Abdome Agudo: Diagnóstico Diferencial e Abordagem Clínica


Abdome Agudo: Diagnóstico Diferencial e Abordagem Clínica


Introdução

O abdome agudo é definido como um episódio de dor abdominal intensa com várias horas de duração, que exige atenção médica imediata (1). A diversidade de condições que podem desencadear esse quadro clínico torna o diagnóstico diferencial um desafio complexo e crucial.


Diagnóstico Diferencial

O diagnóstico diferencial do abdome agudo baseia-se, em parte, na localização anatômica da dor (1). Diversas condições, nem todas de origem abdominal, podem mimetizar um abdome agudo, incluindo: pneumonia dos lobos inferiores, infarto agudo do miocárdio, cetoacidose diabética, hepatite aguda, porfiria, hemorragia suprarrenal e problemas musculoesqueléticos (1).

Localização Anatômica e Etiologias Possíveis

A seguir, uma lista das possíveis etiologias baseadas na localização predominante da dor abdominal:

  • Dor no Quadrante Superior Direito (QSD):
    • Colecistite (1)
    • Coledocolitíase (1)
    • Colangite (1)
    • Hepatite (1)
    • Tumores hepáticos (1)
    • Abscesso hepático (1)
    • Apendicite (1)
    • Úlcera péptica (1)
    • Úlcera perfurada (1)
    • Pancreatite (1)
    • Gastrite (1)
    • Pielonefrite (1)
    • Nefrolitíase (1)
    • Pneumonia (1)
  • Dor no Quadrante Superior Esquerdo (QSE):
    • Úlcera péptica (1)
    • Úlcera perfurada (1)
    • Gastrite (1)
    • Doença esplênica (ex: infarto, abscesso ou ruptura) (1)
    • Doença do refluxo gastroesofágico (1)
    • Aneurisma dissecante de aorta (1)
    • Pielonefrite (1)
    • Nefrolitíase (1)
    • Hérnia hiatal (1)
    • Síndrome de Boerhaave (ruptura de esôfago) (1)
    • Laceração de Mallory-Weiss (1)
    • Diverticulite (1)
    • Obstrução intestinal (1)
  • Dor no Quadrante Inferior Direito (QID):
    • Apendicite (1)
    • Divertículo de Meckel (1)
    • Diverticulite cecal (1)
    • Colecistite (1)
    • Cólon perfurado (1)
    • Câncer de cólon (1)
    • Infecção urinária (1)
    • Obstrução do intestino delgado (1)
    • Doença inflamatória intestinal (DII) (1)
    • Nefrolitíase (1)
    • Pielonefrite (1)
    • Encarceramento intestinal (1)
  • Dor no Quadrante Inferior Esquerdo (QIE):
    • Diverticulite (1)
    • Vólvulo sigmoide (1)
    • Cólon perfurado (1)
    • Câncer de cólon (1)
    • Infecção urinária (1)
    • Obstrução do intestino delgado (1)
    • DII (1)
    • Nefrolitíase (1)
    • Pielonefrite (1)
    • Encarceramento intestinal (1)
  • Dor Mesoepigástrica:
    • Úlcera péptica (1)
    • Úlcera perfurada (1)
    • Pancreatite (1)
    • Aneurisma da aorta abdominal (1)
    • Varizes esofágicas (1)
    • Hérnia hiatal (1)
    • Síndrome de Boerhaave (ruptura de esôfago) (1)
    • Laceração de Mallory-Weiss (1)
  • Dor no Quadrante Inferior – Causas Ginecológicas (em mulheres):
    • Mittelschmerz (dor na ovulação) (1)
    • Cisto ovariano (1)
    • Endometriose (1)
    • Miomas (1)
    • Torção ovariana (1)
    • Doença inflamatória pélvica (DIP) (1)
    • Tumor de ovário (1)
    • Gravidez ectópica (1)
    • Infecção de útero (1)
    • Ameaça de aborto (1)
    • Dor no ligamento redondo secundária à gravidez (1)
    • Ruptura de cisto ovariano (1)

Exames Complementares

A avaliação diagnóstica do abdome agudo geralmente envolve uma combinação de exames laboratoriais e de imagem.

Exames Laboratoriais

  • Hemograma completo (1)
  • Função hepática (1)
  • Amilase e lipase (1)
  • Coagulograma (1)
  • Exame de urina (1)
  • Teste de gravidez (1) – O beta-HCG deve ser avaliado em todas as mulheres em idade fértil para descartar a possibilidade de gravidez ectópica (1).
  • Se houver suspeita de isquemia intestinal, é fundamental obter os níveis de ácido lático, pois valores elevados estão associados à hipoperfusão tecidual (1).

Exames de Imagem

  • Radiografia de tórax: Deve ser realizada em todos os indivíduos para descartar a presença de ar livre (pneumoperitônio) e considerar a pneumonia como causa, já que pode se manifestar como abdome agudo (1).
  • Radiografia de abdômen: É eficaz para a detecção de obstrução intestinal ou pneumoperitônio (1). É necessário obter incidências em posição ortostática e em decúbito dorsal (1).
  • Tomografia Computadorizada (TC): Pode ser utilizada para o diagnóstico de apendicite em pacientes com sintomas ambíguos (1).
  • Arteriografia: Deve ser realizada quando houver forte suspeita de isquemia mesentérica (1).

Referências Bibliográficas

  1. WILLIMSON, M. A.; SNYDER, L. M. Wallach – Interpretação de Exames Laboratoriais. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 1225 p.