Propriedades Farmacológicas e Aplicações Clínicas da Aloe vera


Propriedades Farmacológicas e Aplicações Clínicas da Aloe vera


Introdução

A Aloe vera, também conhecida como Aloe barbadensis, é uma planta amplamente estudada por suas diversas propriedades terapêuticas. Suas aplicações clínicas abrangem desde a promoção da cicatrização até o manejo da constipação intestinal, evidenciando seu potencial como agente fitoterápico.


Aspectos Botânicos e Fitoquímicos

Nome Científico e Popular

A planta é cientificamente denominada Aloe vera ou Aloe barbadensis, sendo popularmente conhecida como babosa ou aloé.

Partes Utilizadas

As principais partes da planta utilizadas para fins terapêuticos são o gel (parte interna da folha) e a resina (parte externa das folhas).

Compostos Bioativos

Os componentes bioativos variam conforme a parte da planta utilizada:

  • Gel ou Mucilagem: Contém taninos, polissacarídeos (como pectina, hemicelulose e glucomanana), e fitoesteróis (1).
  • Resina (parte externa das folhas): Rica em antraquinonas (aloé-emodina), antronas e glicosídeos (1).

Indicações Clínicas e Mecanismos de Ação

Cicatrização

O gel da Aloe vera é amplamente indicado para a cicatrização de diversas lesões cutâneas, incluindo queimaduras, psoríase, eczemas, dermatite seborreica, furúnculos, hemorroidas e fissuras anais (1).

Estudos têm demonstrado que o gel possui uma importante ação na regeneração celular, contribuindo para a recuperação de lesões e estresse muscular (2). A mucilagem da babosa, particularmente seus polissacarídeos, estimula a atividade de macrófagos e fibroblastos, que são células cruciais no processo de cicatrização (1). Os fibroblastos são responsáveis pela síntese de colágeno e proteoglicanos, componentes essenciais para a reparação tecidual (1). Adicionalmente, pesquisas indicam que a aplicação tópica e oral do gel pode acelerar o processo cicatricial, promovendo um aumento nos níveis de colágeno em modelos animais (1).

Constipação

A resina da Aloe vera é utilizada no tratamento da constipação intestinal (1). Estudos apontam que a Aloe vera exerce um efeito tônico sobre o trato intestinal, beneficiando a microbiota local (1).

O látex, derivado da resina, devido à presença de antraquinonas, especialmente a barbaloína, apresenta múltiplos efeitos farmacológicos:

  • Colerético: Induz a produção de bile, em doses de 20-60 mg (1).
  • Colagogo: Estimula a secreção de bile, também em doses de 20-60 mg (1).
  • Laxativo: Efeito observado em doses de até 100 mg (1).
  • Purgativo: Ação observada em doses a partir de 200 mg (1).

O efeito laxativo ocorre aproximadamente 8 horas após a ingestão, período necessário para que as antraquinonas sejam metabolizadas pela microbiota intestinal, gerando metabólitos que promovem o aumento do conteúdo hídrico intestinal e do peristaltismo (1).

Úlceras

Um estudo que avaliou o efeito da babosa em úlceras induzidas em animais evidenciou um efeito curativo e profilático contra o desenvolvimento de úlceras (1).


Posologia e Contraindicações

Posologia

Para uso tópico, recomenda-se o gel mucilaginoso em concentrações de 50-70% (1). A polpa pode ser removida da casca e aplicada diretamente sobre a pele, até três vezes ao dia (1). Pedaços da planta também são empregados como supositórios no tratamento de hemorroidas inflamadas (1).

Contraindicações

O uso da Aloe vera é contraindicado para gestantes, lactantes e crianças (1).

Toxicidade

A ingestão de 8 g de aloé pode induzir intoxicação aguda (1). Em crianças, a antraquinona presente na planta pode desencadear crises de nefrite aguda (1).


Referências Bibliográficas

  1. SAAD, G. A.; LÉDA, P. H. O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.
  2. HIRSCHBRUCH, M. D. Nutrição Esportiva – Uma Visão Prática. 3. ed. Barueri – SP: Manole, 2014. 496 p.

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