Espondilite Anquilosante: Aspectos Clínicos e Fisiopatológicos


Espondilite Anquilosante: Aspectos Clínicos e Fisiopatológicos


Introdução

A espondilite anquilosante (EA) é uma doença reumática inflamatória crônica que impacta significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Esta condição, caracterizada por inflamação predominantemente no esqueleto axial, requer uma abordagem multifacetada para seu manejo.


Fisiopatologia

A espondilite anquilosante (EA) é classificada como uma doença reumática inflamatória crônica (1). É uma artrite crônica, progressiva e imunomediada, distinguida pela ausência de fator reumatoide e pela presença de inflamação no esqueleto axial, articulações periféricas, ênteses e sítios extra-articulares, como olhos e intestinos (2). A EA é talvez uma das manifestações mais reconhecidas da espondiloartrite (SpA), que engloba a espondiloartrite axial (axSpA), SpA periférica (incluindo artrite psoriática, artrite reativa e artropatia da doença inflamatória intestinal) e SpA indiferenciada (2).


Prevalência

A prevalência global da EA varia significativamente entre as regiões geográficas:

  • Europa: 23,8/10.000 pessoas (1)
  • Ásia: 16,7/10.000 pessoas (1)
  • América do Norte: 31,9/10.000 pessoas (1)
  • América Latina: 10,2/10.000 pessoas (1)
  • África: 7,4/10.000 pessoas (1)

Geralmente, o diagnóstico ocorre antes dos 45 anos de idade (2), sendo mais comum em homens do que em mulheres, com uma proporção de 2:1 (2).


Conduta Clínica

Recomendações Dietéticas e Suplementação

Atualmente, não há evidências suficientes que justifiquem restrições alimentares universais para pacientes com espondilite anquilosante. A maioria dos estudos que investigaram a relação entre dieta e espondilite anquilosante são relativamente pequenos e de natureza observacional (1).

Embora existam algumas menções na literatura, não há evidências robustas para recomendar a redução da ingestão de amido, a exclusão de laticínios, ou a inclusão de óleo de peixe ou probióticos como suplementação específica (1). No entanto, tem-se sugerido que o controle dietético pode influenciar o processo inflamatório da doença (1). Uma dieta com perfil anti-inflamatório é geralmente recomendada, mas sem restrições rigorosas não comprovadas.

A suplementação de Vitamina D deve ser considerada se houver deficiência (2). Estudos indicam a importância dos níveis adequados de vitamina D para a imunidade inata e adquirida, e que a deficiência dessa vitamina pode influenciar tanto a suscetibilidade quanto a gravidade da doença (2). Níveis elevados de vitamina D têm sido associados a um risco diminuído de EA e a uma redução na atividade da doença (2).

Microbiota Intestinal

Apesar do número limitado de estudos, a microbiota intestinal é considerada um alvo terapêutico em potencial para o tratamento da espondilite anquilosante (2).


Fatores de Risco Modificáveis

Impacto no Trabalho

A literatura documenta que pacientes com espondilite anquilosante que desempenham funções laborais com demandas físicas elevadas são mais suscetíveis a problemas. Isso é particularmente verdadeiro em trabalhos que exigem flexibilidade dinâmica, como atividades que envolvem repetidamente curvar-se, alongar-se ou girar (2).

Tabagismo

O hábito de fumar (e não apenas um histórico de tabagismo) parece ser um fator de risco associado à espondilite anquilosante e está correlacionado com o nível de atividade da doença (2). Indivíduos com predisposição para a EA devem ser fortemente desencorajados a fumar (2).


Referências Bibliográficas

  1. MACFARLANE, T. V. et al. Relationship between diet and ankylosing spondylitis: A systematic review. Eur J Rheumatol, v. 5, n. 1, p. 45–52, 2018.
  2. HWANG, M. C.; RIDLEY, L.; REVEILLE, J. D. Ankylosing spondylitis risk factors: a systematic literature review. Clin Rheumatol, v. 40, n. 8, p. 3079–3093, 2021. Disponível em: https://link.springer.com/10.1007/s10067-021-05679-7.

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