Farmacotécnica: Definições, Vias de Administração Oral e Prescrição de Cápsulas

Introdução

Para a otimização terapêutica, é crucial entender os componentes das formulações farmacêuticas e suas vias de administração. A farmacotécnica abrange definições essenciais, as principais formas farmacêuticas orais e o uso detalhado das cápsulas duras.

Definições Importantes em Farmacotécnica

Para o desenvolvimento e compreensão de formulações farmacêuticas, é fundamental conhecer os seguintes termos:

Princípio Ativo: É o agente responsável pelos efeitos farmacológicos e terapêuticos desejados.
Coadjuvante Terapêutico: Substância que auxilia o princípio ativo, seja por somação (efeito aditivo), potenciação (aumento do efeito do princípio ativo) ou sinergismo (criação de um efeito combinado maior que a soma dos efeitos individuais).
Coadjuvante Técnico: Componente adicionado para estabilizar, conservar, espessar o meio ou favorecer a dissolução final do produto.
Excipiente: Refere-se a substâncias sólidas, consideradas coadjuvantes, que compõem a formulação.
Veículo: São as substâncias líquidas que auxiliam na solubilização e veiculação do princípio ativo, também consideradas coadjuvantes.
QSP (Quantidade Suficiente para Preencher): Termo utilizado para indicar a quantidade de um excipiente, geralmente inerte (como a celulose microcristalina), necessária para preencher uma cápsula até o volume desejado.

Vias de Administração Oral

As principais formas farmacêuticas para administração oral incluem:

Comprimido: Forma sólida compactada.
Cápsula Dura: Comumente associada a maior biodisponibilidade.
Pó: Apresentado em sachês ou flaconetes.
Pastilha: Forma sólida para dissolução lenta na boca.
Xarope: Solução aquosa com alta concentração de açúcar ou adoçante para palatabilidade.
Líquido: Soluções ou suspensões orais.
Spray: Embora oral, não é amplamente recomendado para administração sistêmica de medicamentos.

Cápsula Dura: Indicações, Contraindicações e Prescrição

As cápsulas duras são uma forma farmacêutica amplamente utilizada devido às suas características específicas:

Indicações

Intolerância a sabor e cheiro: Mascaram sabores e odores desagradáveis de princípios ativos.
Ação sistêmica mais intensa: Especialmente quando se utilizam extratos padronizados, favorecendo uma biodisponibilidade mais controlada.

Contraindicações

Dificuldades de utilização: Pacientes com má digestão, dificuldades de deglutição (disfagia) ou intolerância gástrica podem ter problemas.
Número elevado de cápsulas: Pode comprometer a adesão ao tratamento.
Necessidade do princípio amargo para a função: Em casos raros onde a percepção do sabor amargo é parte do mecanismo terapêutico (ex: estimulação de secreções digestivas).

Modo de Prescrição

Ao prescrever uma cápsula dura, a seguinte estrutura é recomendada:

Nome do paciente:
Fitoterápico via Oral (ou “Medicamento via Oral” para outros princípios ativos)
Nome científico da planta: (se for fitoterápico) – (Parte utilizada – pó, extrato e se possui padronização) – Dose (mg)
QSP: Celulose microcristalina ou especificar restrições do paciente (ex: sem lactose, sem amido, sem corante).
Posologia: Tomar “X” doses (cápsula), “X” vezes ao dia, por “X” dias.

Observações Importantes

O número de cápsulas por dose pode variar dependendo da farmácia de manipulação e do tamanho da cápsula utilizada.
Existem cápsulas de clorofila (verdes) que oferecem proteção adicional contra a fotoxidação de princípios ativos. Cápsulas de betacaroteno também existem, mas são menos comuns.
Pacientes em uso de antiácidos ou inibidores de bomba de prótons (como omeprazol) podem ter dificuldade em digerir adequadamente as cápsulas. Isso ocorre porque as cápsulas são frequentemente envoltas por proteínas que requerem um ambiente ácido estomacal para sua dissolução. Nesses casos, a cápsula pode ser aberta e seu conteúdo administrado com uma colher, ou misturado em líquido ou alimento.