Efeitos de Bebidas Energéticas na Saúde e no Desempenho Físico

Introdução

As bebidas energéticas (ED) e doses energéticas (ES) são bebidas funcionais prontas para beber, amplamente consumidas em todo o mundo. A sua popularidade é impulsionada pela promessa de melhorar a energia, o foco e o estado de alerta.

Composição e Ingredientes

EDs e ESs são formulações complexas que geralmente contêm uma mistura de ingredientes. Dentre eles, a cafeína, a taurina, o ginseng, o guaraná, a carnitina, a colina, vitaminas do complexo B (como B1, B2, B3, B5, B6, B9 e B12), vitamina C, vitamina A, vitamina D, eletrólitos (sódio, potássio, magnésio e cálcio), açúcares ou adoçantes não nutritivos, tirosina e L-teanina, são os mais comuns, com a prevalência de cada ingrediente variando entre 1,3% e 100%.

As sementes de guaraná (Paullinia cupana) contêm significativamente mais cafeína do que os grãos de café. Além da cafeína, as sementes de guaraná contêm outros alcaloides xantínicos, como a teobromina e a teofilina. Por ser um aditivo botânico, o guaraná é usado para aumentar o teor de cafeína e os efeitos estimulantes em bebidas energéticas. No entanto, por ser considerado um suplemento fitoterápico, a quantidade exata de cafeína proveniente do guaraná muitas vezes não é declarada nos rótulos desses produtos.

A taurina é um aminoácido sulfônico que participa do metabolismo energético, osmolalidade celular e hidratação. A sua presença tem sido associada a efeitos antiarrítmicos, controlando o transporte de cátions nas células cardíacas.

A carnitina, um derivado de aminoácidos, é essencial para a produção de energia, atuando como transportadora de ácidos graxos de cadeia longa para as mitocôndrias, onde são oxidados para gerar ATP. O corpo produz carnitina no fígado, rins e cérebro a partir dos aminoácidos lisina e metionina.

A gluconolactona é uma substância produzida no fígado durante o metabolismo da glicose.

A niacinamida (vitamina B3), quando presente em altas doses, pode ser hepatotóxica, causando elevação das enzimas hepáticas e, em casos raros, insuficiência hepática.

A cafeína é o principal componente psicoativo e um alcaloide metilxantínico que age como antagonista dos receptores de adenosina A1 e A2A no sistema nervoso central. Essa ação resulta na redução da sensação de fadiga e no aumento da percepção de energia e alerta. Em baixas concentrações, a cafeína aumenta a liberação de catecolaminas (epinefrina e norepinefrina). Em doses elevadas, a cafeína pode intensificar a captação de cálcio e, em doses muito altas, reduzir sua secreção pelo retículo sarcoplasmático, podendo levar a arritmias, taquicardia e fibrilação ventricular.

Efeitos Cardiovasculares

O consumo de EDs pode levar a um aumento significativo da pressão arterial sistólica e diastólica em repouso. A cafeína é o principal componente psicoativo e exerce efeitos cronotrópicos e inotrópicos positivos diretos no coração. Em baixas concentrações, isso ocorre pelo aumento da liberação de catecolaminas (epinefrina e norepinefrina). Em doses mais altas, a cafeína pode aumentar a captação de cálcio e, em doses muito altas, reduzir sua secreção pelo retículo sarcoplasmático, levando a arritmias, taquicardia e fibrilação ventricular. A combinação com guaraná, que também contém xantinas, potencializa esses efeitos.

Efeitos Neurológicos

O consumo de EDs pode causar superestimulação do sistema adrenérgico, levando a hiperglicemia, hipocalemia, leucocitose e acidose metabólica. A cafeína atua como antagonista dos receptores de adenosina A1 e A2A. Em altas doses, a cafeína pode causar inquietação, ansiedade, insônia, tremores e, em casos de toxicidade aguda, convulsões. O consumo crônico está associado a estresse, ansiedade e depressão.

Efeitos Gastrointestinais e Renais

O consumo de EDs pode causar hepatite aguda, pancreatite aguda e lesão renal aguda (LRA). A hepatotoxicidade pode ser atribuída à niacina (vitamina B3) em altas doses, que pode causar elevação das enzimas hepáticas e, em casos raros, insuficiência hepática. A cafeína também estimula a secreção gástrica, relaxa o esfíncter gastroesofágico e atua como um diurético fraco, aumentando a filtração glomerular. A taurina, presente no plexo mioentérico do trato gastrointestinal, pode influenciar a motilidade intestinal.

Desempenho Físico e Cognitivo

O consumo de EDs e ESs pode melhorar o desempenho físico, mas a eficácia está ligada à dose de cafeína presente. Doses acima de 200 mg ou 3 mg/kg de peso corporal são frequentemente associadas a melhorias no desempenho aeróbico e anaeróbico. A ingestão de EDs ou ESs contendo pelo menos 3 mg/kg de cafeína pode beneficiar a produção máxima de força na parte inferior do corpo. A ingestão de EDs ou ESs de 10 a 60 minutos antes do exercício pode aumentar o foco mental, o estado de alerta e o desempenho anaeróbico e de resistência. Em esportes coletivos, essas bebidas podem melhorar o desempenho de resistência, a capacidade de sprint repetido e a execução de tarefas específicas do esporte.

Recomendações e Considerações Finais

A decisão de consumir EDs ou ESs deve ser baseada no teor de carboidratos, cafeína e outros nutrientes da bebida, e em uma compreensão clara dos potenciais efeitos colaterais. O uso indiscriminado, especialmente quando se consome várias porções por dia ou em conjunto com outras bebidas cafeinadas, pode levar a efeitos adversos.

Adolescentes (12 a 18 anos) devem ter cautela e procurar orientação dos pais ao considerar o consumo de EDs e ESs, especialmente em quantidades excessivas (por exemplo, mais de 400 mg), pois há evidências limitadas sobre a segurança desses produtos nessa população. O consumo de EDs e ESs não é recomendado para crianças (2 a 12 anos), gestantes, mulheres que tentam engravidar, lactantes e pessoas com sensibilidade à cafeína. Indivíduos com condições de saúde pré-existentes, como doenças cardiovasculares, metabólicas, hepatorenals e/ou neurológicas, devem consultar um médico antes de consumir esses produtos.

Referências Bibliográficas

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