Mensuração da Pressão Arterial: Técnica e Considerações
Introdução
A aferição da pressão arterial (PA) é um procedimento essencial na prática clínica, fornecendo informações cruciais sobre a saúde cardiovascular do paciente. A precisão na técnica de mensuração é fundamental para garantir resultados confiáveis e um manejo adequado.
Definição e Componentes da Pressão Arterial
A pressão arterial reflete a força que o sangue exerce contra as paredes das artérias durante o ciclo cardíaco. Ela é dividida em duas medidas principais:
- Pressão Arterial Sistólica (PAS): Representa a pressão máxima e ocorre durante a sístole, fase em que o ventrículo esquerdo se contrai e impulsiona o sangue para a aorta (1).
- Pressão Arterial Diastólica (PAD): Corresponde à pressão mínima, registrada durante a diástole, período de relaxamento ventricular e enchimento cardíaco, quando o sangue flui para a periferia (1).
A diferença entre a pressão sistólica e diastólica é conhecida como pressão diferencial (1). Em adultos, a PAS varia tipicamente entre 110 e 140 mmHg, e a PAD, entre 60 e 80 mmHg, com valores ligeiramente menores em mulheres (1).
Valores de PA de repouso acima de 140/90 mmHg são classificados como hipertensão arterial (1). Para indivíduos com pressão na faixa de pré-hipertensão (geralmente PAS entre 120-139 mmHg e PAD entre 80-89 mmHg), a intervenção deve focar em mudanças no estilo de vida, como redução de peso, aumento da atividade física, cessação do tabagismo, diminuição da ingestão de sódio e álcool, e incremento no consumo de vegetais e laticínios (1).
Técnica de Mensuração Indireta da Pressão Arterial
A mensuração indireta da pressão arterial é realizada por ausculta, utilizando um estetoscópio e um esfigmomanômetro (com braçadeira e calibrador aneroide ou de mercúrio) (1).
Para garantir uma aferição precisa, siga os passos descritos abaixo (1):
- Posicionamento do Paciente: O indivíduo deve estar sentado, com o braço direito exposto e apoiado no nível do coração.
- Localização da Artéria Braquial: Identifique a artéria braquial na face interna do braço, aproximadamente 2,5 cm acima do cotovelo.
- Colocação da Braçadeira: Posicione a braçadeira firmemente ao redor do braço, alinhando as setas indicadoras com a artéria braquial. O tubo conector do esfigmomanômetro deve sair da braçadeira na direção do braço.
- Posicionamento do Estetoscópio: Coloque a campânula do estetoscópio sobre a artéria braquial, garantindo contato adequado com a pele.
- Insuflação da Braçadeira: Antes de insuflar, certifique-se de que a válvula de saída de ar do bulbo esteja completamente fechada (girando no sentido horário). Insuflar a braçadeira de forma rápida e uniforme até atingir 180-200 mmHg.
- Desinsuflação e Ausculta: Libere a pressão da braçadeira gradualmente, a uma taxa de aproximadamente 3-5 mmHg por segundo, abrindo lentamente a válvula de ar (girando no sentido anti-horário).
- Pressão Sistólica: Observe o valor no calibrador no momento em que o primeiro som (sons de Korotkoff) é audível. Esse som é gerado pela turbulência do fluxo sanguíneo quando a artéria, antes ocluída, começa a se abrir transitoriamente.
- Pressão Diastólica: Continue a desinsuflação. A pressão diastólica é registrada quando o som se torna abafado (quarta fase de Korotkoff) e, em seguida, quando o som desaparece completamente (quinta fase de Korotkoff). A quinta fase é o valor geralmente registrado como pressão diastólica.
- Re-aferição: Se a pressão arterial aferida ultrapassar 140/90 mmHg, aguarde 10 minutos e repita o procedimento para confirmação.
Referências Bibliográficas
- MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício – Nutrição, Energia e Desempenho Humano. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.