Equisetum arvense (cavalinha): Uma Análise Fitoquímica e Farmacológica


Equisetum arvense (cavalinha): Uma Análise Fitoquímica e Farmacológica


Introdução

Equisetum arvense, popularmente conhecida como cavalinha, é uma planta reconhecida por suas propriedades diuréticas e, mais recentemente, por seu potencial impacto na função cognitiva.


Aspectos Botânicos e Fitoquímicos

Nomenclatura e Partes Utilizadas

A cavalinha é cientificamente denominada Equisetum arvense ou Equisetum hiemale, sendo popularmente conhecida como “erva-canudo”. As partes aéreas da planta são as mais utilizadas para fins terapêuticos.

Compostos Bioativos

A composição fitoquímica de Equisetum arvense é diversificada, compreendendo:

  • Ácido silícico (5)
  • Sais de potássio e cálcio (5)
  • Alcaloides, como nicotina, espermidina e equisetina (5)
  • Saponinas, incluindo equisetonina (5)
  • Glicosídeos fenólicos, como Equisetumosídeo A, B e C (5)
  • Taninos (5)
  • Ácidos fenólicos (5)
  • Vitaminas (5)
  • Óleos essenciais (5)

Ações Farmacológicas

Efeito Diurético

Estudos e revisões corroboram a atividade diurética de Equisetum arvense. Uma revisão demonstrou um aumento de 30% no volume urinário em comparação aos níveis basais (1). Adicionalmente, outra revisão indicou que o gênero Equisetum promove não apenas o aumento do volume urinário, mas também a excreção de sódio, suportando seus efeitos diuréticos e natriuréticos (2). Um ensaio clínico randomizado e duplo-cego em humanos evidenciou um efeito diurético da cavalinha comparável ao da hidroclorotiazida, sem induzir alterações significativas nos eletrólitos ou efeitos adversos (3, 5). Contudo, o mecanismo de ação exato ainda não foi completamente elucidado, sendo necessárias investigações adicionais (5).

Função Cognitiva

A administração crônica do extrato de cavalinha em modelos animais geriátricos resultou na melhora da função cognitiva. Este efeito é atribuído à sua potente atividade antioxidante, provavelmente mediada pela elevada concentração de flavonoides presentes na planta (5).


Conduta Clínica e Segurança

Indicações Terapêuticas

As principais indicações para o uso de Equisetum arvense incluem a diurese e o suporte à função cognitiva.

Apresentações e Posologia

No mercado, Equisetum arvense está disponível nas seguintes formas:

  • Droga vegetal para infusão ou encapsulamento.
  • Tintura vegetal.
  • Extrato seco padronizado com 2,0% a 2,5% de flavonoides.

As posologias recomendadas são:

  • Infusão: 2g por xícara, em infusão por 10 a 15 minutos, administrada três vezes ao dia (5).
  • : 0,5 a 1g ao dia, divididos em duas tomadas (5).
  • Tintura: 10 a 30 mL ao dia (5).
  • Extrato seco 5:1: 400 a 1000 mg ao dia, divididos em três tomadas (5).
  • Supositório (para hemorroidas): 0,2g da planta em excipiente qsp 5g (5).

Segurança e Efeitos Adversos

Não foram identificados efeitos adversos significativos com o uso da cavalinha nas doses recomendadas (3). No entanto, devido à presença de alcaloides, doses excessivamente elevadas podem ocasionar sintomas de intoxicação (5).

Interações Medicamentosas

Há uma potencial interação entre Equisetum arvense e fármacos antirretrovirais, que pode resultar em efeitos colaterais e redução da eficácia da medicação (4). Adicionalmente, em pacientes hipertensos sob terapia diurética, o uso concomitante de cavalinha pode intensificar a diurese, levando a um excesso de eliminação de fluidos (5).

Contraindicações

O uso de Equisetum arvense é contraindicado para:

  • Gestantes e lactantes (5).
  • Indivíduos com gastrite e úlceras gástricas ou duodenais (5).
  • Crianças com idade inferior a 12 anos (5).

Referências Bibliográficas

  1. SANDHU, N. S.; KAUR, S.; CHOPRA, D. Equisetum arvense: Pharmacology and phytochemistry – a review. Asian J Pharm Clin Res., v. 3, n. 3, p. 146–150, 2010.
  2. WRIGHT, C. I. et al. Herbal medicines as diuretics: A review of the scientific evidence. J Ethnopharmacol, v. 114, n. 1, p. 1–31, out. 2007. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0378874107003662.
  3. CARNEIRO, D. M. et al. Randomized, Double-Blind Clinical Trial to Assess the Acute Diuretic Effect of Equisetum arvense (Field Horsetail) in Healthy Volunteers. Evidence-Based Complement Altern Med, v. 2014, p. 1–8, 2014. Disponível em: [link suspeito removido].
  4. E, C. et al. Possible Drug-Herb Interaction between Herbal Supplement Containing Horsetail (Equisetum arvense) and Antiretroviral Drugs. J Int Assoc Provid AIDS Care, v. 16, n. 1, p. 11–13, 1 jan. 2017. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27903949/.
  5. SAAD, G. de A.; LÉDA, P. H. de O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.

Deixe um comentário0