Catecolaminas: Síntese, Ações Metabólicas e Implicações na Obesidade


Catecolaminas: Síntese, Ações Metabólicas e Implicações na Obesidade


Introdução

As catecolaminas, que incluem epinefrina, norepinefrina e dopamina, são hormônios e neurotransmissores essenciais sintetizados a partir da tirosina. Elas desempenham papéis cruciais na regulação do metabolismo energético, na resposta ao estresse e em funções vitais como as cardíacas, vasculares e pulmonares.


Fisiologia e Ações Gerais das Catecolaminas

As catecolaminas são sintetizadas a partir da hidroxilação da tirosina, um aminoácido precursor de todas as catecolaminas e dos hormônios da tireoide (1, 2). As principais catecolaminas são a epinefrina, norepinefrina e dopamina (1, 2).

Essas substâncias complementam a ação da insulina e do glucagon no metabolismo dos combustíveis (2). São fundamentais na indução da resposta de sobrevivência ao trauma e estresse, ativando o mecanismo de “fuga ou luta” (2). A recaptação de neurotransmissores é um processo pelo qual parte do neurotransmissor liberado é reabsorvido pela célula nervosa pré-sináptica, controlando sua concentração na fenda sináptica (2).

Os receptores adrenérgicos, que se ligam à epinefrina e à norepinefrina, afetam não apenas o metabolismo energético, mas também as funções cardíaca, vascular e pulmonar, incluindo a pressão arterial (2).

Epinefrina

A epinefrina é secretada pela medula adrenal como um hormônio, afetando tanto funções parassimpáticas quanto simpáticas (2). É um importante neurotransmissor com função no metabolismo de combustíveis, responsável pela característica resposta de “fuga ou luta” (2).


Catecolaminas e Metabolismo Lipídico no Tecido Adiposo

Uma das principais ações das catecolaminas no tecido adiposo é a ativação da enzima lipase hormônio-sensível (LHS), que atua na mobilização dos triglicerídeos (1). As catecolaminas, epinefrina e norepinefrina, são duas das principais responsáveis pela regulação e ativação de enzimas como a lipase lipoproteica (LPL) e a LHS, que determinam, respectivamente, o acúmulo ou a oxidação de triglicerídeos (1).


Catecolaminas e Obesidade

Na obesidade, a regulação da lipólise é prejudicada, em grande parte, pela resistência às catecolaminas (1). Essa resistência parece ser causada pela diminuição da expressão e função dos adrenorreceptores β-1 e β-2 (que possuem ação lipolítica) e pelo aumento da função dos adrenorreceptores α-2 (que possuem ação lipogênica) (1).

É sugerido que as catecolaminas modulam o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e o hormônio liberador de corticotrofina (CRH), aumentando a função dos adrenorreceptores α-2, o que favorece a lipogênese (pela ativação da LPL) e a estimulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) (1).

Foi observado que pacientes obesos apresentam maior atividade da LPL, contribuindo para o acúmulo de gordura e dificultando a perda de peso (1). No entanto, quando ocorre a perda de peso, há um paradoxal aumento da atividade da LPL, o que indica uma desregulação metabólica (1). Diversos estudos mostram que a atividade da LPL está aumentada na obesidade, sendo essa atividade maior na região gluteofemoral em mulheres e na região abdominal em homens (1). Essa particularidade, em conjunto com outras alterações, sugere o fenótipo característico da obesidade em ambos os sexos: obesidade ginoide nas mulheres e obesidade abdominal nos homens (1).


Referências Bibliográficas

  1. SILVA, S. M. C. S.; MURA, J. D. P. Tratado de alimentação, nutrição & dietoterapia. 3. ed. São Paulo: Editora Pitaya, 2016. 1308 p.
  2. DOMINICZAK, M. Série Carne e Osso: Metabolismo. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 244 p.

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