Propriedades Terapêuticas da Astragalus membranaceus
Introdução
A Astragalus membranaceus, conhecida popularmente como astrágalo, é uma planta milenarmente utilizada na medicina tradicional. Sua complexa composição fitoquímica confere-lhe diversas propriedades, com destaque para seus efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios e seu potencial no manejo do diabetes.
Aspectos Botânicos e Fitoquímicos
Nome Científico e Nomenclatura Popular
A espécie em análise é a Astragalus membranaceus, incluindo a subespécie Astragalus membranaceus mongholicus. É comumente referida como Astrágalo (1).
Parte Utilizada
A raiz da planta é a parte empregada para fins medicinais (1).
Compostos Bioativos
A Astragalus membranaceus possui uma rica variedade de compostos bioativos, tais como:
- Saponinas triterpenoídicas: Incluindo os astragalosídeos I-IV (1).
- Flavonoides: Como kaempferol, quercetina, isorramnetina, ramnocitina e ononina (1).
- Lectinas (1).
- Polissacarídeos: Glucanos, arabinose e galactose (1).
- Cumarinas (1).
- Substâncias amargas (1).
- E outros compostos não especificados (1).
Indicações Clínicas e Mecanismos de Ação
Ação no Diabetes
O astrágalo apresenta um notável potencial terapêutico no manejo do diabetes mellitus (DM):
- Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1): A fração polissacarídica da planta parece oferecer proteção às células beta pancreáticas contra a morte autoimune. Isso ocorre pela modulação de substâncias inflamatórias e apoptóticas, o que regula a resposta imune (1).
- Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2): A planta atua por diversos mecanismos na sensibilização à insulina. Estes incluem a melhoria do transporte intracelular de glicose, a otimização da transdução do sinal da insulina e a proteção das células beta pancreáticas (1).
- Nefropatia Diabética: Os astragalosídeos I-VII demonstraram uma importante ação protetora na nefropatia diabética, resultando na redução da proteinúria e na melhoria da função renal (1).
Efeitos Antioxidante e Anti-inflamatório
A Astragalus membranaceus exibe potentes propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias:
- Proteção Celular: Os isoflavonoides da planta são capazes de proteger as células da toxicidade induzida pelo L-glutamato, tanto por sua capacidade antioxidante quanto pela inibição da produção de óxido nítrico (1).
- Modulação da Resposta Inflamatória: Outra ação significativa da planta é a inibição da ativação do NF-κB (Fator Nuclear Kappa B). Este fator está envolvido na regulação da transcrição de diversas citocinas e moléculas de adesão do processo inflamatório (1).
- Inibição de Mediadores Pró-inflamatórios: Os flavonoides presentes no astrágalo também demonstram atividade anti-inflamatória por meio da inibição de óxido nítrico (NO), da supressão de citocinas pró-inflamatórias (como IL-6, IL-1β e IL-12L), e da redução na expressão da enzima óxido nítrico sintase induzida (iNOS), COX-2 e TNF-α (1).
- Dermatite Alérgica: Sugere-se que os efeitos no sistema imune, particularmente sobre o NF-κB e a produção de citocinas, são os principais responsáveis pelos resultados observados no tratamento tópico da dermatite alérgica. Isso indica que a planta pode ser uma opção alternativa e/ou complementar para essa condição (1).
Posologia e Segurança
Posologia Recomendada
Para o extrato seco, contendo 0,4% de astragalosídeos, a dose recomendada é de 1 a 2 gramas por dia (1).
Toxicidade
Até o momento, o extrato de Astragalus membranaceus é considerado seguro quando consumido nas doses recomendadas (1).
Referências Bibliográficas
- SAAD, G. A. de; LÉDA, P. H. de O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.