Glycyrrhiza glabra L.: Implicações Clínicas e Terapêuticas


Glycyrrhiza glabra L.: Implicações Clínicas e Terapêuticas


Introdução

A Glycyrrhiza glabra L., popularmente conhecida como alcaçuz, é uma planta com amplo uso terapêutico, sendo valorizada por suas propriedades que abrangem desde o tratamento de afecções respiratórias até o manejo de distúrbios gastrointestinais e reumáticos, bem como o potencial de modulação da função cognitiva.


Aspectos Botânicos e Farmacognósticos

Nome Científico

Glycyrrhiza glabra L.

Nomes Populares

Alcaçuz, pau-doce, raiz doce, madeira-doce (1).

Parte Utilizada

Raiz (1).


Compostos Bioativos

Os principais compostos bioativos encontrados na Glycyrrhiza glabra L. são:

  • Saponinas: A glicirrizina é a saponina predominante (1).
  • Isoflavonoides (1).
  • Flavonoides (1).
  • Chalconas (1).

Posologia e Recomendações

Formas Farmacêuticas e Dosagens

  • : 5-15 g/dia (1).
  • Decocto: 2-4 g em uma xícara de água, três vezes ao dia, após as refeições (1).
  • Extrato Fluido (1:1): 2-4 mL, três vezes ao dia (1).
  • Extrato Seco Padronizado (4% de glicirrizina): 400 mg, 2-3 vezes ao dia (1).

Observação Importante

Não é recomendado o uso contínuo por mais de seis semanas sem a devida avaliação médica (1).


Indicações Clínicas

Afecções Respiratórias: Gripes, Resfriados, Asma, Bronquite e Alergias Respiratórias

As saponinas presentes no alcaçuz demonstram efeito antitussígeno, o qual é atribuído à inibição central do reflexo da tosse no bulbo. O ácido glicirretínico, uma saponina, exibe a maior atividade antitussígena, conforme evidenciado em modelos animais submetidos a estímulo elétrico da traqueia (1). Além disso, essas saponinas atuam como expectorantes, promovendo a fluidificação das secreções respiratórias e a redução do edema inflamatório (1).

Parte da eficácia no tratamento de bronquites e alergias respiratórias é atribuída à inibição seletiva da enzima 5-lipo-oxigenase pelo alcaçuz, o que resulta em uma redução significativa da síntese de leucotrienos (1).

Distúrbios Gastrointestinais: Úlcera Péptica e Gastrite

A Glycyrrhiza glabra L. pode ser utilizada para auxiliar no reforço da barreira mucosa do estômago (1). Investigações farmacológicas indicaram que os flavonoides são capazes de inibir a liberação de gastrina, promovendo, assim, a cicatrização da mucosa gástrica (1). Adicionalmente, extratos de G. glabra aumentam a produção de muco pela mucosa gástrica, reduzem a quantidade de pepsinogênio e inibem a formação de úlceras gástricas induzidas por aspirina (1).

Doenças Reumáticas

Na Rússia, o alcaçuz tem sido empregado em associação com corticosteroides no tratamento de doenças reumáticas, potencializando a ação terapêutica e mitigando os efeitos colaterais dos corticosteroides (1).

Modulação Cognitiva: Memória

Estudos sugerem que substâncias isoladas do alcaçuz, como a glabridina, são candidatas promissoras para a melhoria da memória (1). Em investigações in vitro e in vivo, o alcaçuz demonstrou efeito neuroprotetor por meio da inibição do estresse oxidativo induzido por dano neuronal (1).


Contraindicações e Efeitos Adversos

Hipersensibilidade

Indivíduos com hipersensibilidade aos componentes do alcaçuz devem evitar seu uso (1).

Diabéticos

O alcaçuz aumenta a meia-vida dos corticosteroides, o que pode resultar em uma ação anti-insulínica (1).

Hipertensos

O uso prolongado do alcaçuz pode provocar um aumento da pressão arterial (PA) (1).

Hipopotassemia

O alcaçuz aumenta a perda renal de potássio (1).

Cirrose Hepática e Hepatite Colestática

A glicirrizina, um dos componentes ativos, é excretada por via biliar, o que pode agravar estas condições (1).

Insuficiência Renal

Devido à interferência no metabolismo do potássio e ao potencial de aumento da pressão arterial, o uso em pacientes com insuficiência renal é contraindicado (1).

Gestantes e Lactantes

O uso de alcaçuz é contraindicado durante a gestação e a lactação (1).

Toxicidade

Dosagens superiores a 1 g de glicirrizina/dia podem gerar toxicidade (1).


Referências Bibliográficas

  1. SAAD, G. de A.; LÉDA, P. H. de O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.

Deixe um comentário0