Ácido Linoleico Conjugado (CLA): Aspectos Químicos, Indicação e Segurança


Ácido Linoleico Conjugado (CLA): Aspectos Químicos, Indicação e Segurança


Introdução

O Ácido Linoleico Conjugado (CLA) é um termo que engloba um grupo de isômeros do ácido linoleico, com potenciais benefícios à saúde. No entanto, sua segurança e eficácia como suplemento ainda são objeto de debate na comunidade científica e regulatória.


Caracterização e Fontes do CLA

A denominação Ácido Linoleico Conjugado (CLA) refere-se a uma classe de isômeros posicionais e geométricos, totalizando 28 isômeros distintos (1). O CLA é sintetizado em animais ruminantes a partir dos ácidos graxos linoleico (18:2) e alfalinolênico (18:3), derivados da dieta desses animais (1). Dentre os isômeros, os mais comuns e abundantes na natureza são o ácido graxo linoleico (18:2) cis-9-trans-11 e o (18:2)trans-10, cis-12 (1).

O CLA é predominantemente armazenado no tecido adiposo de animais ruminantes e também é encontrado em produtos lácteos, especialmente em queijos com maior teor de gordura (1). Apesar dessas fontes naturais, a fração de CLA presente em sua composição é geralmente muito pequena (1).


Indicações e Mecanismos de Ação

Atualmente, diversos benefícios são atribuídos à suplementação de CLA em estudos com animais e humanos. Tais benefícios incluem sua aplicação no tratamento do câncer, melhora do estresse oxidativo, aterosclerose, formação e composição óssea, manejo da obesidade e do diabetes, além de seu impacto no sistema imunológico (1).

Efeitos na Lipólise

O CLA é associado ao aumento de citocinas inflamatórias no tecido adiposo (1). Ele estimula as células do estroma a produzir IL-1 β, IL-6 e TNF-α, e também induz os próprios adipócitos a secretar esses agentes inflamatórios (1). Essas citocinas atuam no adipócito, estimulando a lipólise e induzindo a delipidação (1).

Esse efeito inflamatório no tecido adiposo também tem sido associado a outros efeitos adversos observados em estudos com animais, como esteatose hepática e resistência à insulina (1). Embora estudos em humanos não tenham demonstrado consistentemente esses efeitos adversos da suplementação, a segurança do consumo de CLA a longo prazo permanece questionável (1).


Eficácia na Perda de Peso

Não há evidências científicas robustas que comprovem a eficácia da suplementação de CLA para a perda de peso (1).


Efeitos no Desempenho Físico

A maioria dos estudos indica que a suplementação de CLA não resultou em melhora da capacidade aeróbia ou aumento do tempo até a fadiga durante o exercício (1). Entretanto, algumas pesquisas sugeriram que a suplementação de CLA pode ser eficaz em induzir uma maior ressíntese de glicogênio muscular, diminuir a liberação de citocinas inflamatórias durante o exercício exaustivo e aumentar a testosterona plasmática (1).


Segurança e Regulamentação

A segurança da suplementação de CLA é questionada, visto que muitos estudos apontam para potenciais efeitos colaterais como aumento da inflamação no tecido adiposo, esteatose hepática e resistência à insulina (1). Em decorrência dessas preocupações, a fabricação, importação e comercialização de CLA estão proibidas no Brasil desde 2007, conforme a Resolução RDC nº 833 da Anvisa (1). Atualmente, não há comprovação de segurança ou de benefícios claros com o uso desse suplemento (1).


Referências Bibliográficas

  1. LANCHA JR., A. H.; ROGERI, P. S.; PEREIRA-LANCHA, L. O. Suplementação Nutricional no Esporte. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. 266 p.

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