Alergia ao Trigo: Compreensão e Abordagens Diagnósticas
Introdução
A alergia ao trigo (AT) é uma condição clínica distinta, caracterizada por uma resposta imunológica específica às proteínas do trigo. É crucial diferenciá-la de outras condições relacionadas ao glúten, como a doença celíaca, pois as abordagens diagnósticas e terapêuticas são significativamente diferentes.
Fisiopatologia e Classificação da Alergia ao Trigo
A alergia ao trigo é uma resposta imunológica mediada principalmente por reações cruzadas de IgE (Imunoglobulina E) (2). Essas reações ocorrem com sequências repetidas de diversas frações proteicas do trigo, levando à ativação e liberação de mediadores químicos, como a histamina (2). A liberação desses mediadores é responsável pela manifestação dos vários sintomas clínicos associados à AT (2).
A classificação da alergia ao trigo pode ser realizada com base na via imunológica ativada e na forma de contato com o alérgeno (2).
É fundamental compreender que a alergia ao trigo não é sinônimo de doença celíaca (1). Embora ambas as condições envolvam o trigo, seus mecanismos imunológicos e diagnósticos são distintos (1). Por essa razão, o tratamento também difere (1). No entanto, devido à alta probabilidade de reatividade cruzada entre as proteínas do trigo e outras proteínas que formam o glúten (presentes em cevada, centeio e, em menor grau, aveia), a dieta para indivíduos com alergia ao trigo deve ser estritamente isenta de todos os alimentos que contêm glúten (1).
Abordagem Diagnóstica
O diagnóstico da alergia ao trigo é comumente realizado por meio de testes cutâneos e pela quantificação de IgE sérica específica (2). Contudo, é importante ressaltar que esses testes frequentemente apresentam baixa especificidade, o que pode levar a resultados imprecisos (2).
Além disso, a identificação de IgE pode, em muitas situações, resultar em falso-negativos (2). Devido a essa limitação, o teste de provocação oral (ou teste clínico), que envolve a reintrodução controlada de trigo e a observação cuidadosa dos sintomas, pode ser uma alternativa diagnóstica mais precisa e plausível em casos de resultados inconclusivos de exames laboratoriais (2). Este teste deve ser sempre realizado sob supervisão médica especializada devido ao risco de reações alérgicas.
Referências Bibliográficas
- SILVA, S. M. C. S.; MURA, J. D. P. Tratado de alimentação, nutrição & dietoterapia. 3. ed. São Paulo: Editora Pitaya, 2016. 1308 p.
- COZZOLINO, S. Biodisponibilidade de Nutrientes. 6. ed. São Paulo: Manole, 2020. 934 p.