Neuropatias Diabéticas: Definição, Diagnóstico e Manejo Terapêutico


Neuropatias Diabéticas: Definição, Diagnóstico e Manejo Terapêutico


Introdução

As neuropatias diabéticas (ND) representam a complicação crônica de maior prevalência no diabetes mellitus (DM), frequentemente subdiagnosticada e subtratada (1). Dentre elas, a neuropatia periférica diabética (NPD) manifesta-se precocemente, com características polimórficas e insidiosas. Metade dos indivíduos permanece assintomática por longos períodos, enquanto a outra metade desenvolve dor neuropática aguda ou crônica (com duração inferior ou superior a três meses, respectivamente), configurando a neuropatia periférica diabética dolorosa (NPDD) (1).


Classificação

O conceito de neuropatia diabética na literatura é definido pela presença de sinais ou sintomas de disfunção nervosa, que podem ser difusos ou focais, em pacientes com DM, após a exclusão de outras etiologias (1).

A neuropatia periférica diabética (NPD), sendo a forma mais comum de ND, é caracterizada como uma “lesão difusa, simétrica, distal e progressiva das fibras sensitivo-motoras e autonômicas, resultantes da hiperglicemia crônica e de fatores de risco cardiovasculares” (1).

A NPD manifesta-se com dor neuropática na área corporal afetada, que tipicamente piora em repouso e durante o sono, e melhora com atividade física (1). O termo NPD é frequentemente empregado como sinônimo de neuropatia sensitivo-motora e/ou polineuropatia diabética (1).

Classificação atual das neuropatias diabéticas (ND):

(1)


Diagnóstico

Em indivíduos com DM, o diagnóstico da NPD é fundamentalmente clínico, baseando-se na identificação de dois ou mais testes ou sinais neurológicos alterados (1). O diagnóstico deve ser confirmado após a exclusão de outras causas, independentemente da presença de sintomas (1).

É ideal que a metodologia diagnóstica empregada seja capaz de avaliar tanto as fibras nervosas finas (as primeiras a serem comprometidas, incluindo sensibilidade térmica e dolorosa, e função sudomotora) quanto as fibras nervosas grossas (reflexos tendíneos, sensibilidade vibratória, tátil e de posição) (1).

O diagnóstico de NPD é de exclusão (1). Dessa forma, outras neuropatias não diabéticas, como aquelas associadas à deficiência de vitamina B12, etilismo, hipotireoidismo, síndrome do túnel do carpo, excesso de vitamina B6, uso de certas drogas, substâncias neurotóxicas e metais pesados, devem ser consideradas. Essas condições podem coexistir em indivíduos diabéticos (1).


Rastreamento

Todos os pacientes com DM devem ser submetidos a rastreamento para neuropatia periférica diabética no momento do diagnóstico de DM tipo 2 e cinco anos após o diagnóstico de DM tipo 1 (1). Pacientes com resultados de rastreamento negativos devem ser reavaliados anualmente (1).


Tratamento

O tratamento da NPD fundamenta-se em três princípios essenciais:

  1. Tratamento de base: Além do controle glicêmico, este princípio abrange o manejo dos fatores de risco cardiovasculares, incluindo o controle da hipertensão arterial, da albuminúria, dos lipídeos, do peso corporal, e a cessação do etilismo e tabagismo (1).
  2. Tratamento restaurador (ou fisiopatológico): Este componente terapêutico compreende a fisioterapia (com exercícios específicos), a administração de ácido alfa-lipóico e, quando clinicamente indicado, a reposição de vitamina D e B12 (1).
  3. Tratamento sintomático: Pode ser farmacológico ou não farmacológico, sendo direcionado ao controle da dor periférica (1).

É importante observar que, uma vez estabelecida, a NPD é uma condição irreversível, e seu manejo visa primordialmente retardar a progressão da doença e prevenir suas complicações (1).


Referências Bibliográficas

  1. ROLIM, L. C. et al. Diagnóstico e tratamento da neuropatia periférica diabética. In: Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes. Conectando Pessoas, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.29327/557753.2022-14.