Avaliação da Capacidade Física: Teste Ergométrico e Ergoespirométrico


Avaliação da Capacidade Física: Teste Ergométrico e Ergoespirométrico


Introdução

A avaliação da capacidade física é essencial para atletas e indivíduos que buscam otimizar seu desempenho e saúde. O teste de esforço máximo, seja em campo, esteira ou bicicleta ergométrica, fornece parâmetros cruciais como frequência cardíaca, pressão arterial, consumo máximo de oxigênio e limiares ventilatórios, que juntos, oferecem uma visão abrangente do condicionamento físico e da eficiência metabólica.


Parâmetros do Teste de Esforço Máximo

O teste de esforço máximo (ergométrico) pode ser realizado em campo, em esteira ou em bicicleta ergométrica (1). Os principais parâmetros avaliados são (1):

  • Frequência cardíaca: Em repouso, durante o exercício e na recuperação.
  • Pressão arterial: Em repouso, no esforço e na recuperação.
  • Consumo máximo de oxigênio (VO2max).
  • Limiares ventilatórios.

O consumo máximo de oxigênio (VO2max) reflete a capacidade máxima de uma pessoa de captar, transportar e utilizar o oxigênio, e está diretamente ligado ao gasto calórico durante uma atividade física (1). Os principais determinantes do desempenho de um esportista de endurance são o VO2max e a porcentagem desse VO2max que ele pode manter durante um exercício prolongado (1).

Quando o teste é realizado em conjunto com a análise de gases, conhecido como teste ergoespirométrico, outros dois parâmetros importantes podem ser precisamente determinados: os limiares ventilatórios (1).

  • O primeiro limiar, também chamado de limiar aeróbio, representa o ponto a partir do qual o indivíduo entra em atividade aeróbia, em que predomina o consumo de gordura como principal fonte energética (1).
  • Já o segundo limiar, o ponto de compensação respiratória, representa o ponto em que há um aumento desproporcional na ventilação, ou seja, o metabolismo aeróbio não é mais suficiente para suprir a demanda imposta pelo exercício (1).

Metabolismo Energético no Exercício

No início de um exercício, a maior parte da energia fornecida para a atividade vem de fontes energéticas primárias e prontamente disponíveis: trifosfato de adenosina (ATP) e creatina fosfato (CP) (1). Com a continuidade da atividade física, o glicogênio muscular começa a ser mais utilizado, de forma que o metabolismo dos carboidratos passa a predominar sobre as outras fontes energéticas (1).

No entanto, o metabolismo dos carboidratos não é o mais eficiente em termos de fornecimento de grandes quantidades de energia para uma atividade física de longa duração. Para esse tipo de atividade, o metabolismo aeróbio é acionado como principal fornecedor de energia (1). A via aeróbia pode ocorrer tanto a partir da oxidação de carboidratos quanto pela oxidação de lipídios (1).

O teste ergoespirométrico fornece aos profissionais alguns detalhes essenciais sobre o condicionamento físico do praticante. Um teste com um intervalo de tempo muito curto entre os dois limiares ventilatórios pode indicar baixo condicionamento aeróbio, o que é muito importante para atividades de longa duração (1).

Outra forma de se obter resultados comparáveis aos do teste ergoespirométrico é por meio da detecção dos limiares de lactato sanguíneo (1). Esse tipo de teste é bastante utilizado em atletas devido à possibilidade de ser realizado em campo (1). Ele reflete o aumento da concentração de lactato sanguíneo, que ocorre concomitantemente com o aumento da demanda energética, causado pela crescente necessidade de utilização do sistema anaeróbio em um exercício de alta intensidade (1). É importante destacar que o ácido lático não é o principal determinante da fadiga. O aumento do ácido lático intracelular muscular indica que as taxas de oxigênio mitocondrial não são suficientes para a ressíntese de ATP. Por isso, seu aumento no sangue serve como indicador do predomínio da ressíntese de ATP pela via anaeróbia (1).


Respiração no Exercício

A respiração, embora seja de pouca importância para o desempenho em modalidades de velocidade, é crucial para o desempenho em modalidades de endurance (2).

Consumo de Oxigênio e Ventilação Pulmonar no Exercício

O consumo normal de oxigênio para um homem jovem em repouso é de 250 ml/min (2). No entanto, em condições de esforço máximo, esse consumo pode aumentar para aproximadamente (2):

  • Homens destreinados: 3.600 ml/min
  • Homens treinados: 4.000 ml/min
  • Maratonistas masculinos: 5.100 ml/min

Existe uma relação linear: tanto o consumo de oxigênio quanto a ventilação pulmonar total aumentam cerca de 20 vezes entre o estado de repouso e a intensidade máxima do exercício em atletas bem treinados (2).

Limites da Ventilação Pulmonar

Em um homem jovem e normal, os limites da ventilação pulmonar são (2):

  • Ventilação pulmonar no exercício máximo: 100-110 l/min
  • Capacidade respiratória máxima: 150-170 l/min

A capacidade respiratória máxima é cerca de 50% maior do que a ventilação pulmonar real durante o exercício (2). Essa diferença proporciona um fator de segurança para os atletas, dando a eles uma ventilação extra que pode ser utilizada em determinadas condições, como (2):

  • Exercício em altitudes elevadas.
  • Exercícios em condições extremamente quentes.
  • Anormalidades no sistema respiratório.

O sistema respiratório, normalmente, não é o fator limitante do fornecimento de oxigênio aos músculos durante o metabolismo aeróbio muscular máximo (2). A capacidade do coração de bombear sangue para os músculos constitui, habitualmente, o fator limitante mais importante (2).


Efeitos do Tabagismo na Ventilação Pulmonar Durante o Exercício

O tabagismo afeta a ventilação pulmonar de diversas maneiras (2):

  • Um dos efeitos da nicotina é a constrição dos bronquíolos, aumentando a resistência ao fluxo de ar para dentro e para fora dos pulmões.
  • Os efeitos irritativos da fumaça causam um aumento da secreção de líquidos na árvore brônquica, bem como edema dos revestimentos epiteliais.
  • A nicotina paralisa os cílios da superfície das células epiteliais respiratórias, que normalmente batem continuamente para remover o excesso de líquidos e partículas estranhas das vias respiratórias.

Como consequência, muita secreção e restos celulares acumulam-se nas vias respiratórias, dificultando ainda mais a respiração (2). Até mesmo um fumante moderado sente cansaço respiratório durante o exercício máximo, e o desempenho pode ser reduzido (2).


Referências Bibliográficas

  1. Hirschbruch MD. Nutrição esportiva – Uma visão prática. 3. ed. Barueri: Manole; 2014. 496 p.
  2. Hall JE, Guyton AC. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2017. 1–1176 p.