Uva Ursina (Arctostaphylos uva-ursi Spreng): Indicações, Compostos Bioativos e Segurança na Prescrição
Introdução
A Arctostaphylos uva-ursi Spreng, popularmente conhecida como uva ursina, é um fitoterápico amplamente utilizado, especialmente no tratamento de infecções do trato urinário. No entanto, sua prescrição exige rigorosos cuidados devido à presença de compostos bioativos que podem apresentar toxicidade em determinadas condições.
Indicações Principais
A principal indicação da uva ursina é a infecção urinária (ITU). Os efeitos terapêuticos estão relacionados à presença de hidroquinonas, expressas principalmente como arbutina, que conferem ao fitoterápico sua ação antimicrobiana (2).
Parte Utilizada e Compostos Bioativos
A folha da Arctostaphylos uva-ursi é a parte utilizada para fins medicinais (2). Ela contém diversos compostos bioativos, incluindo:
- Arbutina: Com seus derivados, como metilarbutina, hidroquinonas livres e metil-hidroquinona (2).
- Ácido gálico (2).
- Galoil-arbutina (2).
- Galotaninos (2).
- Flavonoides: Quercetina, isoquercetina e caempferol (2).
- Triterpenos pentacíclicos: Ácido ursólico, α e β-amirina e uvaol (2).
- Resina (2).
- Mucilagem (2).
Posologia e Formas de Administração
É fundamental ressaltar que a uva ursina é um fitoterápico de prescrição médica exclusiva, devido aos seus potenciais efeitos adversos (2). As formas de administração e posologias recomendadas são:
- Infusão: 2,5 g/dia, deixando em infusão por 15 minutos antes do consumo, até 3 vezes ao dia (2).
- Pó: 1 a 6 g/dia (2).
- Tintura a 20%: 5-30 mL/dia (2).
- Extrato fluido: 1-6 mL/dia (2).
- Extrato seco padronizado com 25% de arbutina: 750 a 1500 mg, o que corresponde a 400-840 mg de arbutina/dia (2).
Segurança e Contraindicações
Segurança
A venda da uva ursina deve ser feita sob prescrição médica (2). É crucial observar as seguintes recomendações de segurança:
- Não utilizar continuamente por mais de 1 semana (2).
- Não utilizar por mais de 5 semanas, mesmo de forma “esporádica” (2).
- Não usar em crianças menores de 2 anos (2).
A arbutina, um dos constituintes mais representativos da planta, é absorvida no intestino delgado e sofre conjugação hepática, formando hidroquinona livre (1). A hidroquinona livre pode causar complicações sérias, como convulsões, hepatotoxicidade e nefrotoxicidade (1).
Contraindicações
O uso da uva ursina é contraindicado nas seguintes situações:
- Gastrite e úlceras: Devido à presença de taninos que podem irritar a mucosa gástrica e agravar quadros preexistentes (2).
- Nefropatia crônica: A farmacodinâmica da uva ursina nessa condição não é totalmente conhecida, o que justifica a contraindicação (2).
- Crianças menores de 12 anos: Observou-se dano hepático em doses elevadas e contínuas nessa faixa etária (2).
- Gestação e amamentação: O uso é contraindicado devido à falta de segurança comprovada e ao risco potencial para o feto ou lactente (2).
Referências Bibliográficas
- DE ARRIBA, S. G.; NASER, B.; NOLTE, K.-U. Risk Assessment of Free Hydroquinone Derived from Arctostaphylos Uva-ursi folium Herbal Preparations. International Journal of Toxicology, v. 32, n. 6, p. 442–453, 2013. Disponível em: http://journals.sagepub.com/doi/10.1177/1091581813507721. Acesso em: [30 jun. 2025].
- SAAD, G. de A.; LÉDA, P. H. de O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.