Ácidos Graxos Não Esterificados (AGNE): Metabolismo e Implicações Clínicas
Introdução
Os ácidos graxos não esterificados (AGNE), também conhecidos como ácidos graxos livres, são produtos da degradação de lipoproteínas e triglicerídeos. Eles representam os principais constituintes dos triglicerídeos e fosfolipídios, classificando-se de acordo com o comprimento da cadeia carbônica (curta, média ou longa) e a presença de duplas ligações (saturados, monoinsaturados ou poli-insaturados).
Definição e Classificação
Os ácidos graxos não esterificados (AGNE) são moléculas lipídicas formadas a partir da degradação de lipoproteínas e triglicerídeos (1). Eles são os blocos construtores fundamentais dos triglicerídeos e fosfolipídios (2). Os AGNE podem ser classificados com base no comprimento de sua cadeia carbônica em cadeia curta, média ou longa. Adicionalmente, são categorizados pela presença e número de duplas ligações em sua estrutura, sendo:
- Saturados: Sem duplas ligações.
- Monoinsaturados: Uma dupla ligação.
- Poli-insaturados: Múltiplas duplas ligações (2).
Aplicações Clínicas e Valores de Referência
Uso em Exames Laboratoriais
A dosagem de AGNE é útil em diversas situações clínicas, incluindo:
- Monitoramento do estado nutricional em casos de má absorção, inanição ou nutrição parenteral prolongada (1).
- Acompanhamento e manejo do diabetes mellitus (1).
- Outras condições metabólicas onde o metabolismo lipídico esteja alterado.
Valores de Referência
Os valores de referência para AGNE podem variar:
- Adultos: 8-25 mg/dL ou 0,28-0,89 mmol/L (1,2).
- Crianças ou adultos obesos: < 31 mg/dL ou < 1,0 mmol/L (1).
Fatores que Influenciam os Níveis de AGNE
Valores Diminuídos
Níveis reduzidos de AGNE podem ser observados em:
- Fibrose cística (1).
- Deficiência de zinco, que pode levar a baixos níveis de ácido araquidônico e ácido linoleico (1).
- Má absorção de lipídios (1).
Valores Aumentados
Elevações nos níveis de AGNE podem ocorrer em diversas condições metabólicas e fisiológicas:
- Diabetes mellitus descontrolado (1,2).
- Condições de cetose (2).
- Hipertireoidismo (1).
- Alcoolismo (1).
- Infarto agudo do miocárdio (1).
- Jejum prolongado, exercício vigoroso, ansiedade e inanição também podem elevar os níveis de AGNE (1).
Limitações na Interpretação
É crucial considerar fatores que podem influenciar os níveis de AGNE, levando a resultados enganosos:
- Exercício vigoroso, ansiedade, hipotermia e jejum prolongado são conhecidos por elevar os níveis de AGNE (1).
- O jejum prolongado pode, inclusive, aumentar os níveis de AGNE em até três vezes (1), o que exige cautela na interpretação em pacientes que não estão em jejum metabólico basal.
Referências Bibliográficas
- Willimson MA, Snyder LM. Wallach – Interpretação de Exames Laboratoriais. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. 1225 p.
- Calixto-Lima L, Reis NT. Interpretação de Exames Laboratoriais Aplicados à Nutrição Clínica. 1. ed. Rio de Janeiro: Rubio; 2012. 490 p.