Farmacologia Fundamental: Da Estrutura à Interação Fármaco-Nutriente


Farmacologia Fundamental: Da Estrutura à Interação Fármaco-Nutriente


Introdução

Fármacos são substâncias com estrutura química conhecida que, ao serem administradas a um organismo, modificam uma função biológica específica (1). Embora não sejam constituintes da dieta, alguns suplementos de minerais e vitaminas podem, em certas condições, ser considerados fármacos (1). Compreender suas propriedades e interações é crucial para a prática clínica segura e eficaz.


Características Gerais dos Fármacos

Fármacos podem ser classificados de acordo com sua solubilidade em meio lipídico (lipofílicos) ou aquoso (hidrofílicos) (1). Além disso, podem ser classificados como ácidos fracos ou bases fracas:

  • Fármacos com características de base fraca dissolvem-se melhor em ambientes ácidos (1).
  • Fármacos com características de ácidos fracos dissolvem-se melhor em meio básico (1).

A maioria dos fármacos possui características de base fraca (1).

Formas Farmacêuticas e Adjuvantes

Em medicamentos sólidos, como comprimidos e cápsulas, os adjuvantes são denominados excipientes (1). Já em xaropes e suspensões, esses adjuvantes recebem o nome de veículo (1).


Absorção e Metabolismo

Absorção

Fármacos com características de ácidos fracos são geralmente absorvidos no estômago, devido à reduzida ionização dessa molécula em meio ácido (1). Por outro lado, fármacos com características de bases fracas são melhor absorvidos no intestino, uma vez que o ambiente alcalino favorece a forma não ionizável da molécula (1).

Metabolismo

O fígado é o principal sítio para reações de biotransformação de fármacos. Esse processo visa produzir metabólitos solúveis em meio aquoso, facilitando a excreção dessas moléculas pela urina (1).

Meia-Vida (T1/2​)

A meia-vida (T1/2​) é o tempo necessário para que a concentração (geralmente plasmática) de um composto seja reduzida pela metade. É um parâmetro utilizado para indicar a velocidade de remoção ou depuração do fármaco ou nutriente pelo organismo (1).


Interação Fármaco-Nutriente

As interações entre fármacos e nutrientes podem ser classificadas em farmacêuticas, farmacocinéticas ou farmacodinâmicas (1).

Interações Farmacêuticas

Caracterizam-se pela formação de produtos não absorvíveis devido a incompatibilidade, insolubilidade ou instabilidade do medicamento ou alimento quando administrados em associação ou por sonda enteral (1). Um exemplo clássico é a ciprofloxacina, um antimicrobiano cuja biodisponibilidade é reduzida pela formação de quelatos com íons presentes em laticínios. Por isso, a administração desse fármaco deve ocorrer pelo menos 1 hora antes ou 4 horas após o consumo de laticínios (1).

Interações Farmacodinâmicas

Podem ser aditivas ou antagonistas:

  • Interação aditiva: Ocorre, por exemplo, com a administração de varfarina (um anticoagulante) concomitantemente ao consumo de vitamina E, aumentando o risco de hemorragias (1).
  • Interação antagonista: Pode ocorrer com o mesmo fármaco, a varfarina, em associação com a vitamina K, que possui efeito pró-coagulante e, portanto, antagônico ao da varfarina (1).

Interações Farmacocinéticas

Modificam características relacionadas à disposição de compostos ingeridos, ou seja, alteram a absorção, distribuição, metabolismo e/ou excreção do fármaco ou nutriente (1).


Medicação e Alimentação

A presença de alimentos no trato gastrointestinal pode estimular as secreções gástricas e intestinais, o que, em princípio, favorece a dissolução do medicamento (1). Além disso, alguns fármacos são irritantes para a mucosa do trato gastrointestinal, principalmente a do estômago. Nesses casos, a administração do medicamento com alimento ou com algum tipo de líquido pode reduzir seus efeitos colaterais (1).


Referências Bibliográficas

  1. COZZOLINO, S. Biodisponibilidade de Nutrientes. 6. ed. São Paulo: Manole, 2020. 934 p.

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