MDMA (3,4-metilenodioximetanfetamina) – Ecstasy:


MDMA (Ecstasy): Farmacologia, Efeitos e Implicações Terapêuticas


Introdução

O MDMA (3,4-metilenodioximetanfetamina), comumente conhecido como ecstasy, é um análogo da anfetamina que induz potentes efeitos psicoestimulantes e psicomiméticos leves. Sua popularidade em ambientes recreativos se deve aos sentimentos de empatia, euforia e desinibição que provoca, além de intensificar as sensações e gerar um impulso de energia. O MDMA também apresenta efeitos alucinógenos leves.


Efeitos Farmacológicos

O MDMA atua primariamente inibindo os transportadores de monoaminas, com uma ação proeminente no transportador de 5-HT (serotonina). Ele também facilita a liberação de 5-HT, resultando em um aumento exponencial dos níveis de serotonina livre em certas regiões cerebrais, geralmente seguido por uma depleção (1).

Além disso, o MDMA provoca alterações na liberação de dopamina (DA) e noradrenalina (NE) (1). Simplificadamente, os efeitos psicomiméticos são atribuídos à ação da 5-HT, enquanto a euforia inicial e o posterior rebote se devem à DA e NE (1).

É importante notar que o MDMA não induz dependência psicológica e/ou física (1).


Uso Clínico

Atualmente, o MDMA está sendo investigado na Fase 3 de ensaios clínicos para o tratamento do estresse pós-traumático (TEPT), em associação com a psicoterapia (1).


Efeitos Adversos

O uso de MDMA está associado a diversos efeitos adversos, alguns dos quais podem ser graves:

  • Hipertermia aguda: Pode levar a danos musculares e consequente insuficiência renal (1). Esse efeito pode ser mediado centralmente pela liberação de 5-HT, DA e NE, e também pode refletir uma ação direta do MDMA nas mitocôndrias (1).
  • Hiper-hidratação e hiponatremia: Resultam do consumo excessivo de água (devido ao aumento da atividade física e ao calor) somado a uma secreção aumentada de hormônio antidiurético (1).
  • Insuficiência cardíaca: Pode ocorrer em indivíduos ainda não diagnosticados com condições cardíacas preexistentes (1).
  • Efeitos tardios: Podem persistir por alguns dias após o uso e incluem depressão, ansiedade, irritabilidade e agressividade (1).
  • Efeitos a longo prazo: Há evidências de efeitos deletérios na memória e na função cognitiva, principalmente em usuários crônicos e pesados (1). Estudos em animais indicaram que o MDMA pode causar degeneração dos neurônios 5-HT e DA, mas ainda não está claro se isso ocorre em seres humanos (1).

Referências Bibliográficas

  1. RITTER, J. M. et al. Rang & Dale Farmacologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020. 789 p.