Esteatose Pancreática: Acúmulo de Gordura e Implicações para a Saúde


Esteatose Pancreática: Acúmulo de Gordura e Implicações para a Saúde


Introdução

A esteatose pancreática (EP) é caracterizada pelo acúmulo de gordura no pâncreas, abrangendo desde a infiltração gordurosa simples até quadros mais complexos que envolvem inflamação e fibrose da glândula. Esse fenômeno, que já foi considerado benigno, tem ganhado crescente atenção clínica devido à sua associação com diversas comorbidades.


Definição e Relevância Histórica

O termo esteatose pancreática (EP) descreve o acúmulo de gordura no pâncreas, englobando a infiltração gordurosa da glândula e, em alguns casos, o desenvolvimento de inflamação e fibrose (1). Já em 1980, um estudo de autópsias revelou que a presença de 25% de gordura no pâncreas estava associada a um risco elevado de aterosclerose generalizada e diabetes mellitus tipo 2 (DM2), sugerindo que a gordura pancreática não é inofensiva (2). A EP também está associada a um aumento significativo do risco de síndrome metabólica (2).


Prevalência

A prevalência da EP na população é estimada entre 16% e 35%, com variações dependendo da etnia e da idade dos indivíduos (2).


Diagnóstico

A esteatose pancreática é diagnosticada primariamente por meio de exames de imagem. Atualmente, a ressonância magnética (RM) com processamento pela técnica Dixon multieco é considerada o melhor método para quantificar a gordura pancreática (3).

Outros métodos incluem:

  • A ultrassonografia do abdômen é uma abordagem não invasiva para a avaliação semiquantitativa da gordura no pâncreas. No entanto, sua precisão é limitada, sobretudo devido à localização anatômica da glândula (3).
  • A tomografia computadorizada (TC) apresenta maior sensibilidade e especificidade. Contudo, é um método mais oneroso e envolve exposição à radiação ionizante (1,3).

Relevância Clínica

Especula-se que o acúmulo de gordura no pâncreas seja um fator de risco para diversas condições patológicas, incluindo:

  • Pancreatite crônica (1,3).
  • Neoplasias pancreáticas (1,3).
  • Diabetes mellitus tipo 2 (1,3).

Tratamento

As terapias comprovadamente eficazes para a esteatose pancreática incluem dietas hipocalóricas, exercícios físicos e cirurgias bariátricas (3,4).

Alguns fármacos, como exenatida, liraglutida ou dulaglutida, vêm sendo estudados para o tratamento da EP (3). No entanto, um tratamento por seis meses com essas substâncias não demonstrou uma redução significativa da esteatose pancreática em pessoas com DM2 (3).


Referências Bibliográficas

  1. Paul J, Shihaz AVH. Pancreatic steatosis: a new diagnosis and therapeutic challenge in gastroenterology. Arq Gastroenterol. 2020 Apr-Jun;57(2):216-220.
  2. Sing RG, et al. Ectopic fat accumulation in the pancreas and its clinical relevance: A systematic review, meta-analysis and meta-regression. Metabol Clin Exp. 2017;69:1-13.
  3. Smits MM, van Geenen EJ. The clinical significance of pancreatic steatosis. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2011 Mar;8(3):169-77.
  4. Taylor R, Al-Mrabeh A, Sattar N. Understanding the mechanisms of reversal of type 2 diabetes. Lancet Diabetes Endocrinol. 2019;7:726-736.