleta dos ácidos graxos no fígado (1).

Os corpos cetônicos são compostos ricos em energia, que incluem o acetoacetato, o β-hidroxibutirato e a acetona (1). Eles são transportados do fígado para a corrente sanguínea e utilizados por órgãos como o coração, os músculos esqueléticos e o cérebro (1). No cérebro, os corpos cetônicos produzidos durante o jejum exercem efeitos anticonvulsivantes (1).

Alguns sinais físicos indicativos de que o corpo está em estado de cetose incluem: sede, micção frequente, hálito adocicado e diminuição do apetite (1).


Suplementação de Corpos Cetônicos

A suplementação de ésteres de cetona tem sido proposta com o objetivo de modificar a hierarquia de utilização de nutrientes em atividades de resistência, favorecendo o uso de cetonas e lipídios e, consequentemente, poupando o glicogênio muscular (1). Contudo, a redução da atividade glicolítica resultante dessa modificação metabólica pode levar à perda de potência para o atleta, especialmente em atividades que dependem da glicólise anaeróbia (1).

Estudos têm demonstrado um aumento na oxidação de lipídios com a suplementação de β-hidroxibutirato em intensidades submáximas (entre 30% e 60% do VO2 máx). No entanto, o desempenho do grupo suplementado mostrou-se inferior, particularmente em modalidades que exigem alta intensidade (1). Isso sugere que, embora a suplementação possa alterar o perfil de utilização de substratos, ela pode não se traduzir em melhora de desempenho em todas as situações, e em alguns casos, pode até ser prejudicial em atividades que demandam alta potência.


Referências Bibliográficas

  1. LANCHA JR., A. H.; ROGERI, P. S.; PEREIRA-LANCHA, L. O. Suplementação Nutricional no Esporte. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.

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