Grelina: Um Peptídeo Multifuncional com Influência Metabólica e Endócrina
Introdução
A grelina é um hormônio peptídico primariamente sintetizado nas células Gr do trato gastrointestinal, embora também seja produzida em menores quantidades no sistema nervoso central, rins, placenta e coração (1). Reconhecida como um potente estimulador da liberação do Hormônio do Crescimento (GH) pelas células somatotróficas da hipófise e do hipotálamo, a grelina atua como o ligante endógeno para o receptor secretagogo de GH (GHS-R) (1).
Funções Biológicas da Grelina
Além de sua conhecida função no estímulo ao GH, a grelina exerce uma gama diversificada de ações fisiológicas, que incluem:
- Estímulo à secreção lactotrófica e corticotrófica: Influencia a liberação de prolactina e hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) (1).
- Atividade orexígena: Desempenha um papel crucial no controle do apetite e do gasto energético, promovendo a ingestão alimentar (1).
- Regulação gastrintestinal: Controla a secreção ácida e a motilidade gástrica (1).
- Influência no metabolismo da glicose e função endócrina pancreática: Afeta diretamente a homeostase glicêmica (1).
- Ações cardiovasculares: Estudos indicam que a administração de grelina pode aumentar o débito cardíaco sem alterar a frequência cardíaca (1).
- Efeitos antiproliferativos: Demonstra atividade inibitória em células neoplásicas (1).
A grelina existe em duas formas principais: a grelina acilada (ativa), que exerce o maior papel biológico, e a grelina não-acilada (inativa), que circula em maiores concentrações no organismo (1). Apesar de inativa no que tange ao GH, a forma não-acilada ainda desempenha funções importantes, como efeitos cardioprotetores e ações antiproliferativas, devido à sua ligação a diferentes subtipos de receptores GHS (1).
Pesquisas em modelos animais sugerem que a grelina, independentemente do GH, pode reduzir a oxidação de gorduras, aumentar a ingestão alimentar e, consequentemente, promover a adiposidade (1).
Regulação dos Níveis de Grelina
As concentrações de grelina são dinamicamente influenciadas pelo estado nutricional e pela ingestão alimentar:
- Elevação: Observada na anorexia e durante o jejum prolongado ou estados de hipoglicemia (1).
- Redução: Ocorre após uma refeição ou após a administração intravenosa de glicose (1).
É importante notar que a modulação dos níveis de grelina não é determinada pelo volume da refeição, mas sim pelo tipo de nutriente (1). Refeições ricas em carboidratos, que resultam em aumento da insulina plasmática, tendem a reduzir os níveis de grelina. Em contrapartida, refeições ricas em proteínas animais e gorduras, que provocam elevações menores de insulina, tendem a elevar as concentrações de grelina (1).
Referências Bibliográficas
- ROMERO, C. E. M.; ZANESCO, A. O papel dos hormônios leptina e grelina na gênese da obesidade. Rev Nutr., v. 19, n. 1, p. 85–91, 2006.