Exame de Fezes: Métodos Laboratoriais para Investigação Infecciosa e Avaliação Funcional


Exame de Fezes: Métodos Laboratoriais para Investigação Infecciosa e Avaliação Funcional


Introdução

A análise de amostras fecais desempenha um papel crucial na investigação de patologias do trato gastrointestinal, abrangendo desde a identificação de agentes infecciosos até a avaliação da funcionalidade digestiva. Esta revisão aborda as principais metodologias laboratoriais empregadas nessa investigação.


Investigação de Processos Infecciosos Fecais

A investigação de processos infecciosos em amostras fecais envolve, principalmente, o exame parasitológico de fezes (EPF), a detecção de antígenos específicos e a coprocultura (1). Para uma abordagem diagnóstica eficaz, é fundamental que a requisição do exame laboratorial explicite as hipóteses diagnósticas com base na anamnese e no exame físico do paciente, priorizando a investigação dos patógenos mais frequentes (1).

Exame Parasitológico de Fezes (EPF)

O EPF é um procedimento de rotina para a suspeita de infecções causadas por protistas e metazoários que podem ser encontrados nas fezes (1). É importante ressaltar que nenhum método isolado é capaz de evidenciar todos os agentes infecciosos presentes em uma amostra fecal (1).

Diversos protozoários intestinais patogênicos para o Homo sapiens podem ser detectados pelo EPF, incluindo Entamoeba histolytica, Giardia intestinalis e Balantidium coli. Além desses, outros agentes considerados não patogênicos, como Chilomastix mesnili, Endolimax nana, Entamoeba coli, Entamoeba dispar, Entamoeba hartmanni, Entamoeba polecki e Iodamoeba buetschlii, também podem ser identificados (1).

Os helmintos mais frequentemente encontrados no EPF incluem Ascaris lumbricoides, Ancylostoma duodenale, Necator americanus, Strongyloides stercoralis, Trichuris trichiura, Enterobius vermicularis, Taenia saginata, Taenia solium, Hymenolepis nana e Schistosoma mansoni (1).

Detecção de Antígenos nas Fezes

A detecção de antígenos específicos de Entamoeba histolytica e Giardia intestinalis em amostras fecais tem demonstrado resultados satisfatórios, oferecendo uma alternativa ou complemento ao EPF para o diagnóstico dessas infecções (1).

Coprocultura

A coprocultura consiste no exame bacteriológico do material fecal, sendo indicada para a investigação de processos infecciosos com envolvimento intestinal (1). Os microrganismos envolvidos nas diarreias infecciosas englobam diversas espécies de bactérias, vírus e protozoários, com um grande número de sorogrupos e biotipos (1). A tabela a seguir detalha alguns dos microrganismos frequentemente associados a diarreias, suas prováveis fontes de infecção e períodos de incubação (1):

MicrorganismosFontes de Infecção ProváveisPeríodo de Incubação
Aeromonas spp.ÁguaDesconhecido
Bacillus cereusCarnes, vegetais6-24 horas
Campylobacter jejuniÁgua, carnes, leite3-11 dias
Clostridium difficileTerapia antimicrobiana4-9 dias
Clostridium perfringensCarnes8-16 horas
Escherichia coli enterotoxigênicaAlimentos em geral, água4-24 horas
Escherichia coli enteroinvasivaAlimentos em geral8-24 horas
Escherichia coli entero-hemorrágicaCarnes, leite3-5 dias
Plesiomonas shigelloidesÁgua, pescados1-2 dias
Salmonella spp.Alimentos em geral8-72 horas
Shigella dysenteriaeÁgua3-5 dias
Outras ShigellaÁgua, alimentos em geral8-72 horas
Staphylococcus aureusCarnes, lacticínios1-6 horas
Vibrio choleraeÁgua, pescados1-5 dias
Vibrio parahaemolyticusPescados15-24 horas
Yersinia enterocoliticaÁgua, alimentos em geral16-48 horas

Coprologia Funcional

O exame coprológico funcional, também conhecido por termos como perfil coprológico, prova de digestibilidade ou digestibilidade de fezes, envolve o estudo das funções digestivas do trato gastrointestinal e das glândulas digestivas anexas (1). Este exame permite o diagnóstico de diversas síndromes coprológicas, incluindo (1):

  • Insuficiência gástrica, pancreática e biliar;
  • Hipersecreção biliar;
  • Desvios da microbiota (fermentação hidrocarbonada e putrefação);
  • Síndrome ileal e cecal;
  • Constipação;
  • Colites;
  • Outras alterações do trânsito intestinal.

Análise Física na Coprologia Funcional

A análise física na coprologia funcional compreende, entre outros parâmetros, a avaliação da quantidade das fezes.


Referências Bibliográficas

  1. CALIXTO-LIMA, L.; REIS, N. T. Interpretação de Exames Laboratoriais Aplicados à Nutrição Clínica. 1. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2012. 490 p.