Fosfatidilserina (PS): Neuroquímico Essencial e Seus Potenciais Benefícios Cognitivos e para o Estresse


Fosfatidilserina (PS): Neuroquímico Essencial e Seus Potenciais Benefícios Cognitivos e para o Estresse


Introdução

A fosfatidilserina (PS) é um lipídio vital, abundantemente presente nas membranas celulares do cérebro, onde desempenha um papel crucial no funcionamento cognitivo. Originariamente extraída do cérebro bovino, a PS é hoje obtida predominantemente da soja, evitando preocupações sanitárias. Embora seja mais estudada por seus potenciais benefícios na cognição em adultos mais velhos, no estresse crônico e no desempenho físico, a pesquisa nessa área ainda está em desenvolvimento.


O Que É a Fosfatidilserina

A fosfatidilserina (PS) é o principal lipídio das membranas celulares dos mamíferos, compreendendo 15% do total de fosfolipídios no cérebro humano (1). Trata-se de um derivado de aminoácido solúvel em gordura, encontrado em grandes quantidades no cérebro, onde contribui para o funcionamento cognitivo (1). Originalmente, a PS era extraída do cérebro de gado, mas, a partir da década de 1990, passou a ser extraída da soja devido a questões de segurança relacionadas à doença da vaca louca (1).


Suplementação

A dosagem padrão de fosfatidilserina (PS) para suplementação é de 300 mg por dia, geralmente dividida em três doses de 100 mg cada (1). Essa dosagem parece ser eficaz como preventivo contra o declínio cognitivo. No entanto, mesmo 100 mg por dia já podem proporcionar algum grau de benefício, embora possa ser menos eficaz que 300 mg (1).

Estudos em crianças e adolescentes com o propósito de melhorar a atenção tendem a usar 200 mg (1). Em adultos não idosos, doses de 200-400 mg têm sido utilizadas com sucesso (1).


Benefícios e Evidências Clínicas

No geral, os resultados de ensaios clínicos randomizados de fosfatidilserina (PS) foram inconsistentes (1).

  • Cognição em adultos com mais de 50 anos: Ensaios que examinaram PS para cognição nessa população demonstraram benefícios consistentes em dosagens de 100–300 mg por dia, durante 2–6 meses (1). Contudo, mais pesquisas são necessárias para clarificar esses benefícios (1).
  • Redução do estresse percebido: Outro possível benefício é a redução dos níveis de estresse percebidos em pessoas com alto estresse crônico (1). No entanto, os estudos de PS para estresse têm sérias limitações e apresentaram resultados mistos (1).
  • Desempenho em atividade física: A PS também tem sido estudada no contexto da atividade física, embora os estudos tenham mostrado resultados ainda menos consistentes nessa área (1).

Mecanismos de Ação

A fosfatidilserina (PS) afeta o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (eixo HPA) (1). O eixo HPA é uma via de sinalização hormonal que opera sob um ciclo de feedback (1). O estresse percebido estimula o hipotálamo a liberar o fator liberador de corticotropina (CRF), que, por sua vez, estimula a glândula pituitária a liberar o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) (1). O ACTH promove a liberação de cortisol nas glândulas suprarrenais (localizadas nos rins) (1). Níveis mais elevados de cortisol diminuem a produção de CRF e, assim, encerram o ciclo de feedback (1). Nesse sentido, a fosfatidilserina pode reduzir os níveis de ACTH e, consequentemente, do cortisol (1).

Foi observado que o suplemento é capaz de atravessar a barreira hematoencefálica, onde influencia na comunicação entre os neurônios e afeta os processos de memória, aprendizagem e linguagem (1).


Efeitos Adversos e Contraindicações

Muitos estudos que examinam a fosfatidilserina (PS) não relatam sobre eventos adversos (1). No entanto, nos ensaios que o fazem, não parece haver um risco significativamente aumentado de eventos adversos em comparação com o grupo de controle (1).


Fosfatidilserina e Ômega-3

A PS é, às vezes, estudada em conjunto com os ácidos graxos ômega-3, especificamente o ácido docosahexaenoico (DHA) e o ácido eicosapentaenoico (EPA) (1). Isso ocorre porque a PS está ligada às moléculas de DHA no cérebro, sugerindo uma possível sinergia ou interdependência funcional (1).


Referências Bibliográficas

  1. Ritter JM, Flower R, Henderson G, Loke YK, MacEwan D, Rang HP. Rang & Dale Farmacologia. 9. ed. Guanabara Koogan; 2020. 789 p.