Fisiologia e Queda Capilar: O Eflúvio Telógeno e Suas Relações Metabólicas
Introdução
A haste capilar, um biofilamento produzido no bulbo, é uma estrutura dinâmica que reflete a saúde geral do organismo. Seu ciclo de vida, no entanto, pode ser interrompido por diversos fatores, levando a um aumento significativo da queda de cabelo, um quadro conhecido como eflúvio telógeno.
Características da Haste Capilar
A haste capilar é um biofilamento produzido no bulbo, uma região localizada na hipoderme ou na derme do couro cabeludo. É composta por diversas linhagens celulares, entre elas os queratinócitos, que apresentam uma alta taxa mitótica, com crescimento de cerca de 0,33 mm por dia (1).
A fibra do cabelo é composta por três camadas (1):
- Medula central.
- Córtex: Contém os microfilamentos de queratina e os fragmentos de melanina.
- Cutícula: Camadas de “escamas” hidrofóbicas sobrepostas que se movimentam micrometricamente para a regulação da entrada e saída de água e nutrientes do córtex.
Normalmente, 90% dos fios estão em fase de crescimento (anágena), enquanto cerca de 10% se encontram em fase de queda (telógena) (1). Tudo o que circula no organismo é capaz de influenciar essa taxa, podendo ter ação estimulatória ou inibitória sobre o ciclo capilar (1).
Queda de Cabelo: Eflúvio Telógeno
Diversos fatores podem romper o ciclo capilar normal e causar uma queda aumentada dos fios, de forma aguda ou subaguda (1). O aumento proporcional de fios em fase telógena causa uma queda elevada de cabelos, que costuma ser mais notada durante o banho ou ao acordar (no travesseiro) (1).
Esse quadro é conhecido como eflúvio telógeno (ET). É considerado agudo quando dura cerca de três meses ou crônico se persiste por mais de seis meses (1). Em geral, a queda de cabelo acomete o couro cabeludo difusamente, sendo mais acentuada na região das têmporas, ou “entradas”, nas duas laterais da cabeça (1). O couro cabeludo torna-se aparente e há perda de volume do corpo do cabelo na região posterior (1).
Diversos fatores podem desencadear um ET, como infecções febris (virais e bacterianas), dietas restritivas, estresse emocional, cirurgias com anestesia, cirurgia bariátrica, uso de medicamentos e doenças autoimunes, entre outros (1).
Obesidade, Emagrecimento e Queda Capilar
A própria obesidade pode contribuir para a alopecia, rarefação e afinamento dos fios, causando um envelhecimento desse tecido por meio de mecanismos relacionados aos sinais inflamatórios, que ainda não estão completamente esclarecidos (1).
No processo de emagrecimento, é muito comum que ocorra perda de cabelo aumentada nos meses seguintes à perda ponderal (1). Embora frequentemente relacionada à “falta de nutrientes”, essa queda é, na realidade, uma resposta adaptativa do organismo (1). Quando ocorre uma perda ponderal a partir de 5% — e especialmente acima de 10% do peso corporal total — um complexo sistema de redistribuição de energia é desencadeado entre os tecidos (1). O corpo redistribui automaticamente a prioridade de nutrientes e energia para os órgãos vitais, como cérebro, coração, pulmões, fígado, rins e medula óssea, entre outros (1).
De modo geral, essa queda tende a durar entre três e seis meses (1). Nesse sentido, o efeito sanfona (ciclos repetidos de perda e ganho de peso) é muito prejudicial, pois tenderá a gerar grande instabilidade capilar (1).